1. Ciência em alta na pandemia – Acaba de sair mais uma pesquisa internacional mostrando uma percepção pública altamente positiva da ciência durante a pandemia de Covid-19. Mas não é só. Ao comparar dados coletados desde 2018, o estudo sugere a reversão de uma tendência de aumento global do ceticismo em torno da área. E tem mais. O Brasil puxa praticamente todos os percentuais para cima, com uma visão do campo mais otimista do que a média. Promovida pela empresa 3M, que pelo terceiro ano consecutivo mensura o Índice do Estado da Ciência, a pesquisa foi realizada em 11 países, com amostras representativas da população acima de 18 anos, entre julho e agosto de 2020. Se para 72% dos entrevistados, a ciência é muito importante para a sociedade em geral, isso é verdade para 89% dos brasileiros. Enquanto 86% dos respondentes declaram confiança nos cientistas, no Brasil esse percentual chega a 89%. Se na enquete anterior 35% se diziam céticos em relação à ciência, agora são 28% os que se definem dessa forma. Embora no Brasil esse percentual seja de 33%, 35% discordam completamente dessa postura, sendo a média global de discordância 26%. Por outro lado, 63% afirmam pensar raramente no impacto da ciência no cotidiano (54% no Brasil) e 32% dizem acreditar que suas vidas não seriam tão diferentes se a ciência não existisse (o mesmo no Brasil). Embora os resultados representem um alento no momento em que a ciência precisa de apoio, eles também apontam desafios importantes a serem enfrentados. Outro desafio será a análise comparativa de todos os dados que têm sido produzidos sobre a percepção pública da ciência, para que possamos entender melhor se e como ela foi afetada pela pandemia. Os dados completos da pesquisa estão disponíveis, em inglês, no site da 3M: <https://www.3m.com/3M/en_US/state-of-science-index-survey/>.
2. Engajamento nas redes em tempos de Covid – Em períodos de crise, é crucial que governos estabeleçam uma comunicação eficiente com os cidadãos e que consiga engajá-los em ações que ajudem a enfrentar as dificuldades impostas. Mas como fazer isso? É o que busca responder o estudo “Unpacking the black box: how to promote citizen engagement through government social media during the COVID-19 crisis”, publicado no periódico Computers in Human Behavior. Mais especificamente, a pesquisa examina como o engajamento público nas mídias sociais oficiais está relacionado a fatores como riqueza de mídia (texto, imagem e vídeo, sendo as postagens com recursos audiovisuais as consideradas mais “ricas”), tipo de conteúdo (por exemplo, últimas notícias sobre a crise e orientações para os cidadãos), nível de diálogo com os usuários e o tom emotivo (positivo ou negativo) durante a pandemia da Covid-19. Os autores analisaram 1.411 postagens coletadas entre 14 de janeiro e 5 de março na Healthy China, conta oficial da Comissão Nacional de Saúde da China no Weibo, uma das redes sociais mais populares no país. Os dados mostram que postagens de textos geraram mais engajamento, particularmente aquelas com notícias atualizadas sobre a pandemia e com informações sobre as respostas do governo à crise. Os esforços de diálogo também foram efetivos em produzir engajamento. Já o tom emotivo das postagens afetou de forma diferente o engajamento do público; se mensagens positivas geraram mais respostas nas trocas dialógicas entre governo e usuários, notícias negativas sobre a pandemia reverteram num maior engajamento do que as positivas. Para os autores, a pesquisa demonstra ser fundamental que, em períodos de crise, as agências governamentais compreendam as demandas dos cidadãos e invistam em trocas dialógicas com o público e, além disso, oferece subsídios para que busquem a combinação mais eficiente entre riqueza da mídia, tipo de conteúdo e tom emotivo em suas postagens nas redes sociais. Leia o artigo completo, em inglês, em: <https://bit.ly/36wBbFv>.
3. Divulgação científica para quê? – Diferentes objetivos são comumente atribuídos à divulgação da ciência. Na literatura, são vários os argumentos que ressaltam seu valor social, mas é raro encontrar uma sistematização dos possíveis papéis conferidos à divulgação científica na sociedade contemporânea. Uma tentativa de fazer essa sistematização é apresentada e debatida numa nota de pesquisa publicada recentemente na revista Science Communication. No texto “An Empirical and Conceptual Note on Science Communication’s Role in Society”, a pesquisadora Sarah Davies, da Universidade de Viena (Áustria), relata os dados obtidos a partir de 16 entrevistas com estudiosos e professores europeus de divulgação científica, considerados atores-chave no campo. As entrevistas giraram em torno da pergunta “Qual é o papel da divulgação científica na sociedade em geral?”. A partir das respostas, foram identificados seis: garantir a responsabilidade e a legitimidade da ciência realizada com financiamento público; ampliar a democracia; desempenhar um papel cultural; cumprir objetivos econômicos específicos; atuar como promoção ou marketing da ciência; e ter funções práticas. E para você? Qual é a função da divulgação científica? A nota completa está disponível, em inglês, em: <https://journals.sagepub.com/doi/pdf/10.1177/1075547020971642>.
