Por Tatiane Lima, Julianne Gouveia, Deborah Araújo e Teresa Santos
A 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na Fiocruz chega ao fim com diversas ações realizadas em dez unidades da instituição. Neste sábado (19/10), o campus Fiocruz Manguinhos recebeu visitantes na Feira da Ciência, Castelo, Borboletário, Prédio da Cavalariça, Parque da Ciência, Pirâmide e na Tenda da Ciência Virgínia Schall. Nos próximos dias, a Fiocruz ainda oferecerá ações territoriais em diversos estados, levando ciência e tecnologia para perto da população.
Na Feira da Ciência, quatro estandes mostraram o universo dos microbiomas. Foram apresentados ao público, microrganismos, larvas e insetos que fazem parte do cotidiano das pessoas. Os visitantes participaram de atividades que mostravam quais espécies são prejudiciais e quais são inofensivas aos seres humanos.
O estande ‘Há vida na gota d’água?’, do Serviço de Educação do Museu da Vida Fiocruz, apresentou no microscópio e na tela grande seres que vivem em gotas de água de um exemplar de bromélia. As crianças presentes se surpreenderam com o copépode, espécie de microrganismo que inspirou a criação do personagem Plankton, da animação Bob Esponja, e mais outras espécies que podiam ser vistas vivas se movimentando na água. A atividade alertou para a importância da água tratada própria para consumo e para a a manutenção da higiene no contato com as espécies vegetais. “É importante também mostrar a diversidade de microrganismos, pois temos a ideia de que eles são vilões. Nem todos os microrganismos causam doenças”, explicaram os mediadores Gabriele Galdino e Thiago Zanon.
O Laboratório de Medicina Experimental e Saúde (LAMES), do Instituto Oswaldo Cruz (IOC), trouxe duas atividades para a Feira da Ciência. O estande ‘Helmintoses transmitidas por moluscos’ trouxe para o público jogos e massinhas para falar das três formas de contaminação causadas por parasitas que se desenvolvem no corpo dos moluscos, entre outras informações. “Hoje vieram mais pais que estudantes, e eles falaram que os filhos brincam com moluscos. Muitos deles não têm ideia de que os moluscos podem transmitir parasitas, que eles são vetores de doenças”, observou Ester Mota, pesquisadora do IOC. Já ‘Diversidade é vida: coleções biológicas e os biomas brasileiros’ foi oferecida em parceria com o Museu da Patologia. As proponentes apresentaram ao público a coleção biológica do museu, com espécies que causam doenças, infecções ou queimaduras leves.
A equipe do Laboratório de Taxonomia, Bioquímica e Bioprospecção de Fungos (LTBBF) do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) trouxe a atividade ‘Fungos: Heróis ou vilões?’. O público que passou pelo estande pôde conhecer mais sobre os fungos, incluindo sua diversidade, ciclo de vida e onde podem ser encontrados na natureza. Com cartazes, jogo da memória e quebra-cabeça, os proponentes Bruno Fernandes e Bruna Albuquerque, explicaram como algumas espécies de fungos podem causar doenças e outras podem ser usadas na promoção da saúde, na biotecnologia e na alimentação.
Você sabia que dá para extrair DNA usando coisas que encontra no dia a dia? Sim! Quem passou pelo estande da equipe da Rede Nacional de Genômica dos Erros Inatos da Imunidade (RENOMIEII), do Instituto Fernandes Figueira(IFF/Fiocruz), na Feira da Ciência neste sábado (19/10) pôde participar da extração do DNA de bananas. Para o processo, além da fruta, foram utilizados ainda saco plástico, copinho de café, sal, detergente, álcool, filtro de café e gelo.
Atividades lúdicas para aprender brincando
‘Descobrindo o Fibrão ’, oferecido pelo Museu da Vida em parceira com a Associação dos Fibromiálgicos, Amigos e Parentes de Niterói (AFAPNit), provocou uma experiência sensível e empática aos visitantes. A partir de uma vestimenta especial, o público pôde experimentar uma sensação próxima ao que é o convívio diária com a fibromialgia, uma síndrome que se caracteriza por dor generalizada e persistente. Os visitantes receberam um cordel escrito por Kaká Feiras, pedagoga e poeta da AFAPNit que é uma paciente fibromiálgica. “Em 17 estados do Brasil, a pessoa com fibromialgia é reconhecida como PcD. A gente quer que esse projeto seja nacional”, revelou Freitas.
‘Faça uma tinta invisível’, também promovida pelo Museu da Vida Fiocruz, mostrou como escrever algo com uma tinta de bicarbonato de sódio que só é revelado na interação com cúrcuma e álcool. A atividade faz parte do Invivo, site do museu voltado para a divulgação científica. Para mais detalhes da atividade acesse aqui.
