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Crédito: Vitor Vogel

Por Tatiane Lima, Julianne Gouveia e Teresa Santos

Nesta terça-feira (15/10), às 13h30, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) realizou a abertura oficial da 21ª Semana Nacional de Ciência Tecnologia da Fiocruz. O evento contou com uma palestra com a botânica Rosy Isaias, além da mesa institucional de abertura, o lançamento da segunda temporada da série ‘Ciência em Gotas’ e a entrega da premiação do Concurso Portinho Livre. A cerimônia foi realizada no auditório do Museu da Vida Fiocruz, com transmissão ao vivo no YouTube da Fundação Oswaldo Cruz. O público lotou o auditório e se emocionou com as falas da convidada especial. 

O evento começou com a mesa institucional de abertura. Estiveram presentes o presidente da Fiocruz Mario Moreira, a vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação Cristiani Vieira Machado, a coordenadora de Divulgação Científica Cristina Araripe, o diretor da Casa de Oswaldo Cruz Marcos José de Araújo, a coordenadora do GT SNCT e chefe do Museu da Vida Fiocruz Ana Carolina Gonzalez, o diretor-secretário do Sindicato Nacional de Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc) Luiz Muniz e vice-coordenadora da Associação de Pós-graduandos da Fiocruz Fernanda Campello. 

Os integrantes da mesa de abertura da SNCT na Fiocruz reforçaram a importância do tema 2024 ‘Biomas do Brasil: diversidades, saberes e tecnologias sociais’. “Ele é muito apropriado para discutir os nossos biomas. A Fiocruz está presente em todos os biomas, não só com unidades, mas com comunidades Fiocruz”, ressaltou Mario Moreira, presidente da Fiocruz. Moreira trouxe ainda o papel da SNCT como atividade de divulgação e popularização da ciência: “A SNCT tem como propósito democratizar a ciência. O Brasil só reverte a sua situação de subdesenvolvimento, de desigualdade social a partir do momento que a ciência e a tecnologia forem promotoras de um desenvolvimento mais justo. E todas as unidades da Fiocruz se mobilizam na construção de um país melhor”. 

A representante da Associação de Pós-graduandos da Fiocruz, Fernanda Campello, afirmou que “a SNCT é uma ótima oportunidade para conhecer os trabalhos que são realizados em outras unidades da Fiocruz, para sairmos da ‘nossa bolha’. O trabalho não tem que ser só ‘para’, mas tem que ser também ‘na’ população.  É necessário olhar a importância dos saberes tradicionais, do saber do outro, tudo isso faz parte da ciência. Tudo é meio ambiente”. 

Marcos José Pinheiro, diretor da Casa Oswaldo Cruz, ao falar das tecnologias citou Paulo Freire: “depende de quem usa a favor de quê e de quem e para quê” escrita na obra “A educação na cidade”. “Esse é um tema extremamente caro. Eu sempre observo os temas e esse ano ao mesmo tempo em que fala das questões dos biomas, o tema faz como uma provocação porque ser ‘biomas do Brasil, saberes e diversidades’. É uma provocação para sabermos onde estão nossas diversidades. É importante que tenha esse tema na semana para pensar como trabalhar a diversidade e as tecnologias sociais na sobrevivência dos biomas”, reflete. 

Ana Carolina Gonzalez, coordenadora do GT SNCT e chefe do Museu da Vida Fiocruz, ressaltou que “uma ciência que não se abre para o saber popular não é ciência. Uma ciência que combate a desinformação tem que se era construída com a sociedade. Não existe ciência sem popularização da ciência”. Cristiani Vieira Machado, Vice-Presidente de Educação, Informação e Comunicação (VPEIC/Fiocruz), atentou para os principais prejudicados com as queimadas, enchentes, desmatamentos e contaminação “Quando se contamina os rios são os povos indígenas que são atingidos primeiro. Os povos mais impactados são os que vivem ali”.  

A atuação da Fiocruz junto a comunidades tradicionais foi reforçada por Cristina Araripe, que informou que “este ano levará atividades para áreas indígenas, quilombolas, urbanas e sobretudo para escolas”. Os integrantes da mesa relembraram momentos difíceis enfrentados pela comunidade científica a crise da ciência provocada por movimentos negacionistas e antivacina. “Há 21 anos que a Fiocruz celebra essa semana. Quem viveu momentos difíceis, sabe o quão é importante ter de volta a ciência na praça, nas ruas”, relembra Cristina Araripe, coordenadora de Divulgação Científica da Fiocruz. “Com a retomada dos investimentos em ciência e tecnologia, de fato, vemos que a ‘ciência voltou’. É um esforço que tem sido feito para superar os anos de negacionismo”, afirmou Luiz Muniz, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz (Asfoc). 

