Por Teresa Santos e Michel Silva

Quem veio ao Museu da Vida Fiocruz no sábado (22/02) é testemunha... Carnaval tem tudo a ver com ciência, e também com inclusão, protagonismo e coletividade! Com inspiração carnavalesca, o evento ‘Quero + Folia no Museu’ 2025 entregou tudo isso e um pouco mais. Foi um dia de descobertas científicas, de embarcar no Trenzinho da Ciência, de conhecer o Castelo Mourisco e outros espaços do Museu, de criar e compartilhar momentos especiais em muitas oficinas, brincar e, claro, dançar muito!
“A equipe do Museu da Vida Fiocruz e nossos visitantes viveram mais um sábado para guardar na memória! Muitas cores, sorrisos, fantasias, música, diversão e aprendizagem coletiva”, destaca Ana Carolina Gonzalez, chefe do Museu da Vida Fiocruz. Segundo Gonzalez, a programação “abraçou o Carnaval como tema e aproveitou esse lindo momento para valorizar nossas manifestações culturais e fortalecer nosso compromisso com a diversidade, acessibilidade e inclusão”.
Atrações musicais deram um show de animação e inclusão

No início da manhã, o coletivo carnavalesco Cortejinho ministrou uma oficina percussiva brincante. Com uma linguagem simples, o grupo apresentou a história das marchinhas para as crianças presentes no Centro de Recepção do Museu. “São ritmos negros e que, muitas vezes, a gente ouve na rua, mas não entende exatamente de onde vem”, explicou Yuri Mello, músico-pedagogo, artista e educador do Cortejinho.
Mello destacou ainda que o fato do Museu proporcionar a atividade gratuitamente aos visitantes contribui para democratizar o acesso. “Essas experiências de se relacionar com a arte a partir de um lugar de expressão também são um processo de autoconhecimento. Então, esse é o meu desejo para as crianças, que todas elas tenham esse acesso”, reforçou Carol Passarinha, artista e arte-educadora que também faz parte do grupo Cortejinho.
Na parte da tarde, a música ficou por conta dos Embaixadores da Alegria. A apresentação emocionante contou com bateria, destaques da escola de samba e artistas convidados com e sem deficiência.

A porta-bandeira Lu Rufino, empreendedora, artista e usuária de cadeira de rodas, lembrou que o grupo é a única escola de samba do mundo voltada as pessoas com deficiência:
— Num país onde pessoas como eu, como nós, que somos invisibilizados, chegar em um espaço e sermos mostrados não como pessoas com deficiência, mas como artistas, isso muda conceitos. E são esses paradigmas que a gente quer quebrar”, afirmou após a apresentação.
Já Fernanda Honorato, rainha da bateria da escola e artista com síndrome de Down, destacou a felicidade e o orgulho de fazer parte da Embaixadores da Alegria. A escola, segunda ela, mostra que “todo mundo tem capacidade de um dia chegar à Marquês de Sapucaí”.
O mestre-sala Lincoln Pereira também revelou sua felicidade de fazer parte desse momento. “Vir aqui, nesse espaço maravilhoso, para mostrar o nosso trabalho, esse trabalho de inclusão, de pertencimento que a sociedade precisa cada vez mais, para mim, é uma honra”, ressaltou.
O público também ficou encantado. “Foi uma experiência emocionante! Minha filha ama música e ver a apresentação dos Embaixadores da Alegria de pertinho, com toda essa energia do Carnaval, foi maravilhoso. Fiquei muito feliz de ver que a Fiocruz tem acessibilidade, permitindo que ela participasse plenamente, como qualquer outra criança”, destacou Helen Rodrigues, de 38 anos. E acrescentou que a inclusão não é apenas sobre acessibilidade, mas sobre garantir que todas as pessoas tenham as mesmas oportunidades de viver e se divertir juntas na sociedade.
Oficinas lúdicas estimularam a criatividade
Além de música, a programação do ‘Quero + Folia no Museu’ também contou com três oficinas educativas: Customização de Abadá, Instrumentos Musicais Recicláveis e Aedes no Palito.
Na Oficina de Customização de Abadá, o público pôde soltar a imaginação e decorar camisetas com materiais sustentáveis como fitas, franjas e strass. Todas as camisetas usadas na atividade tinham a logomarca do Museu, que foi aplicada com stencil (técnica de pintura) individualmente pelo artista Rodney Wilbert, proponente da oficina. Após a oficina, os participantes puderam ainda levá-las para casa.
“Acho que o mundo cada vez mais é um mundo de novas possibilidades. As crianças têm que inventar novas possibilidades para o mundo, não só pessoal, particular, individual, mas a nível social” destacou Wilbert. Segundo ele, a arte, independentemente da temporalidade, de ser Carnaval, possibilita protagonismo, criação coletiva, brincadeira e diversão. “Tudo isso é saúde, tudo isso é ciência e tudo isso também é arte”, ressaltou.

