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Informativo do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica do Museu da Vida
Ano XXII - nº. 318. RJ, 10 de dezembro de 2024.
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Ainda não foi dessa vez. A COP29 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), realizada em novembro, em Baku, no Azerbaijão, acabou, com um dia de atraso e muita frustração. O acordo final estipula meta tímida de financiamento climático e recua em compromissos sobre transição energética. Alguns países chegaram a abandonar as negociações em protesto. A falta de consenso – e de ambição – deixou desafios adicionais para a COP30, que vai acontecer em novembro do ano que vem, em Belém. O financiamento climático terá que voltar à agenda da conferência, que deve incluir ainda a redução de emissões de gases de efeito estufa, a adaptação às mudanças climáticas e a justiça climática. Já a declaração final da Cúpula dos Líderes do G20, realizada também em novembro, no Rio de Janeiro, dedica seis páginas ao desenvolvimento sustentável e a ações climáticas. O documento reafirma o compromisso dos países do grupo de intensificar esforços para garantir a sustentabilidade ambiental e climática e particularmente a meta do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura média global para abaixo de 2 graus Celsius. Também apoia o Fundo Florestas Tropicais Para Sempre (TFFF), apontando-o como um mecanismo inovador, que busca mobilizar novas e diversas fontes de financiamento para pagar por serviços ecossistêmicos das florestas tropicais. Mas, até agora, no que tange à crise climática, há muito mais documentos e debates do que ações concretas. A ver... Falando em clima, o Ciência & Sociedade de dezembro divulga a nova exposição em cartaz no Museu do Ipiranga, em São Paulo, “Onde há fumaça: arte e emergência climática”. A mostra conecta obras do seu acervo histórico e artistas contemporâneos para abordar o tema e questionar o modelo de progresso do Brasil. Falando em arte, para o biólogo e divulgador Luiz Bento, ela é o caminho para uma divulgação científica inclusiva, sensível e com preocupação social. Bento é autor de um dos textos sugeridos neste número do boletim. Nele trazemos ainda outras dicas de leituras, ações, eventos e oportunidades em divulgação científica. Boa leitura!


Especial Desinformação

Pela ciência e democracia, contra a desinformação – Ainda que possa parecer óbvio para quem atua no campo da divulgação científica, é sempre bom destacar e mesmo repetir: “Lidar com a desinformação é um processo contínuo e requer esforços coletivos”. A frase entre aspas não é da equipe do C&S, mas da atual presidente da Academia Brasileira de Ciências, Helena Nader, e está em um dos textos de abertura do livro ENFRENTA: Enfrentamento da desinformação na ciência, organizado por Manoel Barral-Netto e Carlos Vogt, a partir das apresentações realizadas em um ciclo de webinários incluindo diferentes pesquisadores e divulgadores. O escopo do livro é amplo e traz para o debate as ações dos poderes Executivo e Legislativo relacionadas ao tema da desinformação, suas motivações sociais e políticas, a desconfiança em relação à ciência e à saúde e, também, reflexões sobre como as mídias sociais e a comunicação de maneira geral podem ajudar no combate à desinformação. O documento destaca como incontornável “o estabelecimento de marcos legais que, mantida a liberdade de expressão, estabeleçam regras de transparência nas plataformas sociais e a responsabilização sobre as palavras e ações das autoridades, das figuras e dos agentes públicos”. É notável também que a iniciativa, envolvendo participação de importantes instituições de pesquisa, ressalte a necessidade da participação das sociedades científicas neste tema e que a desinformação pode minar a confiança nessas entidades, prejudicar a saúde pública e a qualidade de vida das pessoas e ameaçar a democracia. O livro está disponível para consulta ou download aqui.


Leituras

Memes do Zé Gotinha como ferramenta de divulgação científica – A princípio, os memes podem parecer apenas uma brincadeira de internet. Mas, junto com o humor, essa forma de comunicação típica das redes sociais digitais também pode amplificar debates públicos, construir formas de ensinar e aprender, além de produzir significados. No artigo “Narrativas sobre vacinas, ciência e educação em memes do Zé Gotinha”, publicado na edição corrente da Ensino & Pesquisa, os autores analisaram 15 memes com a mascote das campanhas de vacinação brasileiras, observados no Instagram e no Tik Tok. A partir de uma análise netnográfica, os memes foram classificados nas categorias: meme persuasivo; de ação coletiva; e de discussão pública. Dentre as conclusões, os autores apontam que muitos dos memes produzidos a partir da representação do Zé Gotinha se inserem na chamada “mídia cívica” – formada por um tipo de conteúdo que visa o engajamento cívico ou a motivação para a participação no processo político. Também argumentam que as interações em rede através dos memes analisados proporcionam aprendizados por meio de narrativas sobre saúde pública. No entanto, ressaltam que, além de promover a popularização da ciência, os memes podem atrapalhá-la, já que também são usados no processo de desinformação. Leia o artigo completo.