4. Para quem quer fazer divulgação científica e não sabe por onde começar – A partir de 16 de dezembro, estará disponível para compra o livro “Manual de sobrevivência para divulgar ciência e saúde”, das tarimbadas pesquisadoras e divulgadoras Catarina Chagas e Luisa Massarani. O livro é baseado na disciplina Introdução à Divulgação Científica, criada pelas autoras em 2018 e oferecida à distância para interessados em todo o Brasil. O projeto fez tanto sucesso que, em diferentes versões, já alcançou mais de 17 mil pessoas. A ideia do livro veio tanto do interesse despertado como da solicitação de que houvesse uma versão disponível para constante consulta. O livro, porém, vai além do conteúdo oferecido no âmbito da disciplina. O primeiro capítulo é voltado a aspectos conceituais e reflexões sobre a divulgação científica, abordando desde sua importância até desafios atuais, como as notícias falsas. Os três capítulos seguintes são guias práticos, com diferentes ferramentas para os leitores manterem um diálogo com a sociedade sobre temas de ciência. Além de compilar os guias oferecidos na disciplina on-line, cujo conteúdo foi revisto e adaptado, o livro inclui outros três novos: como fazer um podcast de divulgação científica; como falar sobre epidemias e outras crises de saúde; e como abordar questões de gênero na divulgação científica. A versão impressa do livro (livrariaeditorafiocruz.com.br) sairá por R$ 15,00 e a versão e-book (books.scielo.org/fiocruz), por R$ 9,00.
5. Cinco regras para divulgadores(as) da ciência – Entre os que se aventuram na divulgação científica, é comum ouvir os conselhos “seja envolvente”, “seja persuasivo”, “conte uma história com sua ciência”. Embora tais dicas sejam em geral efetivas, elas podem carregar riscos, segundo o texto “Five rules for evidence communication”, publicado por pesquisadores da Universidade de Cambridge (Reino Unido) no site da revista Nature em novembro. Para os autores, que trabalham com percepção de risco, a necessidade de persuadir ou de contar uma história simplista pode prejudicar a credibilidade e a confiabilidade da ciência entre o público. Sustentados por pesquisas prévias, eles propõem, então, uma nova abordagem baseada em cinco princípios: informar, não persuadir; oferecer equilíbrio, mas não falso equilíbrio; divulgar incertezas; apontar a qualidade das evidências científicas disponíveis; e se antecipar às desinformações. Os pesquisadores ressaltam que, para a população decidir se vacinar contra a Covid-19, por exemplo, a confiança na ciência é fundamental. Mas argumentam que “vender a ciência” de maneira acrítica não ajuda a comunidade científica a longo prazo. O objetivo, apontam, não deve ser levar as pessoas a uma decisão específica, mas ajudá-las a entender o que se sabe sobre determinado assunto para tomarem suas decisões com base em evidências. Para isso, é também fundamental que o divulgador seja transparente quanto às suas motivações, apresente dados completos e claros e compartilhe suas fontes. Acesse o texto gratuitamente em: <https://go.nature.com/3nY53QV>.
6. Publicação comemora 25 anos de trabalho da RICYT – O relatório El estado de la ciencia 2020 comemora os 25 anos de trabalho da Red de Indicadores de Ciencia y Tecnología – Iberoamericana e Interamericana (RICYT). Além dos dados compilados de ciência e tecnologia da região de 2010 a 2018, a edição comemorativa traz um dossiê especial com a participação de especialistas que vêm acompanhando a trajetória da RICYT. Estudos e reflexões temáticas também integram a publicação. O primeiro texto, “La respuesta de la ciencia ante la crisis del Covid-19”, discute vários aspectos da reação da comunidade científica mundial e ibero-americana à pandemia de Covid-19. Um deles é o crescimento acelerado do número de publicações, apresentado com base nos artigos registrados no PubMed de janeiro a julho de 2020. O desenvolvimento da educação superior ibero-americana é o tema do segundo texto, “Rasgos de la educación superior en Iberoamérica a través de la Red INDICES”. Os índices apresentados mostram o aumento do número de estudantes na educação superior, com crescimento de 23% em nível mundial e 37% na região ibero-americana. O último trabalho, “Comunicación de la Ciencia en América Latina: Construir derechos, catalizar ciudadanía”, aborda o aspecto político da divulgação científica. Para contribuir com a construção da cidadania tecnocientífica, os autores defendem que a divulgação científica contemporânea deve se posicionar, propiciar o diálogo e assumir o papel político de distribuição do poder de decisão, em vez de se limitar a alfabetizar, informar e motivar. O livro, em espanhol, está disponível gratuitamente em: <https://bit.ly/3mwHeiZ>.
