Por Michel Silva, Rodrigo Narciso e Teresa Santos

Quase 1.600 pessoas! Esse foi o total de visitantes que recebemos no último sábado (24) durante a celebração de aniversário do Museu. O ‘Museu Tá On! 26 anos de ciência e diversão no Museu da Vida Fiocruz’ foi um sucesso! A programação extensa divertiu e ensinou, mas também fez dançar, cantar e rimar. Tudo isso com muito picolé, pipoca, algodão doce e inclusão, que ficou por conta de um time incansável de intérpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras). Um show!
Ana Carolina Gonzalez, chefe do Museu da Vida Fiocruz, ressaltou que o evento ofereceu atividades para várias faixas etárias, acolhendo desde bebês até idosos.
— Fomos presenteados com lindas ilustrações do núcleo histórico feitas pelos participantes do Urban Sketchers. E a batalha do conhecimento foi mais um dos pontos altos, com os MCs esbanjando criatividade junto à plateia lotada e empolgada. Foi um lindo sábado para celebrarmos a existência desse Museu incrível que tem VIDA no nome. Vida eterna ao Museu da Vida Fiocruz!, destacou Gonzalez.
Para Bianca Reis, coordenadora da Seção de Ações Educativas para o Público do Serviço de Educação do Museu da Vida Fiocruz (MVF), foi muito gratificante ver a presença de um grande público. Ela destacou que houve um esforço coletivo para ofertar mais atividades com intérpretes de Libras. Ao todo, foram oito profissionais, trabalhando em sistema de revezamento. Além disso, as sessões de teatro também contaram com audiodescrição. “São tecnologias assistivas que o MVF tem se apropriado para tornar suas atividades mais acessíveis e inclusivas”, lembrou.
Além dos recursos acessíveis, o evento ofereceu diversas atividades que foram elaboradas e realizadas por educadores do Museu com deficiência. “Cada dia, não somente em eventos, tenho a certeza de que o MVF é um aparelho cultural e também educativo localizado em uma área socialmente vulnerabilizada, que vivencia, por vezes, a violência urbana”, destacou. E lembrou que ele faz parte da Fiocruz, que há 125 anos está presente na vida das pessoas por meio da produção de vacinas e outros insumos. Reis acrescentou ainda “sou apaixonada por esse MVF que vi nascer e participo até hoje de sua reconstrução”.
Oficinas destacaram temática ambiental e acessibilidade
O sábado foi marcado por várias oficinas educativas. A Oficina de Compostagem, por exemplo, mostrou que sobras de algumas frutas e legumes podem virar adubo natural e ainda ajudar a reduzir o desperdício de alimentos.
"Eu gosto muito da parte de resíduos orgânicos, que é uma parte a qual as pessoas têm muito preconceito. Se as pessoas tivessem consciência da importância disso, poderiam ajudar bastante o meio ambiente”, destacou Paulo Monteiro, educador ecológico da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e proponente da Oficina de Compostagem.

Moringa, ora-pro-nóbis, erva-de-jabuti.... Essas foram algumas das plantas apresentadas na Oficina de Plantas Medicinais. A educadora Mariluce Coelho, zootecnista formada pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e uma das idealizadoras do Ponto de Cultura Chalé Agroecológico - Quintal Produtivo, Cultural e Pedagógico e do Museu Vivo das Sementes Crioulas, lembrou a importância de debater o tema. “A gente não pode parar de ter esses diálogos porque eles são muito importantes, eles são vivos entre a gente e precisam ser também com quem está com a caneta na mão, com quem faz políticas públicas para que todo mundo tenha acesso”, ressaltou.
Já o educador Jean Carlos Rocco, que ministrou a Oficina de Plantas Medicinais junto com Coelho, reforçou a importância de dialogar sobre sementes ancestrais, plantas medicinais e plantas alimentícias tradicionais, visto que o tema está intimamente relacionado com justiça climática. “A gente tem abordado muito esse tema da justiça climática porque temos vivido emergências e urgências climáticas. Então, falar de sementes, de plantas, de saúde, de bem-estar é importante”, ressaltou. Rocco também é agente cultural e atua no Ponto de Cultura Chalé Agroecológico - Quintal Produtivo, Cultural e Pedagógico e no Museu Vivo das Sementes Crioulas.
O dia foi marcado ainda por Oficina de Pipas e várias outras atividades educativas, tal como a Contação de História, com troca-troca de livros. A pequena Sofia Martins, de oito anos de idade, adorou ouvir sobre o Castelo Mourisco. “Eu achei muito legal porque parecia que o castelo era mágico. A moça contou que ele foi feito para cuidar da saúde das pessoas e tinha cientista que trabalhava lá como se fosse herói”, destacou.