O tempo nublado não impediu o lançamento de foguetes artesanais no gramado lateral da Biblioteca de Manguinhos. A atividade ‘Oficina de Foguetes’, da Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA) ensinou os visitantes a construírem pequenos foguetes com papel, papel alumínio e bola de gude. Depois da montagem na Feira da Ciência, os participantes faziam o lançamento a partir de uma bomba de ar de roda de bicicleta.
Neste sábado, atividades regulares do Museu da Vida Fiocruz também integraram a programação da 21ª SNCT, como as visitas ao Castelo Mourisco e ao Prédio da Cavalariça. Aliás, vocês sabiam que o conjunto histórico arquitetônico da Fundação Oswaldo Cruz foi incluído em fevereiro deste ano na lista indicativa do Brasil a Patrimônio Mundial pela UNESCO? A iniciativa foi apresentada também na atividade ‘ Fundação Oswaldo Cruz: saúde, ciência e cultura em Manguinhos: de quem é esse patrimônio?’. “O processo de candidatura a patrimônio mundial tem várias etapas. A primeira é participar de uma lista que a União faz, que inclui bens naturais, culturais e arquitetônicos. É feita por várias instituições, mas a apresentação da lista é feita pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) junto à Brasunesco (Delegação do Brasil junto à UNESCO) e ao Itamaraty – Ministério das Relações Exteriores”, explicou Ianara Costa Rais, arquiteta contratada pela Casa de Oswaldo Cruz (COC) para compor a equipe do Núcleo Arquitetônico Histórico de Manguinhos (NAHM).
A programação da SNCT na Fiocruz também recebeu a dançarina indígena Hannah Cacy Potiguar, com a exposição ‘Achados para uma Cachoeira dos Índios/PB’. Entre os objetos expostos, havia zarabatanas, capas de lobo-guará e de gato-do-mato, saia e bracelete de couro de jacaré enfeitados com sementes de pau-brasil, um cocar com pena de gavião-mariano, entre outros. “Os objetos sagrados são os feitos com animais silvestres”, contou Hannah. “As sementes vermelhas significam o sangue derramado de indígenas e as pretas, luto.”
O último dia da SNCT 2024 também foi uma oportunidade para conhecer o Borboletário do Museu da Vida Fiocruz. Por lá, é possível ter contato com três espécies de borboletas: a Ascia Monuste (a toda branca, conhecida como borboleta da couve), Anteos Menippe (conhecida como ponta de laranja) e a Dryas Iulia (laranja). O espaço contém ainda muitas plantas, o que permite uma imersão completa no universo das borboletas. E os educadores completam a experiência, explicando sobre o ciclo de vida desses insetos, seus hábitos alimentares, táticas e estratégias de sobrevivência. “Eu já tinha vindo ao Museu da Vida Fiocruz, mas é a primeira vez que venho ao Borboletário. Achei o máximo, é bem legal. E a gente traz a criança e, como ele já viu na escola o ciclo de vida da borboleta, ele pôde ver ao vivo, sair da teoria. É muito interessante”, destacou Gisele Perna, que veio ao evento com o filho, de sete anos, e o marido.
Também teve teatro para fechar a SNCT 2024 na Fiocruz com chave de ouro. A programação de sábado (19/10) contou com uma apresentação da peça ‘Paracelso, O Fenomenal’ na Tenda da Ciência Virgínia Schall. A plateia lotada e animada assistiu a um verdadeiro show de ciências. Paracelso e sua assistente Ununúltima fizeram experiências incríveis, que divertiram e encantaram o público. Bruno Marinho, que já tinha vindo tempos atrás ao Museu e assistiu ao espetáculo pela primeira vez, contou como foi sua experiência: “A peça foi espetacular, meu filho, que tem cinco anos, adorou. Ele já está me perguntando como vamos poder fazer esses experimentos em casa. Muito legal! Estão de parabéns”.
A SNCT na Fiocruz é o maior evento de divulgação e popularização da ciência, da tecnologia e da inovação do Brasil, abordando o desenvolvimento de pesquisas nesse campo sempre de forma lúdica e atrativa. Além das mais de 100 atividades inscritas para o campus Fiocruz Maré-Manguinhos (RJ), a instituição também oferecerá ao público dezenas de outras atividades em suas unidades regionais. A 21ª SNCT na Fiocruz conta com parceria da Pró-Reitoria de Extensão | PR-5 da UFRJ e Sesc Rio, além do apoio do CNPq, da Fulltime Logística e Águas do Rio. A realização é da Fundação Oswaldo Cruz, Ministério da Saúde e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Publicado em 21 de outubro de 2024