Por Renata Fontanetto
No início de 2020, o produto realizado por Joselí Santos na Especialização em Divulgação e Popularização da Ciência, o Calendário das Cientistas Negras, foi impresso pela Fiocruz e ganhou repercussão nacional. O trabalho de conclusão de curso foi orientado pela bióloga e educadora Hilda Gomes, coordenadora da Seção de Formação do Serviço de Educação do Museu da Vida. Agora, o calendário ganha sua versão com recursos de tecnologia assistiva, para pessoas cegas e surdas.
Com janela de Libras e audiodescrição, o produto de divulgação científica e cultural ganha nova roupagem e está disponível no YouTube do Museu da Vida. Segundo Joselí, a importância de uma versão do calendário em formato acessível está na inclusão. “É uma maneira de levar a educação, a divulgação científica e as importantes questões de gênero e de raça para todos. Como bem já diz a Lei Nº 13.146 de 6 de julho de 2015, é fundamental assegurar e promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais das pessoas com necessidades especiais, visando a sua inclusão social e cidadania”, ressalta.
Hilda Gomes comenta que o produto teve intenção explícita de se tornar um instrumento para a promoção da equidade de gênero e de raça, desconstrução de preconceitos e discriminação, historicamente forjados desde a colonização. “O calendário surgiu como um veículo de comunicação e informação antirracista e feminista, provocando o olhar para a quebra de estereótipos e distorções acerca do papel da mulher negra na sociedade e no reconhecimento da memória das cientistas negras brasileiras”, avalia.
Hilda aponta, ainda, o papel da divulgação científica de quebrar o estereótipo clássico da figura do cientista, geralmente associada à imagem de um homem branco, com jaleco e dentro de um laboratório. “A ciência ocupa outros espaços e tem outras caras e perfis”, afirma.
Publicado em 30/11/2020