Informativo do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica/Museu da Vida Ano XIV n. 235 RJ, 31 de dezembro de 2017
Neste informe:
1. Empoderando as comunidades
2. Como museus de história natural podem distorcer a realidade
3. Divulgação científica nos últimos 50 anos
4. Ciência na TV e em sala de aula
5. Uma questão de confiança
6. Lançado guia de museus acessíveis da América Latina e Caribe
7. Abertas inscrições para curso de capacitação de mediadores
8. Especialização em divulgação e popularização da Ciência
9. Mestrado em divulgação da ciência, tecnologia e saúde
1. Empoderando as comunidades – Transformar a realidade de uma comunidade não é algo que se alcança oferecendo produtos ou projetos prontos. Para obter um impacto duradouro, é preciso empoderar os heróis locais de modo que eles se se apropriem do que é construído em conjunto com quem propõe a iniciativa. “Precisamos estar preparados para nos sentir vulneráveis e sermos transformados pelo processo tanto quanto as pessoas com quem estamos trabalhando”. A dica é de Bruktawit Tigabu, diretora e cofundadora da Whiz Kids Workshop, empresa da Etiópia que desenvolve projetos e produtos educacionais para crianças e jovens – entre eles, três programas de TV vencedores de diversos prêmios internacionais. Tigabu participou do Science Centre World Summit realizado em novembro de 2017 em Tókio (Japão) e é um dos sete entrevistados do artigo “Echoes from the World Summit”, publicado no último número da revista Spokes. O texto reúne diferentes experiências de participantes não europeus: além da Etiópia, há representantes do Brasil, do Japão, África do Sul e México. Acesse em: <http://www.ecsite.eu/activities-and-services/news-and-publications/digital-spokes/issue-36#section=section-lookout&href=/feature/lookout/echoes-world-summit>. Saiba mais sobre o Whiz Kids Workshop em: <http://www.whizkidsworkshop.com/>.
2. Como museus de história natural podem distorcer a realidade – Museus de História Natural costumam gerar encantamento e fascínio no público. Ajudam os visitantes a entender o lugar do homem no reino animal e, muitos deles, realizam pesquisas. Em geral, são considerados instituições racionais, centradas nos fatos. Entretanto, são espaços criados e dirigidos por pessoas, que carregam valores da sociedade em que estão imersos. Logo, não são imparciais, tampouco representam uma realidade exata, segundo afirma Jack Ashby, gerente do Grant Museum of Zoology (University College London, Reino Unido), no texto “Four ways natural history museums skew reality”, publicado em dezembro no site britânico The Conversation. De acordo com Ashby, tais museus distorcem a realidade ao priorizar a exposição de animais de grande porte, mais imponentes, em detrimento de animais pequenos. Essas instituições também tendem a expor mais exemplares do sexo masculino do que feminino, bem como de animais considerados “fofos” em contraste com aqueles de aspecto repugnante. Além disso, alguns locais de origem das espécies são sub-representados – tanto por dificuldades de transporte como por menor interesse político de representar a história de algumas regiões. Tais questões não diminuem a importância dos museus de história natural, mas, segundo Ashby, deveriam ser questionadas com mais frequência. Acesse o texto em: <https://theconversation.com/four-ways-natural-history-museums-skew-reality-88672>.
3. Divulgação científica nos últimos 50 anos – A consolidação da divulgação científica enquanto campo profissional nos últimos 50 anos vem sendo acompanhada por um crescimento em empregos, cursos de capacitação, associações, investigação e publicações. No âmbito acadêmico internacional, uma antologia publicada em 2015, baseada na análise de 79 artigos das últimas 5 décadas, (“Science communication over 50 years: patterns and trends”, do livro Science Communication Today) mostrou que os pesquisadores em divulgação científica são cada vez mais jovens; o domínio dos Estados Unidos e do Reino Unido no campo vem diminuindo; as publicações de autoria coletiva têm aumentado; e a formação dos pesquisadores tem mudado das ciências naturais e sociais para a área da comunicação. Mas como o Brasil se situa nesse contexto? O artigo “Brazilian science communication research: national and international contributions”, publicado em agosto nos Anais da Academia Brasileira de Ciências, pretende dar conta também das contribuições brasileiras. Os autores analisaram publicações acadêmicas, teses e dissertações e observaram o crescimento do campo no Brasil, comparando-o com dados da Alemanha, Austrália, China e do Reino Unido. Acesse o artigo em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0001-37652017005020108&script=sci_arttext>.
