Por Teresa Santos
Nem a chuva nem o frio foram capazes de desanimar os jornalistas e comunicadores de favelas e periferias do Rio de Janeiro e da região metropolitana que participaram da 2ª edição da Oficina de Jornalismo de Ciência e Saúde para Comunicadores Populares. O encontro, que reuniu cerca de 20 profissionais, foi realizado no último sábado (10/08) na Sala de Vídeo, do Centro de Recepção do Museu da Vida Fiocruz. E, tal como no ano anterior, a edição de 2024 foi um momento para aprender, refletir, trocar e se conectar com colegas e com o mundo científico.
Durante a oficina, a jornalista Renata Fontanetto, especializada na cobertura de temas científicos, destacou que ciência é tudo que a gente vive e que a nossa qualidade de vida é intermediada por ela. Além disso, diferenciou ciência básica de ciência aplicada, detalhou o processo por trás da realização de pesquisas, isto é, o método científico, bem como aspectos relacionados ao jornalismo de ciência e à divulgação científica.
A apresentação chamou atenção também para a importância de se manter crítico frente ao tema, uma vez que a ciência não é perfeita e também não é neutra.
Por que comunicar ciência é importante?
Segundo Renata, existem diversas motivações para justificar a necessidade de falar de ciência. Comunicar ciência é relevante para a própria ciência, para nação, mas também para o povo. As pessoas precisam, por exemplo, de informações científicas para que possam tomar melhores decisões no seu dia a dia.
Ao cobrir pautas de ciência, os comunicadores contribuem para que a população participe do progresso científico e, com isso, que também possa usufruir dos benefícios que ele promove.
Para Renata, com o debate, os comunicadores percebem como as pautas científicas já fazem parte de suas rotinas. “Com o treinamento, com a oficina, eles têm a oportunidade de perceber que eles já falavam de ciência, já falavam de saúde, de meio ambiente e de tecnologia em seus próprios veículos e, agora, eles estão com um olhar muito mais ampliado para as diferentes pautas relacionadas ao jornalismo de ciência”, destacou. E, além disso, ela lembrou que ter a ciência e a saúde como áreas prioritárias estruturais dentro dos veículos comunitários tem também uma importância política.
A Oficina de Jornalismo de Ciência e Saúde para Comunicadores Populares foi oferecida pelo Núcleo de Mídias e Diálogo com o Público (Numid). Julianne Gouveia, coordenadora do Numid, lembrou que a ideia de fazer essa oficina foi também para desmistificar “a ideia de uma ciência de gente branca, rica e elitista”.
Segundo ela, existe uma dificuldade grande dos comunicadores populares se entenderem como peças fundamentais na comunicação em saúde e também entenderem que saúde não é só ausência de doença. “Temos tentado fazer ações nesse sentido para fomentar o debate. E para que os comunicadores populares que estão lá na ponta possam levar esses assuntos para dentro das comunidades”, ressaltou.
O esforço parece que vem rendendo bons frutos. Lucas Feitoza, jornalista do Maré de Notícias que participou da edição de 2023 e do encontro desse ano, destacou que a atividade já teve reflexos na sua experiência de redação. Ele contou que passou a olhar mais artigos científicos e também assinou algumas newsletters. Além disso, tem buscado se “aproximar mais das pautas de saúde e de ciência e não pensar só que é um assunto relacionado à doença”.
Publicado em 16 de agosto de 2024.