Por Tatiane Lima, Julianne Gouveia, Deborah Araújo, Teresa Santos, Melissa Cannabrava, Claudia Marapodi e Ana Emília Goulart Lemos
O penúltimo dia (18/10) de atividades da 21ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na Fiocruz contou com um público extenso no campus Manguinhos, incluindo o presidente da Fundação, Mario Moreira. Antes do horário de início da programação (9h), dezenas de estudantes já aguardavam a abertura da Feira da Ciência. A sexta-feira foi de pura diversão e aprendizado para estudantes, professores, pesquisadores e público em geral. Foram mais de 40 atividades, entre rodas de conversa, oficinas, feira de ciências, exposições, peças teatrais e jogos que agitaram o dia.
A Feira da Ciência ficou movimentada ao longo de todo o dia. O presidente da Fundação Oswaldo Cruz, Mario Moreira, visitou o espaço na tarde desta sexta e interagiu com proponentes de todos os projetos.
A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia na Fiocruz é uma expressão da nossa finalidade enquanto instituição de C&T, divulgando e popularizando a ciência. É um evento fundamental para que a Fiocruz continue se afirmando como uma das principais instituições de ciência e tecnologia do Brasil, em diálogo com a sociedade. Esse é o nosso papel, é o nosso DNA. Estou muito feliz, afirma o presidente.
Entre as iniciativas da Feira da Ciência, estava o programa ‘Mulheres e Meninas na Ciência’, que ofereceu ao público atividades lúdicas e brindes, como exemplares do livro “Histórias para inspirar futuras cientistas”, de Juliana Krapp e Mel Bonfim (Portinho Livre/Fiocruz, 2021). O programa realiza ações principalmente alunas do oitavo e nono ano dos ensinos Fundamental e Médio. “A inclusão é sempre a nossa maior meta. Às vezes nós achamos que já avançamos muito, mas quando olhamos para a história, vemos que ainda é muito pouco”, declarou Dayana Gusmão, coordenadora das bolsistas do programa.
O estande da Rede Nacional de Genômica dos Erros Inatos da Imunidade (RENOMIEII), ação promovida pelo Instituto Fernandes Figueira (IFF), desconstruiu o imaginário popular de que a mutação genética é algo ruim. Na atividade, os participantes puderam compreender a formação do DNA a partir da simulação feita com balas de gomas. “Quando a combinação de DNA não é correta, ela gera uma mutação genética. Quando a mutação é rara, está mais relacionada a doenças. Quando ela é comum, está mais associada às características das diversidades entre os seres, como tom de pele, cor dos olhos, as raças dos animais”, explicou Filipi Vicente, pós-doutorando em genômica do IFF.
O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos) da Fiocruz apresentou as etapas de produção de medicamentos. Foram quatro estandes presentes na Feira da Ciência, um do Laboratório de Farmacologia Aplicada (LFA) e outros três do Departamento de Produtos Naturais. “O objetivo de trazer essas atividades para a SNCT é mostrar para o público como é realizado o processo de produção do medicamento feito a partir de plantas”, relata José Mazzei, pesquisador do Farmanguinhos.
A LFA trouxe para o estande ‘Da mata atlântica ao medicamento’, em que os visitantes puderam, a partir de tinta artificial, simular testes farmacológicos em que se mede o grau de toxicidade da aplicação de uma determinada substância ao extrato da aroeira. O primeiro estande do Departamento de Produtos Naturais, o ‘Essa plantinha é para que?’, mostrou ao público o que é feito depois do cultivo da planta. No estande ‘Hum… Que cheiro é esse?’ foi apresentada a etapa de pulverização, em que as folhas são secadas, trituradas ou cortadas. A atividade oferecida nesse estande foi a experiência sensorial, já que os participantes puderam sentir o cheiro do material coletado. O estande ‘A química das plantas que curam’ apresentou a fase de realização de ensaios químicos. Os visitantes puderam simular dois tipos de experimentos: um com ácido e ou com base (solução) em que há alteração de cor nas misturas.
A Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (OBSMA), iniciativa da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC) da Fiocruz presente com um espaço na Feira da Ciência, desenvolveu quatro jogos interativos em parceria com o Museu da Vida, que têm como foco os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030. Entre eles, destaca-se um bingo educativo sobre os biomas brasileiros, que incentiva os alunos a descobrirem mais sobre a diversidade ecológica do país. Além disso, um jogo de ‘Quem Sou Eu?’ permite que os participantes adivinhem objetos, personalidades e animais relacionados ao tema ambiental, promovendo aprendizado de forma lúdica.
Teatro, música e debate
A manhã já começou animada. Na Tenda da Ciência Virginia Schall, estudantes do nono ano da Escola Municipal Rio Grande do Sul, de Engenho de Dentro, participaram da oficina ‘Jogos Teatrais para Engajar Jovens sobre a Desinformação’. Com muito movimento e criatividade, os estudantes participaram de brincadeiras como “O tempo muda para que…”, semelhante aos jogos “eu nunca” e “dança das cadeiras”. “A gente adora teatro aqui no Museu da Vida Fiocruz. É uma vocação que a gente tem, falar de ciência através da arte”, explicou Kailani Vinício, integrante do Ciência em Cena, projeto do Museu da Vida Fiocruz.
