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Atividades inclusivas e exposição internacional marcam o primeiro dia de programação no Campus Fiocruz Manguinhos

Crédito: Equipe SNCT

Por Tatiane Lima, Julianne Gouveia, Deborah Araújo, Melissa Cannabrava, Claudia Marapodi e Ana Emília Goulart Lemos 

O primeiro dia (16/10) de atividades da 21ª SNCT na Fiocruz contou com diversas atividades no campus Fiocruz Manguinhos. Centenas de visitantes participaram de oficinas, bate-papos, ações educativas e espetáculos teatrais inspirados no tema ‘Biomas do Brasil: biodiversidade, saberes e tecnologias sociais’, além de uma exposição internacional.  


Mostra sobre cientista vencedora do Prêmio Nobel de Medicina  

Logo pela manhã, a inauguração da exposição ‘A fascinante jornada de uma bioquímica húngara até o Prêmio Nobel’ ocupou o Anfiteatro do Centro de Recepção do Museu da Vida Fiocruz. A iniciativa do Consulado Geral da Hungria homenageia a trajetória da bioquímica húngara Katalín Karikó, vencedora do Prêmio Nobel de Medicina de 2023 pelas contribuições para a ciência que permitiram o desenvolvimento de vacinas de mRNA contra a Covid-19. A cerimônia de abertura contou com a presença da cônsul-geral da Hungria em São Paulo Zsuzsanna Laszló, da chefe do Museu da Vida Fiocruz Ana Carolina Gonzalez, da assistente técnica de Cooperação da Casa de Oswaldo Cruz Fabiane Gaspar e das pesquisadoras de Bio-Manguinhos Ana Paula Dinis Ano Bom e Patrícia Neves.  

Crédito: Equipe SNCT

A exposição internacional é considerada um marco importante na história da instituição. “Sabemos de outras mulheres que, na sua história, não receberam nenhum prêmio científico. Hoje estamos falando de uma mulher que teve sua trajetória reconhecida”, conta Gonzalez. “Essa exposição é uma defesa das mulheres na ciência, da saúde pública e da vacinação como estratégia universal, que tem que ser acessível para todas e todos”, ressalta. “É uma honra trazer a história de Katalín para a Fiocruz”, reforça a cônsul Zsuzsanna Laszló. 

Líderes da Plataforma de RNA da Fiocruz, também representada na exposição, as cientistas Ana Paula Dinis Ano Bom e Patrícia Neves se emocionaram durante a cerimônia. “Nosso sonho é ter vacinas brasileiras. Não só vacinas para a Covid-19, mas todo tipo de vacinas”, revela Ano Bom. Neves reitera: “O Brasil tem uma capacidade de manufatura muito grande. Diante das dificuldades de cobertura das vacinas de Covid, era importante desenvolver nossa própria vacina. Isso não seria possível sem Katalín Karikó”. 

 

Atividades diversas na Feira da Ciência  

Com distribuição de brindes temáticos e muita animação, os visitantes puderam aprender sobre algumas iniciativas desenvolvidas pela Fiocruz em mais de 20 estandes na Feira da Ciência. O espaço apresentou atrações interativas sobre temas que tratavam desde estudos com os vírus da dengue e SARS-Cov-2 a atividades sobre o ciclo menstrual e a acessibilidade. 

O estande ‘As vacinas e a prevenção e controle de doenças via 6 biomas brasileiros”, do Laboratório de Pesquisa em Imunização e Vigilância em Saúde (LIVs/INI), trouxe um quiz vacinal com perguntas sobre a idade e o sexo dos participantes. O intuito era informar quais vacinas uma pessoa deveria tomar de acordo com sua faixa etária. Os proponentes alertaram para a importância da vacinação e salientaram sobre as doenças predominantes em diferentes biomas. “O calendário é unificado com algumas particularidades, como no caso de indígenas, que recebem doses diferentes – muito por conta do local onde a pessoa vive”, explica Hannah Lima, enfermeira do Livs/INI.  
 

