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Neste informe: 
1. Opinião e experiência em vez de ciência 
2. O futuro do jornalismo científico   
3. Abertura e reflexão dentro da divulgação científica 
4. Engajamento público do hands-on para o hands-online  
5. Divulgação científica nos institutos federais (e muito mais!) 
6. O corpo e a saúde nos meios de comunicação 
7. E-book discute jornalismo, saúde e meio ambiente  
8. Covid-19: a ciência já previa e a divulgação científica já alertava  
9. Nova turma da especialização em divulgação e popularização da ciência  
10. Abertas inscrições para especialização em informação científica em saúde 
11. Chamada de propostas para conferência Science & You 

 

1. Opinião e experiência em vez de ciência – A pandemia de Covid-19 pegou o mundo de surpresa. Diante de um vírus desconhecido, governantes enfrentam o desafio de agir com base nas melhores evidências disponíveis, produzidas ao mesmo tempo em que a doença se espalha. Quer dizer, a maioria dos governantes. Já o presidente brasileiro Jair Bolsonaro prefere agir com base em suas opiniões e em relatos de experiências – de especialistas ou não – que combinem com elas. Tal comportamento é dissecado no artigo “COVID-19 and (hydroxy)chloroquine: a dispute over scientific truth during Bolsonaro’s weekly Facebook live streams”. Ao analisar cinco lives do presidente no Facebook sobre a (hidroxi)cloroquina, realizadas entre março e maio deste ano, os autores identificaram três estratégias comumente usadas por Bolsonaro para convencer seu público sobre o poder da substância de salvar vidas, preservar empregos e restaurar a economia. A primeira foi questionar o método científico, que seria lento demais para solucionar a crise; a segunda, a supervalorização das experiências pessoais; e, por fim, a ênfase na liberdade de escolha dos indivíduos. O artigo foi publicado na segunda edição especial do periódico Journal of Science Communication (JCOM) dedicada a estudos sobre a Covid-19. A edição conta com mais uma contribuição brasileira – “COVID-19 in Brazil: an analysis about the consumption of information on social networks” –, além de outros sete artigos vindos de diferentes partes do mundo e duas reflexões oriundas da prática. Leia a íntegra dos textos gratuitamente em: <https://jcom.sissa.it>. 

 

2. O futuro do jornalismo científico – Não há dúvidas de que a Covid-19 foi a grande protagonista de 2020, mas, com ela, quem também ganhou os holofotes foi o jornalismo especializado na cobertura de ciência. Uma editoria que costuma lutar para manter um espaço tímido nos jornais brasileiros – e das primeiras a ser comprimida em momentos de crise –, ganhou espaço e visibilidade. Mas não sem dificuldades e tropeços. Ao fazer um balanço sobre o ano agitado do jornalismo científico no Brasil, a colega Luiza Caires aponta no texto “Qual jornalismo científico seremos chamados a fazer em 2021?” algumas demandas para o futuro próximo do campo. Para Caires, num contexto de tantas incertezas, de politicagem e de irresponsabilidade governamental, o jornalista que cobre ciência deverá ser mais proativo, no sentido de depender menos de agências de notícias e press releases e fazer um trabalho mais investigativo. Ter uma visão mais multidisciplinar também será, segundo a jornalista, fundamental para cobrir ciência de forma contextualizada, levando em conta a realidade social brasileira. Caires também defende que o jornalismo científico deve deixar de vez a enganosa neutralidade do “ouvir vários lados”: “Não vejo incompatibilidade com a profissão ou demérito no fato de o jornalismo científico se assumir aliado aos valores da boa ciência”. Resta saber se com a crise econômica que vem pela frente o jornalismo científico será poupado e, de fato, valorizado. A ver. O texto na íntegra está disponível em: <https://bit.ly/3pUG69R>. 