Composições de Paulinho da Viola, Altamiro Carrilho, Pixinguinha e Chiquinha Gonzaga foram graciosamente performadas pela Camerata e Orquestra Popular de Choro Jonas Barros no Auditório do Museu da Vida Fiocruz. O coletivo de jovens musicistas periféricos nasceu da parceria entre o Instituto Cultural Grupo 100% Suburbano e a Cooperação Social da Fiocruz. “A saúde pode ser impactada pela cultura, sobretudo nas áreas mais vulnerabilizadas da cidade”, declarou Claudio Jorge Soares, vice-presidente do 100% Suburbano. “Nem todo o saber está na academia. É importante combinar o saber acadêmico com o saber popular”, completou.
Na Sala de Aula do Museu da Vida Fiocruz, a atividade ‘Doença de Chagas: Brincando de aprender’, sob a responsabilidade das profas. Sheila Mendonça de Souza(ENSP), Daniela Leles e Danuza Mattos (UFF), apresentou o Trypanossoma cruzi a partir de conteúdo multimídia e jogos interativos. Os alunos participaram de um quiz com perguntas sobre história e evolução, epidemiologia, entre outros, além de atividades que estimularam o tato e a curiosidade. Houve ainda a exposição de vetores para visualização por estudantes da Escola Ciep 016.
O bate-papo ‘Amamentação Inclusiva no Sistema Único de Saúde – o projeto ENSP e rBLH’ aconteceu quase simultaneamente na Sala de Leitura da Biblioteca de Manguinhos. Os visitantes participaram de dois jogos de perguntas e respostas sobre aleitamento e atenção inclusiva com direito a brinde. Durante a dinâmica, foi discutida a importância de combater o capacitismo e de eliminar as barreiras do aleitamento para mães com deficiência ou com filhos com deficiência. A proposta está vinculada à recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) que orienta o aleitamento materno exclusivo até os seis meses de idade. A taxa de aleitamento materno ainda está abaixo da meta, que é de 50% até 2025. “Mulheres com deficiência amamentam menos por conta da falta de qualificação dos trabalhadores da saúde para uma atenção inclusiva”, conta Rafaele Cristine Ribeiro, enfermeira da Rede Brasileira de Banco de Leite Humano: Uma Ação Interunidades ENSP/IFF-rBLH. O objetivo do projeto é mapear as lacunas na alimentação inclusiva e criar estratégicas educomunicacionais para amamentação de PcDs.
À tarde, a oficina ‘Memória com Ciência’, realizada no Hall da Biblioteca de Manguinhos, apresentou um jogo da memória em que os participantes conheceram itens do acervo do Museu da Vida Fiocruz. O jogo tem doze cartas: seis mostram objetos científicos e as outras seis trazem imagens. A ideia é combinar as cartas ilustrativas com as informativas, ajudando a fixar o conhecimento. Além do acervo físico, o Museu possui um acervo digital com mais de dois mil itens. Parte dele está disponível na Base Museu.
Como a cannabis ajudaria nossos biomas em tempos de crise climática? Esta foi a pergunta que motivou um bate-papo no Auditório do Museu da Vida Fiocruz. Os proponentes da Liga Acadêmica de Cannabis Medicinal (LACAM) mostraram que a planta pode ajudar a sociedade a alcançar vários Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030. Eles explicaram que ela tem, por exemplo, a capacidade de limpar solos contaminados e o potencial de gerar fibras que podem ser utilizadas na fabricação de vários produtos, que vão desde materiais de construção até bioplástico. “A cannabis pode ajudar a colocar o solo do Brasil e do mundo em ordem”, destacou o proponente Raphael Fontes, estudante de agronomia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Sarah Joanni, estudante de psicologia da UFRRJ, também lembrou do potencial da planta como alternativa terapêutica na epilepsia, nos transtornos de estresse pós-traumático (TEPT) e do espectro autista (TEA), entre outras condições. “Não tem como falar de saúde mental sem falar de sustentabilidade”.
Para encerrar as atividades do dia, os visitantes prestigiaram a websérie ‘Cozinhando com PrEPina Blue’, na Tenda da Ciência Virginia Schall. O projeto audiovisual é uma iniciativa do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz) criada para divulgar informações sobre a prevenção e o tratamento combinado ao HIV, assim como outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Após a exibição, o público participou de um um bate-papo com a personagem PrEPina, interpretada por Toni Araujo dos Santos, e as pesquisadoras Beatriz Gilda Jegerhorn Grinsztejn, Valdileia Gonçalves Veloso do Santos e Mayara Secco Torres da Silva, do Laboratório de Pesquisa Clínica em IST e Aids do INI.
A SNCT na Fiocruz é o maior evento de divulgação e popularização da ciência, da tecnologia e da inovação do Brasil, abordando o desenvolvimento de pesquisas nesse campo sempre de forma lúdica e atrativa. Além das mais de 100 atividades inscritas para o campus Fiocruz Maré-Manguinhos (RJ), a instituição também oferecerá ao público dezenas de outras atividades em suas unidades regionais. A 21ª SNCT na Fiocruz conta com parceria da Pró-Reitoria de Extensão | PR-5 da UFRJ e Sesc Rio, além do apoio do CNPq, da Fulltime Logística e Águas do Rio. A realização é da Fundação Oswaldo Cruz, Ministério da Saúde e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Aproveite! As atividades continuam no campus Fiocruz Manguinhos neste sábado (19/10)! Não perca a chance de participar do último dia do evento!
Publicado em 19 de outubro de 2024.