Crédito: Equipe SNCT

O estande do ‘Quiz do Invivo: Especial Biomas’, uma parceria do Serviço de Educação e Núcleo de Mídias e Diálogo com o Público do Museu da Vida Fiocruz, apresentou ações inspiradas em conteúdos sobre biomas do site de ciências Invivo. Os visitantes entraram na brincadeira e produziram seus próprios ‘Aerogamis’, folhas giratórias criadas a partir de dobraduras. “Esses são modelos de sementes da Mata Atlântica, que têm essa característica de cair girando. O que a gente quer mostrar aqui é como o formato dessas sementes contribui para que elas se espalhem para longe. Isso favorece a reprodução das árvores”, conta Tereza Costa, educadora do Museu.  

Alunos de programas de pós-graduação da Casa de Oswaldo Cruz também marcaram presença com iniciativas especiais. A turma de Práticas em Divulgação Científica, disciplina ministrada pela professora Mônica Dahmouche nos cursos de Especialização em Divulgação e Popularização da Ciência e do Mestrado em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde da Casa de Oswaldo Cruz (COC), ofereceu três atividades. ‘E se reflorestássemos a Mata Atlântica?’ compartilhava diferenças básicas entre árvores nativas, como o pau-brasil, e árvores exóticas, como o eucalipto. Na atividade “Mata Atlântica sob outros olhos: um bioma fragmentado”, os visitantes exploravam duas câmaras escuras com imagens e elementos táteis de vegetações rasteiras de restinga e floresta. Em ‘Haja Flor! A Meliponicultura Brasileira em Foco’, o público foi apresentado a seis espécies de abelhas nativas brasileiras – todas sem ferrão, também conhecidas como Meliponíneos –, cada uma polinizando uma flor que representa um dos seis biomas do país. “A meliponicultura é uma técnica formada a partir da sabedoria local dos pequenos agricultores”, compartilha o aluno Felippe Fonseca após entregar um passo-a-passo de como fazer Atrativo de Jataí, uma isca para atrair abelhas nativas para sua horta ou jardim. 

 

Atividades sobre inclusão em diversos espaços 

A oficina ‘Simulação de Deficiências Físicas e Tecnologias Sociais na Reabilitação’, que ocorreu no Hall da Biblioteca de Manguinhos, integrou elementos da fisioterapia como estratégia para aumentar a motivação e o engajamento dos participantes. Eles tiveram a oportunidade de vivenciar a realidade de quem enfrenta essa condição e aprenderam como os jogos podem ser utilizados em tratamentos de reabilitação, trabalhando aspectos como força muscular, equilíbrio e condicionamento. “Um dos pontos mais comentados foi a dificuldade de se locomover em uma cadeira de rodas. Muitas crianças também ficaram surpresas ao descobrir a aplicação de jogos nos tratamentos”, contou Lívia Dumont, chefe do serviço de fisioterapia do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI).  

Crédito: Melissa Cannabrava

Uma maquete tátil do Castelo Mourisco, projetada para pessoas cegas, foi um dos destaques da ‘Mostra de objetos e materiais acessíveis das exposições do Museu da Vida Fiocruz’. A atividade também apresentou materiais que detalham a arquitetura e a história do espaço, ressaltando a experiência inclusiva de quem visita as instalações do museu. “Estamos explorando questões relacionadas a transtornos sensoriais, como o estresse causado por sons ou imagens, além da necessidade de momentos de descompressão. Isso é fundamental para atender a todos os tipos de necessidades”, comenta o educador surdo Paulo Andrade.  

Houve espaço ainda para uma sessão acessível de um dos espetáculos favoritos do público do Museu da Vida Fiocruz, ‘É o Fim da Picada!’, que contou com intérprete de Libras e audiodescrição. A peça aborda com muito humor as arboviroses Dengue, Zika e Chikungunya, transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. A sessão ocorreu na Tenda da Ciência Virgínia Schall para estudantes do Ensino Fundamental I e II e do EJA (Educação de Jovens e Adultos) da Escola Municipal Barro Branco, incluindo pessoas com deficiência física e mental. 