 

3. Abertura e reflexão dentro da divulgação científica – Devido à pressão do tempo nas redações, é comum que jornalistas científicos se restrinjam a um número reduzido de fontes – aquelas em quem eles já sabem que podem confiar, pois são reconhecidas na área e respondem com rapidez. Na correria diária, poucos são os jornalistas que conseguem parar para refletir sobre o quão abertos eles estão para agregar novas ideias e perspectivas às suas matérias de ciência. Afinal, pelo menos em teoria, consultar diferentes pontos de vista permitiria uma troca de ideias mais rica nos textos. Mas estariam os repórteres – e demais divulgadores científicos – preparados para sair de suas zonas de conforto e do seu já formado círculo de confiança? E em que situações seria indicado tomar essa iniciativa?  As respostas não são simples, sobretudo num contexto de pós-verdade e negacionismo científico. O relatório Report on the Barriers and Opportunities for Opening Up Sensemaking Practices, financiado pela Comissão Europeia e divulgado em dezembro, debruça-se sobre essas e outras questões, sistematizando pesquisas já realizadas sobre essa temática. Analisa, ainda, o quão abertos e reflexivos são os cidadãos europeus quando interpretam informações sobre ciência, especificamente sobre o novo coronavírus. O trabalho faz parte do projeto RETHINKscicomm, que busca refletir sobre a teoria e a prática da divulgação científica. Confira o relatório completo em: <https://bit.ly/3oj0UYe>. Leia texto a respeito, publicado no blog da University of the West of England in Bristol (Reino Unido), em: <https://bit.ly/3nnkYI0>.  


4. Engajamento público do hands-on para o hands-online – Com o surto de Covid-19, centros e museus de ciência ao redor do mundo rapidamente procuraram se adaptar às novas condições. Ao fecharem suas portas aos seus visitantes, em função de protocolos sanitários, a maioria dessas instituições investiu na presença online. Mas a transição para o ambiente virtual, pouco compreendido pela maioria dos profissionais dos museus, vem se mostrando desafiadora e levanta várias questões. Interessados em entender o engajamento público e suas mudanças no “novo” ambiente, pesquisadores de centros de ciência da Europa, dos Estados Unidos e de Israel lançaram a pesquisa HandsOnLine. O artigo “Engaging audiences: from hands-on to hands-online”, publicado recentemente na revista Spokes, traz reflexões a partir de variadas experiências da fase piloto do estudo. Discute o engajamento – geralmente descrito em função de suas manifestações cognitiva, afetiva e comportamental – com diferentes perspectivas teóricas, consideradas úteis para o desenvolvimento de atividades virtuais. A análise de 61 questionários de profissionais de quatro museus, coletados em maio de 2020, mostra como a produção de conteúdo virtual demandou adaptações. A falta de interação face a face e a dificuldade de acesso a certos materiais e equipamentos resultaram na redução de conteúdo e das interações do público, entre si e com os responsáveis pelas atividades. Mas, apesar dos desafios, os autores destacam que a transição para o ambiente online possibilitou a redescoberta das exposições e a descoberta de novas formas de interação. Acesse o artigo em inglês em: <https://bit.ly/399yCZU>. 

  

5. Divulgação científica nos institutos federais (e muito mais!) – Guias de divulgação científica têm se proliferado nos últimos tempos – o que é ótimo, pois nunca é demais. Mas chama atenção o que acaba de ser produzido pelo Instituto Federal Goiano, tanto pela diversidade de materiais que reúne quanto por vir da Região Centro-Oeste e se destinar aos Institutos Federais de Educação, ambos pouco representados no universo da divulgação científica nacional. Guia Prático de Comunicação da Ciência nos Institutos Federais: uma revista conversada, disponível em formato digital, é resultado de um trabalho minucioso de Tássia Galvão, jornalista do IF Goiano, e orientado por Matias Noll, professor do instituto, sendo parte do projeto de Galvão no Programa de Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (ProfEPT). Com base em ampla pesquisa bibliográfica e busca extensa por bons exemplos de jornalismo e divulgação da ciência, além de um estudo empírico e de cursos realizados na área, o guia se propõe a indicar caminhos para o desenvolvimento da divulgação científica e do jornalismo científico no IF Goiano e em outros Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia brasileiros. Mas vai bem além disso, apresentando resultados de pesquisa, indicando links para iniciativas diversas no campo, nacionais e internacionais, listando literatura e periódicos da área, oferecendo o passo a passo para a realização de podcasts e trazendo reflexões importantes para quem já aderiu ou pretende aderir à divulgação científica, em institutos federais e fora deles. Com mais este guia, está cada vez mais difícil não aderir! A publicação pode ser acessada em: <https://bit.ly/396saTF>.  