Ciência, arte e empatia – Em tempos de circulação ampla e veloz da desinformação, é comum que cientistas e divulgadores adotem um discurso autoritário, baseado nos fatos da ciência, que devem ser acatados inquestionavelmente pelos cidadãos. Aqueles que não assim fizerem ou ousarem compartilhar sua opinião, são automaticamente tachados de ignorantes. No texto “A divulgação científica precisa ir além da ciência”, o biólogo e divulgador da Fundação Cecierj Luiz Bento critica essa postura, argumentando que ela não só afasta as pessoas da ciência, mas também as aproxima de grupos de extrema direita, mais acolhedores. Ao propor uma divulgação científica mais inclusiva – e mais efetiva –, Bento defende que a empatia deve ser a base para qualquer projeto de DC que tenha preocupação social e a inserção maior das ciências humanas, sociais e políticas na área. E das artes: “Para mim as artes são o nosso caminho para buscar a sensibilidade pelo que nos une como seres humanos. É a cola que vai nos ajudar a sair do buraco que a extrema direita está nos metendo”. O texto completo está disponível aqui.

 

Ações

Arte e meio ambiente – Obras de arte do passado e do presente dialogam na exposição “Onde há fumaça: arte e emergência climática”, em cartaz no Museu do Ipiranga, em São Paulo. A mostra conecta obras do acervo histórico da instituição e artistas contemporâneos para questionar o modelo de progresso do Brasil e abordar uma questão bastante atual: a crise do clima. Os visitantes vão observar pinturas e fotografias de artistas importantes, como o fotógrafo Guilherme Gaensly, que registrou, em 1900, mulheres lavando roupas nos rios de São Paulo – hoje poluídos –, e imagens dos trabalhadores nas fazendas de café, em 1924, registradas por Theodor Preising. Segundo o diretor do museu, Paulo César Garcez Marins, a mostra é “uma oportunidade para refletir sobre como nos relacionamos com o meio ambiente”. Saiba mais sobre preços e horários de visita.

Parabéns para a RedPOP – Em 2025, a Rede de Popularização da Ciência e da Tecnologia na América Latina e no Caribe completa 35 anos. A RedPOP, como é chamada, é uma rede formada por grupos, programas e centros de popularização da ciência e da tecnologia da região. Veja mais informações sobre a RedPOP e seu contexto de criação. Já para saber sobre as próximas ações comemorativas a serem realizadas pela rede, que culminam no seu evento bianual (ver próxima nota), de 9 a 13 de setembro de 2025, em Puebla, no México, acesse.

 

Eventos

Congresso RedPOP – O XIX Congresso da RedPOP será realizado de 9 a 13 de setembro de 2025 em Puebla, México, com o tema central “Ciência viva: conectando mentes e comunidades”. O evento vai reunir a comunidade de popularização da ciência da América Latina e do Caribe para compartilhar experiências, discutir perspectivas teóricas e promover colaborações. As propostas de trabalhos, que podem ser apresentados em diferentes formatos, devem ser enviadas entre 15/1 e 28/2 (às 21h, no horário da Cidade do México). Mais informações.

Webinário discute diversidade, equidade e inclusão em DC – No dia 13, às 14h (CET), acontece o evento on-line organizado pelo CIMUSET e Ingenium para debater os temas raça, inclusão sociocultural, descolonização e transformação em divulgação científica. A atividade faz parte do Prêmio de Reconhecimento Especial CIMUSET, concedido este ano ao livro editado por Elizabeth Rasekoala, uma das palestrantes da iniciativa. Inscrições gratuitas.

 

Oportunidades

Bolsas para divulgadores de ciência – Até março de 2025, o Programa de Terapia Celular e Gênica do INCA, no Rio de Janeiro, faz pré-seleção para a concessão de bolsas, incluindo de nível superior em qualquer área com título de doutor e experiência em divulgação científica (DC) ou experiência profissional mínima de seis anos em atividades de DC (bolsa de R$ 5200). Se o candidato possuir mestrado ou três anos de experiência em DC, a bolsa é de R$ 3900. Se inscreva pelo formulário.

Estágio para jornalistas de ciências – Estão abertas até 10/1 as inscrições para estágio em jornalismo da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, em inglês), que ocorre em Washington (EUA), de junho a agosto de 2025, sob orientação de escritores e editores científicos da revista Science. Além do valor do estágio (US$ 19 por hora), a AAAS paga passagens de ida e volta para Washington. Saiba mais.

Harvard aguarda jornalistas – O Knight Science (programa do MIT) selecionará dez jornalistas de todo mundo para estágio em Boston, iniciando em agosto/25. A iniciativa apoia uma comunidade global de jornalistas, especializados em ciência, saúde e tecnologia. Cada selecionado receberá 85 mil dólares, em parcelas, ao longo de nove meses e meio; apoio para passagens e moradia no período do estágio; e seguro saúde. As inscrições vão até 15/1 (23h59, EST).  Confira o edital e se inscreva.



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Ciência & Sociedade é o informativo eletrônico do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica do Museu da Vida (Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz). Editores de Ciência & Sociedade: Carla Almeida e Marina Ramalho. Redatores: Luís Amorim e Rosicler Neves. Projeto gráfico: Barbara Mello. Informações, sugestões, comentários, críticas etc. são bem-vindos pelo endereço eletrônico <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>. Para se inscrever ou cancelar sua assinatura do Ciência & Sociedade, envie um e-mail para <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>.        

*A seção Especial Desinformação é uma iniciativa do projeto “O desafio da desinformação em saúde: compreendendo a recepção para uma melhor divulgação científica”, contemplado pelo Programa Proep 2022, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) e do CNPq.

 

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