A temática da acessibilidade foi tratada também na Feira da Ciência. O estande ‘Comunicação sem barreiras: comunicação acessível e inclusiva’, do Departamento de Administração e Planejamento em Saúde Pública (DAPS/ENSP), trouxe várias dinâmicas para o público. Uma delas era um quiz de perguntas e respostas sobre deficiências e capacitismo, que podia ser jogado com um dado. As publicações que possuem recursos de tecnologia assistiva podem ser baixadas aqui
 

Diversos espaços ocupados pelo campus 

A ‘Casa da Virgínia’ foi uma das propostas realizadas no Pátio da Garagem da Fiocruz pelo Ciência na Estrada, projeto criado pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC). A ação era composta por quatro atividades: um tapetão sobre doenças de hospedeiros comuns do cotidiano, uma tenda que simula os insetos mais comuns em residências, uma maquete com um panorama dos vetores nas cidades e microônibus com um laboratório móvel. Marcos André V. Santos, pesquisador titular de Saúde Pública do IOC, alertou da importância de lavar as mãos. “Em muitas cidades no Brasil as crianças morrem por diarreia. Isso está relacionado a higiene e a água contaminada”, informou. 

Perto dali, a exposição “Ficção Científica e a Perspectiva Ciência, Tecnologia & Sociedade: Formação para a Cidadania” ocupou a Sala de Leitura da Biblioteca de Manguinhos. Os visitantes foram convidados a refletir sobre exemplos atuais de eugenia, misoginia e controle social a partir de quatro obras literárias sobre distopia: ‘1984, de George Orwell (1949), ‘Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley (1932), ‘Fahrenheit 451’, de Ray Bradbury (1953) e ‘O Conto da Aia, (de Margaret Atwood (1985). Organizada pelo professor Robert Wegner, do Centro de Documentação em História da Saúde da Casa de Oswaldo Cruz, a mostra foi realizada em parceria com a professora Andrea Carla Góes, do Laboratório de Ensino de Biologia Molecular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (LEBMOL/UERJ). “Essas obras nos fazem refletir sobre como a ciência colaborou, no passado, para a problemática do racismo e da divisão de populações humanas em raças, algo que hoje sabemos não existir. A ciência já provou que essa ideia é equivocada, mas buscamos gerar reflexões através dessas obras”, afirma Andrea, responsável por um projeto que articula clássicos da literatura e o ensino de ciências. 

No fim do dia, as professoras e pesquisadoras Cynthia Dias e Flávia Garcia de Carvalho, da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz), apresentaram o jogo de tabuleiro ‘Ciclo do Poder’ na Sala de Vídeo do Centro de Recepção. A iniciativa ligada ao Programa Mulheres e Meninas na Ciência, da Fiocruz, busca apresentar o ciclo menstrual de forma lúdica e interativa. Antes de jogar uma rodada com a turma do 7º ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Herbert Moses, de Jardim América, Rio de Janeiro, as pesquisadoras explicaram como ocorre o ciclo menstrual nos corpos de pessoas que menstruam – mulheres cis, homens trans e pessoas não-binárias com órgãos reprodutivos femininos. O jogo também busca demonstrar que o sangue menstrual “é algo natural, que não deveria gerar medo nem vergonha, por isso que estamos fazendo essa atividade”, declarou Cynthia. 

A SNCT na Fiocruz é o maior evento de divulgação e popularização da ciência, da tecnologia e da inovação do Brasil, abordando o desenvolvimento de pesquisas nesse campo sempre de forma lúdica e atrativa. Além das mais de 100 atividades inscritas para o campus Fiocruz Maré-Manguinhos (RJ), a instituição também oferecerá ao público dezenas de outras atividades em suas unidades regionais. A 21ª SNCT na Fiocruz conta com parceria da Pró-Reitoria de Extensão | PR-5 da UFRJ e Sesc Rio, além do apoio do CNPq, da Fulltime Logística e Águas do Rio. A realização é da Fundação Oswaldo Cruz, Ministério da Saúde e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.  

Participe! O evento está apenas começando! 

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link para o site brasiliana

Funcionamento:  de terça a sexta, das 9h às 16h30; sábados, das 10h às 16h.

Fiocruz: Av. Brasil, 4365, Manguinhos, Rio de Janeiro. CEP: 21040-900

Contato: museudavida@fiocruz.br | (21) 3865-2128

Assessoria de imprensa: divulgacao@fiocruz.br

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