  

6. O corpo e a saúde nos meios de comunicação – Temas de saúde e bem-estar sempre ganharam destaque em diferentes produtos midiáticos. Com a pandemia de Covid-19, um aspecto dentro dessa temática – o conceito de fatores de risco – ganhou uma nova reconfiguração. No livro Representações Midiáticas da Saúde, recém-lançado pela Editora Fiocruz, dentro da coleção “Temas em Saúde”, os autores Igor Sacramento e Wilson Borges analisam esse e outros tópicos, como as noções de corpo em forma, cirurgia bariátrica, a cultura do fitness e a dismorfia corporal (marcada pela insatisfação obsessiva de uma pessoa com seu próprio corpo). Em cinco capítulos, distribuídos por 180 páginas, o volume atravessa diferentes momentos nas análises de representação. No início, os autores propõem um “passeio teórico” sobre a noção de representação. Em seguida, investigam as construções discursivas de identidades e diferenças nas representações midiáticas sobre saúde e doença. Nos capítulos três, quatro e cinco são apresentadas análises mais específicas em torno das relações entre os discursos de promoção da saúde e as práticas de controle sobre as formas corporais. Entre os meios de comunicação ou programas analisados, estão o jornal O Globo, “Encontro com Fátima Bernardes”, “Programa da Eliana” e entrevistas comandadas por Jô Soares, além de “EuVejo”, canal do YouTube que fala de problemas da relação com o corpo. A obra custa R$ 15 e pode ser adquirida no site da editora Fiocruz, em: <https://bit.ly/2LiHe8q>.  

 

7. E-book discute jornalismo, saúde e meio ambiente – Recentes crises ambientais e sanitárias, como o agravamento do desmatamento na Amazônia em 2020 e a pandemia de Covid-19, enfatizam a importância da comunicação e do debate público sobre ciência, tecnologia, saúde e meio ambiente. Associadas ao negacionismo da ciência, ao silêncio sobre controvérsias científicas e ambientais e à desinformação, entre outros desafios, também reforçam a relevância de reflexões e discussões sobre as práticas sociais da comunicação relacionadas à C&T, à saúde e ao meio ambiente. Neste campo de estudo, o e-book Meio ambiente, saúde e divulgação científica: questões comunicacionais traz contribuições importantes do grupo de pesquisa Comunicação, Divulgação Científica, Saúde e Meio Ambiente da Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação). A publicação, a primeira do grupo, contém onze trabalhos distribuídos nos eixos temáticos “Jornalismo, meio ambiente e sociedade”, “Comunicação e saúde: Jornalismo, subjetividade e cuidado” e “Comunicação pública da ciência”. Os trabalhos articulam diferentes áreas de conhecimento e perspectivas teórico-metodológicas, chamando atenção para a interdisciplinaridade e desenvolvimento do campo. A diversidade dos autores – profissionais e estudantes de pós-graduação – em relação à procedência regional e institucional, além da variedade dos tópicos tratados, diferencia e enriquece a iniciativa, além de colaborar com o debate no campo. Acesse o e-book em: <https://bit.ly/3nmQd5I>. 

 

8. Covid-19: a ciência já previa e a divulgação científica já alertava – Em 2012, o escritor e divulgador da ciência norte-americano David Quammen publicou o livro Contágio, que alertava com grande verossimilhança para a possibilidade de uma pandemia causada por um vírus, vindo de um animal selvagem. Entrevistado no dia 4 de janeiro, pelo programa Roda Viva (TV Cultura), ele explica a previsão: “Não porque eu sou um profeta, mas porque eu ouvi cientistas que estudam esta área e que previram isso com grande acurácia”. Segundo ele, a surpresa não foi a pandemia, mas sim a falta de preparo para enfrentá-la. Especialmente perguntado sobre a culpa dos governantes do Brasil e dos Estados Unidos, o escritor opina ser enorme. “Eles não deram a devida atenção para a gravidade desta doença, quantas pessoas ela está infectando, estão ficando doentes ou morrendo”. Sobre a causa, Quammen aborda a relação do homem com a destruição do meio ambiente, explicando que quando invadimos ou trazemos um animal selvagem para perto da gente estamos trazendo também novos vírus: “Nós vivemos num mundo de vírus, esta é a natureza do mundo em que vivemos”. A entrevista completa, com direito a mensagem de esperança no fim, está disponível na íntegra no Youtube em: <https://bit.ly/3hKhnlU>.   

