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Lancetas de vacinação contra varíola
Fabricante: Blanzy & Poure
Material: metal 
Local: França – final do século 19 e início do século 20
Dimensões: 6 cm x 1,5 cm

 

Invenção francesa do final do século 19, o "estilete" ou “pena” de vacinação era uma lanceta metálica, moldada na forma de ponta de flecha ou lança, que deveria ser encaixada em um cabo de madeira ou de metal, que servia como empunhadura. A técnica utilizada com esta lanceta era através da perfuração. Após colocar uma gota da vacina sobre a lâmina, era realizado um corte superficial na pele. Com o apoio dos dedos polegar e indicador, a lâmina era mantida em ângulo aberto para evitar um corte muito profundo. Este dispositivo simples, de uso individual, representou um importante avanço técnico à época, pois permitia o seu descarte após a inoculação, evitando problemas com a esterilização e a contaminação cruzada, fato comum com as lancetas reaproveitáveis.

Pouco se conhece a respeito da vida do médico militar francês que criou o estilete de vacinação. De acordo com A. Cartaz, em artigo publicado em 1891 na revista Nature, o dr. Mareschal foi estimulado pela necessidade de vacinar de modo rápido e eficaz centenas de soldados contra a varíola. Com esse objetivo, utilizou, primeiramente, inúmeras agulhas e alfinetes. Em seguida, testou as pontas das penas usadas para escrever, inventadas na Inglaterra por volta de 1835 e cuja fabricação na França se iniciara em 1846, nas oficinas Blanzy e Poure, em Bolonha. Em poucas horas, utilizando penas para escrever, o dr. Mareschal conseguiu vacinar cerca de 500 soldados. Após o sucesso de seu experimento, encomendou aos srs. Blanzy e Poure uma nova ponta de pena, agora totalmente destinada à vacinação. Nascia, assim, em 1890, o primeiro dispositivo de vacinação produzido em série e descartável: a lanceta Jenner do dr. Mareschal. Esse instrumento foi amplamente utilizado até a década de 1930 em países da Europa e das Américas.

No Brasil, o Serviço de Vacinação do Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP), em suas atividades na capital e nos estados, país afora, utilizava o estilete individual Jenner do dr. Mareschal nº 4. No serviço do DNSP, a técnica de vacinação na década de 1920 preconizava duas incisões lineares no terço superior do braço esquerdo, sendo uma incisão para cada inoculação da vacina. A operação durava, em média, dez minutos por paciente.

 

Ao lado, "Vacina Obrigatória", charge de Bambino para a capa da Revista Ilustrada de 2 de outubro de 1904. Em novembro do mesmo ano, estouraria, no Rio de Janeiro, a Revolta da Vacina, movimento de contestação à lei de obrigatoriedade da vacinação contra a varíola, elaborada por Oswaldo Cruz. O personagem com roupa romana, que encarna o Congresso Nacional, segura em uma das mãos uma lanceta de vacinar, transformada em símbolo da lei de vacinação antivariólica. Imagem: Biblioteca Nacional.

 

 

 

Para saber mais:

BAXBY, Derrick. Smallpox vaccination techniques: from knives and forks to needles and pins. Vaccine 20 (2002) 2140–2149.

FIOCRUZ. Casa de Oswaldo Cruz. Departamento de Arquivo e Documentação. Fundo Instituto Oswaldo Cruz. Office International D’Hygiene Publique. Commission de La Variole et de la Vaccination, 1934.

 

Para conhecer outros objetos da Reserva Téncnica do Museu da Vida, acesse a seção Objeto em Foco.

 

Publicado em 05/06/2019.

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