Por Teresa Santos

Na última segunda (03/02), o Museu da Vida Fiocruz realizou o evento ‘Ciência Móvel 18 Anos: Entre Estudos, Vivências e Experiências'. O encontro, que celebrou as quase duas décadas do nosso museu itinerante, reuniu representantes do Museu, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), bem como colaboradores e ex-colaboradores do Ciência Móvel. O dia foi de exaltação dessa iniciativa de sucesso, mas também de aprendizado, confraternização, lembranças e muita emoção. Em breve, o vídeo do evento estará disponível no canal do YouTube do Museu.
Já no início do evento, Luiza Andréa Cardoso, diretora executiva da Associação Amigos do Museu da Vida Fiocruz e apresentadora da celebração, destacou que o encontro era um evento afetivo.

A afetividade, de fato, deu o tom à mesa de abertura. Fabíola Mayrink, coordenadora do Serviço de Itinerância do Museu e que está neste setor desde 2018, lembrou alguns desafios ao longo de sua trajetória, entre eles, a necessidade de itinerar virtualmente durante a pandemia da Covid-19. "Estou aprendendo muito mesmo após tantos anos", destacou Mayrink.
Também fizeram parte da mesa de abertura Ana Carolina Gonzalez, chefe do Museu da Vida Fiocruz e ex-coordenadora do Serviço de Itinerância, e Marcos José de Araújo Pinheiro, diretor da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). Pinheiro ressaltou que as ações de itinerância requerem uma logística que não é trivial. Além disso, destacou que o Ciência Móvel leva a ciência a lugares que não têm outras oportunidades e que sofrem com a carência de aparelhos culturais. “Isso é muito importante na formação dos jovens e da população como um todo”, pontuou.
Trabalhos acadêmicos destacam o poder transformador do Ciência Móvel

Após a sessão institucional, foi realizada uma mesa de apresentação de trabalhos sobre o Ciência Móvel. José Ribamar Ferreira, idealizador da iniciativa, compartilhou detalhes de como surgiu a ideia de criar uma versão itinerante do Museu da Vida Fiocruz e também de como essa iniciativa se consolidou. Ele destacou a importância da interiorização, da busca pela universalização do conhecimento, especialmente, em cenários onde o isolamento geográfico e a baixa renda dificultam o acesso a esse bem. "Os monitores (do Ciência Móvel) são contadores de história, contadores de história da ciência", ressaltou.
Já Sônia Mano, pesquisadora do Núcleo de Estudos de Público e Avaliação em Museus (NEPAM), abordou o tema ‘Ciência Móvel: lembranças que marcam’. Ela apresentou dados de dois trabalhos, um publicado em 2012 na Revista Tempo Brasileiro e outro divulgado em 2017 nos Cadernos do Museu da Vida. Segundo Mano, as pesquisas que ouviram o público em 2011 e 2015 mostraram que o Ciência Móvel manteve um padrão, com taxas de satisfação acima de 90% nos dois momentos de análise. E, entre os termos mais citados pelos entrevistados também nos dois anos de coleta de dados, apareceram ‘conhecimento’, ‘interesse pela ciência’, ‘aprendizado’, e ‘interatividade’.
A sessão contou ainda com a apresentação ‘Para compreender o presente: uma revisita ao Ciência Móvel’, de Beatriz Schwenck, coordenadora da Biblioteca de Educação e Divulgação Científica Iloni Seibel. Ela apresentou alguns dados do estudo que desenvolveu durante seu mestrado e que resultou na dissertação 'Ciência Móvel: a mediação informacional nas exposições de um museu itinerante' finalizada em 2011. Também trouxe relatos emocionantes e inspiradores de trabalhadores do Ciência Móvel. Todo o material foi coletado na época da pesquisa, quando o Ciência Móvel tinha apenas três anos de existência.
A última apresentação da mesa foi de Ana Carolina Gonzalez, chefe do Museu da Vida Fiocruz. Ela compartilhou detalhes de sua tese de doutorado que também foi inspirada no Ciência Móvel: ‘Museus que aprendem? A itinerância e a coprodução de conhecimentos na fronteira entre ciência e sociedade’. “A possibilidade de ter um museu itinerante é a forma da instituição verdadeiramente ser transformada pela sociedade”, destacou Gonzalez, lembrando que a cada nova visita, a cada nova interação, o museu também retorna diferente.
Lançamento de livro e relatos de experiências

Na parte da tarde, foi realizado o lançamento do livro 'Ciência Móvel: Memórias’. A publicação digital reúne relatos de experiências de colaboradores e ex-colaboradores do Ciência Móvel ao longo desses 18 anos de estrada. Durante o lançamento, as organizadoras da obra Fernanda França e Laís Viana e o designer e ilustrador Caio Baldi contaram um pouco sobre o processo de criação e os desafios enfrentados. Segundo Viana, uma das etapas mais difíceis foi lidar com as expectativas tanto da equipe executora quanto das outras pessoas. "Queríamos que todos se sentissem contemplados", destacou. Já Baldi acrescentou: "Eu escuto e respeito a história de vocês".
O último bloco do evento foi dedicado a relatos de experiências. Alguns deles estão disponíveis no livro 'Ciência Móvel: Memórias’. Carine Braga, Daniela Ramos, Fabiana Alves, Marcus Soares, Rafaela Silva, Raquel Barros, Rodrigo Moraes, Sérgio Magalhães e Fernanda França compartilharam lembranças do tempo em que atuaram no Ciência Móvel e também trabalhos que desenvolveram inspirados pela iniciativa. “Eu ouvi muitas crianças falando que aquele dia era o melhor da vida delas. Muitas não sabiam o que era um microscópio, nunca tinham ouvido falar em planetário. Então, é muito lindo você ver que você mudou a vida de uma criança, que você mudou a vida de alguém”, destacou França. Parabéns, Ciência Móvel! Que venham mais anos de arte e ciência sobre rodas!
Baixe aqui o ‘Livro de Memórias do Ciência Móvel’.
Publicado em 06 de fevereiro de 2025.