A criatividade também foi o ponto alto da Oficina de Instrumentos Musicais Recicláveis, ministrada por Tereza Costa, educadora do Museu. Segundo Costa, a atividade foi pensada para crianças a partir de 4 anos de idade. O objetivo pedagógico, científico, era que elas investigassem as possibilidades de produzir sons.
— A gente propôs atividade de uma maneira investigativa, pedindo para que as crianças adivinhassem o que tinha dentro do chocalho. Elas testavam suas hipóteses porque assim, além de desenvolverem a sua capacidade de discernir sons diferentes, elas também desenvolvem a sua capacidade de elaborar uma hipótese e testar essa hipótese, explicou.
Mas os benefícios não param por aí. De acordo com Costa, a ação também contribui para o desenvolvimento da coordenação motora fina das crianças. Outro aspecto positivo foi perceber que a atividade foi feita em família, pois muitas vezes as crianças pediam ajuda para os responsáveis.
Houve ainda uma preocupação com a inclusão. “Nós usamos uma caixa de som, com um plástico por cima, para que crianças com deficiência visual pudessem ‘ver’ o som (pela vibração)”, destacou Costa.
Já na oficina Aedes no Palito as crianças exploraram habilidades manuais e artesanais, produzindo modelos em papel do mosquito Aedes aegypti. Além disso, conheceram mais sobre as características desse inseto.
Teatro, Trenzinho da Ciência, Castelo Mourisco, picolé e muito mais!

Além de todas as atrações extras, o 'Quero+Folia no Museu' também teve sessão da peça de teatro 'Paracelso: O fenomenal!' na Tenda da Ciência Virgínia Schall.
O público pôde conhecer ainda o Castelo Mourisco a partir de visitas na língua brasileira de sinais (Libras). As exposições ‘Aedes: Que Mosquito É Esse?’, instalada no Castelo, e ‘Vida e Saúde: relações (in)visíveis’, no prédio da Cavalariça, também estavam abertas à visitação. Outras atrações foram o Parque da Ciência e a Pirâmide, o Borboletário e o Trenzinho da Ciência. A Lojinha do Museu também estava aberta e quem passou por lá pôde adquirir uma lembrança desse dia tão especial... Tudo isso regado a muito picolé para aplacar o calor do verão carioca!
Lucas Mendes, de 9 anos, contou como foi sua experiência:
— Achei a visita à Pirâmide muito divertida e cheia de coisas incríveis para descobrir! Na Câmara Escura, parecia mágica ver as imagens aparecendo do lado de dentro. Adorei olhar no microscópio e ver os bichinhos na gota d’água porque parecia um mundo escondido que a gente não consegue ver. Foi como ser um cientista por um dia!
Já para o Caíque Souza, de 11 anos, o Trenzinho da Ciência e os prédios históricos vão ficar guardados na memória:
— Eu vim de ônibus de Bonsucesso e pude andar de trenzinho pela primeira vez aqui. Depois do passeio, fui até o Castelo e a Cavalariça. Parecia que eu estava visitando os lugares que vejo no videogame, só que na vida real é muito maior!”, contou.
O evento ‘Quero + Folia no Museu’ foi uma iniciativa do Museu da Vida Fiocruz, da Fundação Oswaldo Cruz, do Ministério da Cultura e do Governo Federal, com gestão cultural da Associação Amigos do Museu da Vida Fiocruz e apoio institucional da Fundação de Apoio à Fiocruz - Fiotec. Contou ainda com patrocínio das empresas Merck, Abbott e White Martins, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.
Publicado em 27 de fevereiro de 2025.