7. Divulgando divulgadoras da ciência – “As meninas não podem se tornar o que não podem ver” é o lema da iniciativa #MujeresDivulgadoras: ciencia con voz de mujer, que em novembro chegou a sua quarta edição. O objetivo da empreitada, capitaneada pela documentarista Lydia Gil, é dar visibilidade ao trabalho de divulgadoras científicas na América Latina. Os textos e vídeos desta edição, publicados no blog “Social media en Investigación”, trazem informações sobre 30 divulgadoras de 10 países: Argentina, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, México, Paraguai, Peru, Venezuela e Brasil. Há, ainda, a colaboração de Martha Cambre, diretora executiva da Rede de Popularização da Ciência e da Tecnologia na América Latina e o Caribe (RedPOP), que apresenta o estado da arte da divulgação científica na região. As áreas de ação das divulgadoras são variadas, incluindo desde astronomia, física e química até sociologia, engenharia e história. Elas usam e discutem a utilização de diferentes formatos para fazer divulgação científica, como palestras, vídeos, podcasts e redes sociais. O Brasil é representado pelas divulgadoras Jéssica Norberto, da Fundação Cecierj, e Germana Barata, da Unicamp. As informações completas estão no link: <https://socialmediaeninvestigacion.com/mujeresdivulgadoras-edicion4/>.
8. Ferramenta gratuita acompanha comunidade científica no Twitter – Desde junho, a ferramenta Science Pulse tem facilitado o acesso aos conteúdos científicos publicados por cientistas, organizações e universidades no Twitter. Pensada para diminuir a distância entre o jornalismo e a ciência nas mídias sociais, monitora 1393 perfis da comunidade científica brasileira e internacional. De uso gratuito, seu desenvolvimento foi motivado pela pandemia e o interesse em auxiliar a cobertura jornalística de ciência. O texto “O que descobrimos ao acompanhar a comunidade científica nas redes sociais”, publicado em novembro no site da Rede de Jornalistas Internacionais, apresenta informações obtidas com o auxílio da ferramenta. A equipe do Science Pulse, responsável pela curadoria dos perfis, levantou dez publicações em inglês e português com o maior número de retuítes por mês, de junho a outubro. Das 50 publicações mais retuitadas, em português e inglês, 31 abordaram a pandemia. As demais publicações com mais visibilidade em português, que não focam a pandemia, tratam de discussões sobre o governo brasileiro, o Sistema Público de Saúde (SUS) e memes, entre outros temas. Confira o texto completo em: <https://bit.ly/3ohQ7gy>. Para conhecer a ferramenta, acesse: <https://sciencepulse.org/>.
9. OMS promove concurso de filmes sobre saúde – Filmes são ferramentas potentes para sensibilizar, melhorar a compreensão e incentivar a ação. Não à toa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) está promovendo o concurso de filmes Saúde para Todos, que recebe inscrições até 30 de janeiro. Cineastas independentes, produtoras, instituições públicas, ONGs, comunidades, estudantes e escolas de cinema de todo o mundo estão convidados a enviar seus curtas-metragens originais sobre saúde. O concurso é composto por três categorias: cobertura universal de saúde; emergências de saúde; e melhor saúde e bem-estar. Para cada uma das três categorias do Grande Prêmio, os candidatos podem inscrever documentários curtos ou filmes de ficção de três a oito minutos de duração; vídeos curtos criados especificamente para mídias sociais; ou filmes de animação de um a cinco minutos. São aceitas obras finalizadas entre janeiro de 2018 e janeiro de 2021, em qualquer idioma, porém, as que não forem em inglês, precisam conter legendas nessa língua. Os prêmios variam de 5 mil a 10 mil dólares. O festival tem como objetivo recrutar uma nova geração de profissionais do audiovisual para defender e promover as questões globais de saúde. Leia as regras completas de submissão em: <https://bit.ly/2V0pVuf>. Para se inscrever, acesse: <https://bit.ly/2V33eps>.
10. Competição de contos sobre ciência no Brasil – O Centro de Estudos Brasileiros da Universidade de Salamanca (Espanha), em parceria com o Museu da Vida, está lançando a quinta edição do concurso "Cuéntame un cuento". Dessa vez, o objetivo é contribuir para a divulgação científica sobre o Brasil, com foco em temas científicos brasileiros. Podem participar pessoas com mais de 18 anos de qualquer nacionalidade, com contos inéditos escritos em português ou espanhol. Os temas incentivados nesta edição são: personalidades do mundo da ciência; mulheres na ciência; pandemias e crises sanitárias; fatos históricos relacionados com a ciência e descobrimentos científicos; método científico e de pesquisa; e outras temáticas relacionadas à ciência e à produção científica, desde que tenham relação com o Brasil. Cada autor(a) poderá apresentar até dois textos. O primeiro prêmio é de 400 euros, e o segundo é de 200 euros. As taxas correspondentes a transferências bancárias e impostos ainda serão descontadas dos valores estabelecidos para cada prêmio. Os dois vencedores, além de outros dez contos selecionados como finalistas, serão publicados num livro eletrônico. Não podem participar funcionários do Museu da Vida nem do Centro de Estudos Brasileiros. As inscrições terminam em 31 de março de 2021. Confira todas as regras em: <https://bit.ly/3l6wN4a>. Inscreva-se no link: <https://bit.ly/3m6jmCA>. Dúvidas podem ser encaminhadas para: <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>.
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