4. Ciência na TV e em sala de aula – Como a ciência é retratada na programação de uma emissora de TV liderada por um grupo religioso? O artigo “Ciência e TV: Estudo Sobre a Programação da Rede Record”, publicado na última edição da revista Ensaio Pesquisa em Educação em Ciências, analisa como conteúdos relativos à ciência permeiam a programação diária da emissora que, à época do estudo, ocupava o segundo lugar em audiência no Brasil. Os autores examinaram a programação da Rede Record por duas semanas construídas, representativas de seis meses (de junho a novembro de 2013). Observaram que, embora priorize temáticas religiosas e policiais, a programação da Rede Record reservou 7% de seu tempo a peças de ciência. As publicidades foram a categoria televisiva mais recorrentemente associada à ciência, sendo as áreas de ciências biológicas e de medicina e saúde as mais frequentes. Leia o texto em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-21172017000100219&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Na mesma edição da revista, o artigo “Propósitos da Divulgação Científica no Planejamento de Ensino” analisa 400 sequências didáticas produzidas por professores de ciências para investigar seus propósitos de ensino. Foram identificadas oito categorias, entre elas: Contextualização histórica, Promoção do debate e Levantamento de concepções. Veja o artigo em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1983-21172017000100228&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>
5. Uma questão de confiança – “Em geral, você acha que os cientistas falam a verdade?” O instituto de pesquisas sociais Ipsos MORI fez essa pergunta a 998 britânicos maiores de 15 anos em outubro de 2017 e ouviu “sim” de 83% deles. É a segunda vez que os cientistas atingem um nível tão alto de confiança entre os cidadãos pesquisados – em 2014, a porcentagem também foi de 83% –, proporção que já cresceu 20 pontos percentuais desde 1997. A mesma pergunta foi feita envolvendo outras profissões/ocupações: no ranking, os cientistas ficaram abaixo apenas das enfermeiras (94%), médicos (91%), professores de escola (teachers) (87%) e professores de ensino superior (professors) (85%). Apenas 27% dos respondentes afirmaram que jornalistas dizem a verdade. A ocupação mais desacreditada foi a dos políticos: só 17% dos entrevistados acreditam que os políticos falam a verdade... Veja mais detalhes em: <https://www.ipsos.com/ipsos-mori/en-uk/politicians-remain-least-trusted-profession-britain>.
6. Lançado guia de museus acessíveis da América Latina e Caribe – O direito de acesso de todas as pessoas à vida cultural, às artes e ao progresso científico é algo defendido desde 1948 pela Declaração Internacional dos Direitos Humanos, da Organização das Nações Unidas (ONU). Mas, na prática, esse direito ainda está longe de se concretizar no cotidiano de pessoas com deficiência. Para ajudar essa parcela da população a encontrar instituições científico-culturais preparadas para atender suas demandas, acaba de ser lançado o Guia de Museus e Centros de Ciências Acessíveis da América Latina e do Caribe, que traz informações sobre acessibilidade em 110 instituições – no Brasil, cerca de 70 espaços. São locais que se dedicam à popularização da ciência e tecnologia (entre eles, museus e centros de ciências interativos, museus de história natural e antropologia, planetários, observatórios astronômicos, zoológicos e aquários) de dez países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, México, Nicarágua, Panamá, Porto Rico e Uruguai. No livro, que possui versões em português, espanhol e acessíveis, há desde instituições que oferecem infraestrutura mais básica – limitada a sanitários e bebedouros acessíveis – até aquelas com equipamentos mais elaborados e visitas com intérpretes de libras. Acesse as diferentes versões em: <http://www.redpop.org/guia-de-museos-de-ciencia-accesibles-en-america-latina>.
