Fabricante: Companhia Brasileira de Energia Elétrica
Material: papel e couro
Local: Brasil
Dimensões: 11 x 8 cm
Este passe para acesso livre aos bondes de Petrópolis testemunha um fato importante sobre o último ano de vida de Oswaldo Cruz: o médico aceitou ser prefeito da cidade serrana mesmo doente, cargo que ocupou até falecer, em 1917. Petrópolis, naquele período, era considerada um refúgio para a elite carioca, que buscava o clima das montanhas para fugir do calor e das epidemias da capital federal. Desde 1910, o município contava com serviços de energia elétrica para usos industriais, domésticos e para o transporte público, com bondes elétricos mantidos pela Companhia Brasileira de Energia Elétrica. Após assumir o cargo mais importante da cidade, Oswaldo Cruz recebeu o Passe Livre n. 1 para circular pelas principais ruas e facilitar seu acesso aos pontos da cidade atendidos por aquele transporte público.
Reconhecido internacionalmente pelas campanhas empreendidas contra a peste bubônica, varíola e febre amarela, Oswaldo Cruz foi convidado pelo presidente, Nilo Peçanha (1867-1924), com o desafio de chefiar a recém-criada prefeitura de Petrópolis no ambicioso projeto de saneamento, urbanização e organização dos serviços públicos municipais.
Na ocasião, Oswaldo Cruz já se encontrava bastante debilitado pela nefrite que sofria desde jovem. Por recomendação do seu médico e amigo Sales Guerra, precisou se afastar das rotinas do Instituto Oswaldo Cruz, em Manguinhos, e mudou-se para a residência de veraneio da família em busca de repouso. O temperamento irrequieto do cientista, no entanto, não combinava com o descanso prescrito e, em de 17 de agosto de 1916, após aceitar o cargo, deu início a uma nova frente de trabalho.
Sua gestão previa a realização de um amplo e audacioso projeto com 26 objetivos, incluindo intervenções em inúmeras frentes: embelezamento, urbanização e saneamento da cidade, organização das contas públicas, dos serviços de saúde e da educação infantil. Nem todas as medidas foram populares ou bem aceitas pela elite política local. As medidas que incluíam aumento de impostos e perda de autonomia das lideranças locais foram suficientes para que parte da Câmara Municipal passasse a organizar manifestações em frente à casa do prefeito.

Para saber mais
GUERRA, E. Sales. Osvaldo Cruz. Rio de Janeiro: Vechi, 1940.
D'ÁVILA, Cristiane; GIRÃO, Ana Luce. O cientista Oswaldo Cruz (1872-1917), prefeito de Petrópolis. Disponível em: http://brasilianafotografica.bn.br/?p=10762
HANSEN, Claudia Regina Salgado de Oliveira. Eletricidade no Brasil na Primeira República: a CBEE e os Guinle no Distrito Federal (1904-1923). Tese apresenta ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal Fluminense como requisito para obtenção para o grau de Doutor. Niterói, 2012.