 

9. Nova turma da especialização em divulgação e popularização da ciência – A relevância da ciência e da divulgação científica não é pouca, convenhamos, mas talvez tenha ficado ainda mais clara para muitos com a pandemia da Covid-19 e todas as suas implicações. Mas apesar desta importância ainda são poucos os cursos de formação específicos em divulgação científica no país. Um deles é a Especialização em Divulgação e Popularização da Ciência, oferecida pelo Museu da Vida, da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz, em parceria com o Museu de Astronomia e Ciências Afins, a Fundação CECIERJ, a Casa da Ciência/UFRJ e o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A especialização recebe inscrições até 24 de fevereiro. Há 20 vagas, com quatro reservadas para cotas, e podem se candidatar graduados e graduadas em todas as áreas. O curso é presencial, mas poderá ser oferecido, excepcionalmente, de forma online com a utilização de meios tecnológicos disponíveis em virtude das incertezas da pandemia. O processo seletivo conta com a análise de carta de intenções, pré-projeto e currículo e, na segunda fase, de uma entrevista. As duas etapas serão realizadas, também excepcionalmente, em formato online. O edital será publicado ainda esta semana no sistema Siga da Fiocruz (<https://bit.ly/3hUWiW8>). Mais informações pelo email: <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>. 

 

10. Abertas inscrições para especialização em informação científica em saúde – Vai até 9 de fevereiro o período de inscrições para a Especialização em Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICTS) 2021, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (ICICT/Fiocruz). O programa tem como objetivo contribuir para o desempenho das instituições integrantes do Sistema Único de Saúde (SUS) e daquelas voltadas para a ciência e tecnologia em saúde, por meio da capacitação dos profissionais que atuam nas diversas atividades ligadas à produção, organização, análise e disponibilização da informação científica e tecnológica. Oferecido anualmente, o curso tem carga horária de 375 horas, dispõe de 15 vagas e incluiu quatro módulos: Políticas e acesso à ICTS; Organização da ICTS; Comunicação na ciência e saúde; e Usos e aplicações da ICTS. Para se inscrever, é necessário enviar (para o e-mail <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>) formulário de inscrição preenchido, assinado e digitalizado (disponível em <https://bit.ly/38kTv5v>); currículo vitae; carta de intenção e carta de liberação da instituição à qual o candidato é vinculado. O processo seletivo inclui, ainda, entrevista via plataforma Zoom. As aulas ocorrerão de 23 de março a 8 de dezembro de 2021, às terças e quartas-feiras, das 9h às 12h. Embora ocorram normalmente em modalidade presencial – no campus da Fiocruz situado na Av. Brasil, 4.036, no Rio de Janeiro –, há possibilidade, devido à pandemia, das aulas serem oferecidas à distância. Para mais detalhes, acesse a chamada pública em: <https://bit.ly/390VIlr>.  

 

11. Chamada de propostas para conferência Science & You – Termina em 1º de fevereiro a chamada de propostas para os diferentes formatos de apresentação na 5ª conferência internacional Science & You, prevista para ocorrer entre 16 e 19 de novembro de 2021, na Universidade de Lorraine, em Metz, na França. O tema principal dessa edição é "Divulgação científica: dê um passo atrás para seguir em frente”, que contempla três subtemas: Questões contínuas e emergentes de desenvolvimentos científicos e tecnológicos; Conceitos de ‘Colapsologia’ e olhando além; e A necessidade de uma prática reflexiva de divulgação científica. Com a proposta de unir teoria e prática, o evento internacional é aberto a pesquisadores em divulgação científica, bem como a pesquisadores de qualquer campo dispostos a compartilhar sua experiência em popularização e engajamento público da ciência, profissionais de museus ou centros de ciências, repórteres, assessores de imprensa de institutos de pesquisa e outros interessados. Os formatos de participação variam entre proposta simples, simpósio, apresentação de pôsteres e painel de discussão. As submissões podem ser feitas em inglês e francês. Para conferir os detalhes de submissão e mais informações sobre cada subtema, acesse: <https://bit.ly/2KWi3ZG>.  

 

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Ciência & Sociedade é o informativo eletrônico do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica do Museu da Vida (Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz). Editores de Ciência & Sociedade: Marina Ramalho e Carla Almeida. Redatores: Luís Amorim e Rosicler Neves. Projeto gráfico: Luis Cláudio Calvert. Informações, sugestões, comentários, críticas etc. são bem-vindos pelo endereço eletrônico <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>. Para se inscrever ou cancelar sua assinatura do Ciência & Sociedade, envie um e-mail para <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>. 

 
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