Fotógrafo: Getulio Ribeiro

Mulheres negras na ciência em palestra especial 

A palestra especial da abertura da SNCT 2024 na Fiocruz, “Mulher cientista e negra: padrão ou exceção?”, foi ministrada por Rosy Isaias, professora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e primeir pesquisadora autodecladara negra nível 1 do CNPq. A mediadora Hilda Gomes, que lidera a Coordenação de Equidade, Diversidade, Inclusão e Políticas Afirmativas (Cedipa/Fiocruz), deu início aos trabalhos recitando um poema de Upile Chisala: “Aí está você, Negra e mulher, e apaixonada por si mesma. Você é aterrorizantemente incrível E eles ficam incrivelmente aterrorizados. (E devem ficar mesmo)”, ovacionada pela plateia. 

 Rosy Isaias falou da sua trajetória enquanto mulher negra e cientista trazendo dados estatísticos sobre o cenário científico e acadêmico brasileiro. Em alguns momentos da sua apresentação, a bióloga mostrou que a sua relação com a educação se dá na figura dos seus professores e na sua atuação como docente. Isaias revelou ser a primeira vez que visitava a Fiocruz, apesar de ter sido aluna de professores e pesquisadores da Fiocruz, como o parasitólogo Herman Lent, autor do livro “O massacre de Manguinhos”. Ela contou também que foi apresentada ao seu tema de pesquisa por sua professora de mestrado do Museu Nacional, a doutora Lea J. Neves.  Também compartilhou com o público que professores parceiros deram seu nome a  espécies por sua contribuição ao estudo de galhas: Paleomystella rosaemariae e Eriogalococcus isaias.  

Fotógrafo: Getulio Ribeiro

A palestrante contou ainda que possui um grupo de estudos sobre mulheres negras na ciência. Isaias contou alertou para o “efeito goteira”, em que as mulheres vão desistindo da carreira acadêmica, principalmente para cuidar dos filhos. O público se emocionou com as falas da cientista.  A mediadora Hilda Gomes fez uma síntese dos depoimentos dados por três pessoas negras que estavam na plateia: “A gente pode se inspirar e ser referência para inspirar. Em nenhum momento, estamos travando uma batalha entre pessoas que não são negras e negras. A gente quer ter alianças”. 

Fotógrafo: Getulio Ribeiro

Lançamento de série e premiação 

A abertura oficial da 21ª SNCT na Fiocruz contou ainda com dois momentos especiais. Heverton Campos, coordenador de audiovisual da Casa de Oswaldo Cruz, lançou a segunda temporada do ‘Ciência em Gotas’, projeto de curtas-metragens em animação que busca divulgar e popularizar a ciência por meio da trajetória de importantes cientistas brasileiros. A nova temporada traz vídeos sobre três cientistas: os parasitologistas Luiz Hildebrando e Maria Deane, e o psiquiatra Juliano Moreira. O projeto é coordenado por Luisa Massarani e Rodrigo Ferrari, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). 

O evento foi encerrado com a entrega da premiação do 2º Concurso Portinho Livre de Literatura Infantojuvenil. A iniciativa é do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict), da Fiocruz, com patrocínio da Fiotec, e promoveu um concurso literário que contou com a participação de 160 jovens de todas as regiões do país. O tema 2024 foi “O Brasil que resiste: ideias para adiar o fim do mundo”. A vencedora do concurso, a estudante Karolina Rosa de Oliveira, de 15 anos, recebeu das mãos de Cristina Araripe o prêmio pelo texto ‘A Carta que Começa Onde o Fim Insiste’. A jovem, que mora em Anápolis, município de Goiás, e estuda na Escola Sesi Jundiaí, veio ao Rio de Janeiro especialmente para participar da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia da Fiocruz. Também foram premiados os segundo e terceiro colocados: João Felipe de Azevedo Nogueira, de 15 anos, aluno da Escola Municipal Francis Hime, pelo seu conto “A missão de Matheus na Terra”, e Alice Joels Saint-Yves, de 13 anos, do Centro Educacional Anísio Teixeira (CEAT), pelo texto ‘Iandara – uma busca pelas raízes’. Ambos vivem no Rio de Janeiro. 

A SNCT na Fiocruz é o maior evento de divulgação e popularização da ciência, da tecnologia e da inovação do Brasil, abordando o desenvolvimento de pesquisas nesse campo sempre de forma lúdica e atrativa. Além das mais de 100 atividades inscritas para o campus Fiocruz Maré-Manguinhos (RJ), a instituição também oferecerá ao público dezenas de outras atividades em suas unidades regionais. A 21ª SNCT na Fiocruz conta com parceria da Pró-Reitoria de Extensão | PR-5 da UFRJ e Sesc Rio, além do apoio do CNPq e da Fulltime Logística. A realização é da Fundação Oswaldo Cruz, Ministério da Saúde e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.  

Fotógrafo: Getulio Ribeiro
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