Outra atração que fez sucesso nesse sábado especial foi o Jogos em Libras promovido por Rafaela Vale, educadora surda do Museu da Vida Fiocruz. Segundo Vale, a experiência foi desafiadora, mas gratificante. “Eu gostei bastante e pude perceber que algumas pessoas tiveram muito interesse e aprenderam muito rápido os sinais”, contou a educadora. Por meio de ações lúdicas como jogo de memória e contação de história, ela mostrou que o ensino de Libras não precisa ficar restrito ao método convencional. “Isso é muito libertador, representa um marco e é também surpreendente”, destacou.
Ciência virou inspiração para rimas

O aniversário do Museu também foi palco de uma batalha, mas sem armas! O Encontro de rappers 'Batalha do conhecimento' entregou tudo. Quatro MCs disputaram de forma leve e divertida, fazendo rimas com temas científicos variados como vacina e alimentação saudável. A apresentação arrancou elogios e muitos aplausos!
“A gente veio de Nova Iguaçu, Baixada Fluminense, e ficamos superfelizes de sermos convidados para estar aqui nesse evento. Eu espero que a nossa arte possa impactar a vida das crianças que estiveram presentes aqui”, afirmou o rapper Thug L. logo após a apresentação.
O dia também foi marcado por outras atrações musicais. O Bailinho da Fuzarca encantou bebês e crianças com muitas brincadeiras e contação de história, ao som de músicas infantis.
Carla e Renato Souza, pais da pequena Brena, que participou da atividade, aprovaram. — A gente achou tudo muito lindo e bem pensado para as crianças pequenas. Nossa filha de dois anos ficou encantada com as cores do Parque, as músicas, os personagens cantando e dançando. Foi a primeira vez que levamos ela num lugar assim e ver ela rindo e batendo palminha não tem preço. A gente também se divertiu junto, afirmou o casal.

O Grupo Música na Calçada, que é resultado das oficinas musicais que vêm sendo desenvolvidas no Espaço Casa Viva/RedeCCAP, desde 2004, em Manguinhos, também marcou presença no evento. Com um repertório animado, colocou o público para dançar!
Exposição em caixa de sapatos e encontro de pintores também encantaram
O Museu Tá On! contou ainda com uma exposição muito diferente! Caixas de sapato cheias de memória e inspiração. O Museu da Imagem Itinerante da Maré (MIIM), criado pelo fotógrafo e sociólogo Francisco Valdean, apresentou detalhes da história e da cultura do Complexo da Maré (RJ).
Almerinda Santos, de 73 anos de idade, conferiu de pertinho a atração.
— Eu sou da Maré e nunca imaginei ver uma exposição falando de saúde desse jeito. A gente olhava pelo monóculo e via imagens que falavam da favela, da saúde e da Fiocruz tudo junto. Eu fiquei parada olhando, emocionada. A gente mora nesses lugares esquecidos e ver nossa realidade ali, com respeito, foi forte. As fotos, os textos... Tudo mostrava que a favela também tem saber, tem luta, tem história com a saúde.

O campus Fiocruz Manguinhos também virou palco de um encontro de pintores, o USk Rio. Artistas do Urban Sketchers (USk Rio), isto é, o braço carioca de uma organização mundial sem fins lucrativos, criaram lindos desenhos inspirados em prédios como o Castelo Mourisco e a Cavalariça, que fazem parte do Conjunto Histórico da Fiocruz. Os desenhos foram doados e estão sob a guarda da Casa de Oswaldo Cruz, no Departamento de Arquivo e Documentação (DAD/COC/Fiocruz).

O dia também foi de passear no Trenzinho da Ciência! Ao todo, nossas locomotivas fizeram 27 viagens durante o aniversário do Museu. Tivemos ainda sessões da peça de teatro ‘É o Fim da Picada!’, exposição ‘Vida e Saúde: relações (in)visíveis’, no prédio da Cavalariça, Borboletário, Parque da Ciência e Pirâmide. Parabéns, Museu da Vida Fiocruz!
O ‘Museu Tá On! 26 anos de ciência e diversão no Museu da Vida Fiocruz’ foi uma iniciativa do Museu da Vida Fiocruz, da Fundação Oswaldo Cruz, do Ministério da Cultura e do Governo Federal, com gestão cultural da Associação Amigos do Museu da Vida Fiocruz e apoio institucional da Fundação de Apoio à Fiocruz - Fiotec. Contou ainda com patrocínio das empresas Merck, Abbott e White Martins, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Publicado em 29 de maio de 2025.