7. Abertas inscrições para curso de capacitação de mediadores – Terminam em 19 de janeiro as inscrições para o V Curso de Capacitação de Mediadores, oferecido pelo Espaço Ciência Viva (ECV), museu interativo com mais de 30 anos de atuação em divulgação científica, situado no Rio de Janeiro. O objetivo do curso é discutir temas científicos, a partir de experimentos e atividades lúdicas e interativas. O curso – gratuito e com carga horária de 56h – será ministrado de 19 de fevereiro a 2 de março de 2018, de segunda a sexta-feira, das 8:30h às 12:30h. Destina-se a estudantes universitários, professores e demais interessados na área de ensino de ciências, divulgação científica e educação em museus. As aulas ocorrerão no museu e consistirão em atividades teóricas e práticas, ministradas pela equipe de docentes, pesquisadores e mediadores do ECV e de diversas instituições de ensino, pesquisa e museológicas. São oferecidas 40 vagas. Caso haja mais candidatos, haverá um processo de seleção. O Espaço Ciência Viva fica na Av. Heitor Beltrão, 321, Tijuca, Rio de Janeiro. Inscreva-se em: <https://docs.google.com/forms/d/1WDsxSkiAg5aoMUfeuv9tMoV8GEuCNo_qKBzsyGiHFIg/edit?usp=sharing>. Mais informações pelo tel: (21) 2204-0599, pelo email: <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.> ou em: <https://sites.google.com/cienciaviva.org.br/v-curso-de-mediadores/p%C3%A1gina-inicial>.
8. Especialização em Divulgação e Popularização da Ciência – Estão abertas até 1º de fevereiro as inscrições para o curso de especialização em Divulgação e Popularização da Ciência, promovido pelo Museu da Vida/Casa de Oswaldo Cruz, em parceria com Museu de Astronomia e Ciências Afins, Cecierj, Casa da Ciência e Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Com 20 vagas e 360 horas presenciais, o foco do programa é formar especialistas que possam atuar na presente e crescente demanda de mediação entre ciência, tecnologia e sociedade, incorporando a reflexão crítica necessária para a produção de diferentes processos e atividades de divulgação e popularização da ciência. Desenvolvido por uma equipe multiprofissional, o curso é destinado a profissionais (nível superior) que atuam, seja no âmbito prático ou no acadêmico, na área da divulgação e popularização da ciência. O curso é gratuito, mas é cobrada uma taxa de R$ 70 de inscrição. As aulas terão início em 19 de março na Oficina-Escola, campus de Manguinhos, às segundas e quartas-feiras, das 9h às 17h. Para mais detalhes sobre o curso, como disciplinas e documentos necessários para a inscrição, acesse a chamada pública: <http://www.museudavida.fiocruz.br/images/educacao/ChamadaPublicaCursoEspecializacao2018.pdf>. As inscrições podem ser feitas na plataforma Siga-Fiocruz: <http://www.sigals.fiocruz.br/inscricao/cadastro.do?acao=telaInicial&codCL=17823&codECL=16279&codI=475>.
9. Mestrado em divulgação da ciência, tecnologia e saúde – Já está no formo a chamada para a terceira turma do Mestrado em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde da Casa de Oswaldo Cruz (Fiocruz). O programa conta com três linhas de pesquisa A primeira - Cultura científica e sociedade - abrange reflexões sobre a dimensão cultural e social da ciência, da tecnologia e da saúde. Intitulada Educação, comunicação e mediação, a segunda linha dedica-se à interface entre as áreas da educação e da comunicação na mediação entre o conhecimento científico e a sociedade. Já a linha Estudo de público/audiência reúne análises com foco nos distintos públicos das diferentes atividades educativas e de divulgação científica. O mestrado é resultado de uma parceria com o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, o Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast) e a Fundação Cecierj. Entre os parceiros do programa na esfera internacional, estão a Universidade Cornell e o Hatfield Marine Science Center da Universidade do Estado do Oregon (Estados Unidos); a Escola Internacional Superior de Estudos Avançados (Itália); e a Universidade de Paris 8 (França). As inscrições começam em março de 2018. Em breve será lançada a chamada oficial do programa. Fiquem atentos e preparem seus projetos! Mais informações sobre o programa em: <http://www.coc.fiocruz.br/index.php/educacao/mestrado-em-divulgacao-da-ciencia-tecnologia-e-saude>.
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