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Ano XXII - nº. 309. RJ, 9 de abril de 2024.
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Como informado pela Globo News e destacado na newsletter de divulgação científica Polígono, março de 2024 foi o mês mais quente já registrado na história e o décimo consecutivo de recorde de calor. Apesar dos múltiplos esforços direcionados ao enfrentamento das mudanças climáticas, os dados mencionados, entre vários outros, indicam que tais esforços não têm se transformado em ações efetivas capazes de reverter um aquecimento global já em curso. Estudo recente envolvendo 59.440 pessoas em 63 países mostra que, de fato, muitas intervenções para a mitigação das mudanças climáticas têm pouco efeito prático. Por outro lado, a pesquisa aponta estratégias que têm sido mais ou menos eficazes nesses 63 países. Globalmente, a estratégia que se mostrou mais eficaz foi a de explorar questões e casos próximos aos envolvidos, como mostramos na primeira nota da seção ‘Leituras’ deste Ciência & Sociedade. Já o projeto aTERRAr, coordenado pela pesquisadora, professora corporal e artivista ambiental Cláudia Millás, traz uma proposta diferente. Por meio de uma palestra-performance, aborda-se poeticamente a problemática socioambiental do Antropoceno com o objetivo de convocar o público ao pensamento crítico e a necessidade de agir. Quem estiver no Rio de Janeiro no dia 18 de abril terá a oportunidade de ver a apresentação que acontecerá no campus da UFRJ na Ilha do Fundação, como informamos na última nota da seção ‘Eventos’ deste boletim. Confira também nesta edição outras dicas de leituras, incluindo livro sobre divulgação científica efetiva temporariamente disponível em acesso aberto; de ações que abarcam novo podcast gringo na área, com primeira temporada sobre inteligência artificial; de eventos, sendo um deles sobre a história da DC; e de oportunidades, entre elas um novo concurso de poesia sobre ciência e bolsas para divulgadores de ciências na Fundação Cecierj. Confira!

 

Especial Desinformação

Profissionais de saúde no combate à desinformação – No enfrentamento diário da desinformação, os profissionais de saúde podem desempenhar um papel crucial. Dado o modelo de saúde pública brasileiro, esses profissionais estão em contato direto com a população, seja nos ambientes públicos (unidades, postos de saúde e hospitais), seja nas casas das pessoas (com os agentes comunitários de saúde). A percepção desses profissionais sobre a hesitação vacinal já foi, inclusive, objeto de estudo da Fiocruz (https://shorturl.at/EOQ16). O contato próximo permite um diálogo com os cidadãos sobre dúvidas e medos relativos aos cuidados com a saúde. Mas essa conversa não é trivial. Para ajudá-la, acaba de ser lançado o guia Desinformação sobre saúde: vamos enfrentar esse problema?, cujo público-alvo é justamente o profissional de saúde do SUS. Nele, os leitores encontram sugestões de cursos de educação midiática, indicações de espaços para checagem de informação de notícias sobre saúde e uma lista de fontes confiáveis acerca da temática. Também há 10 dicas valiosas para enfrentar a desinformação sobre saúde. Por exemplo: “Seja paciente. Mudar crenças e comportamentos pode levar tempo. Esteja preparado para repetir informações e oferecer suporte contínuo para ajudar as pessoas a absorverem e aceitarem a informação correta”. E: “Mostre que você está aberto a aprender mais e a corrigir informações, se necessário. Isso ajuda a construir confiança e credibilidade com seu público”. Acesse gratuitamente aqui o guia.

 

Leituras

Repensando a divulgação científica sobre o clima – A comunicação sobre as mudanças climáticas é palco de debates há algum tempo. Enquanto uns argumentam que uma comunicação “realista/pessimista” pode causar inação, outros defendem que uma comunicação muito focada no indivíduo pode dissipar a importância de ações coletivas e de políticas públicas e isentar grandes empresas poluidoras de sua participação no problema. Um estudo amplo, envolvendo 59.440 pessoas em 63 países, buscou entender o efeito de diferentes intervenções para a mitigação das mudanças climáticas, considerando quatro eixos possíveis: crenças, apoio político, compartilhamento de informações e o plantio de árvores. Os resultados mostram que os impactos de qualquer tipo de intervenção foram pequenos, porém – o que é interessante, mas não surpreende – elas têm efeitos muito diferentes em cada contexto. Explorar o consenso científico é a estratégia mais eficaz no Chile e no Peru, mas os dados globais indicam que essa alternativa seria a sexta entre as 11 avaliadas. Globalmente, a melhor aposta seria explorar questões e casos próximos aos envolvidos. O artigo pode ser acessado, gratuitamente, em inglês, aqui.

Divulgação científica efetiva – Acaba de sair a terceira edição do livro Effective Science Communication: A practical guide to surviving as a scientist. Para celebrar o lançamento, a editora IoP abriu o acesso à segunda edição do livro, de 2020, até o fim de maio. Publicado originalmente em 2016, o livro, como o título sugere, traz uma série de orientações e dicas práticas para pesquisadores, em qualquer estágio da carreira, se comunicarem de forma efetiva e cativante, dentro e fora de suas instituições. A partir de insights teóricos e exemplos concretos, o livro se debruça sobre competências, públicos e canais de comunicação diversos, desde publicações científicas até o diálogo com a imprensa, passando por apresentações públicas e redes sociais. Além disso, fornece conselhos práticos sobre como obter financiamento e se envolver com a formulação de políticas públicas. Organizado por Sam Illingworth e Grant Allen, o livro pretende contribuir para fortalecer uma cidadania científica bem informada. A terceira edição encontra-se à venda em: <https://shorturl.at/muBEJ>. Para baixar a segunda edição, basta responder algumas perguntas rápidas neste link: <https://shorturl.at/flBMV>             

Ensino para unir pesquisa e prática – Pesquisadores, educadores e jornalistas, entre outros profissionais que atuam no campo da divulgação científica (DC), estão cada vez mais conscientes da importância da interação entre pesquisa e prática. Reduzir a lacuna entre esses dois domínios não é uma tarefa simples, mas, felizmente, vários atores têm buscado caminhos para enfrentar o desafio. O artigo “Teaching to bridge research and practice: perspectives from science communication educators across the world”, publicado em março na JCOM, discute como o ensino em cursos de DC pode ser planejado para construir pontes entre pesquisa e prática. Em estudos de caso dos EUA, Reino Unido, Canadá, Alemanha, Índia e México, seis professores apresentam as metodologias pedagógicas utilizadas com seus alunos em cursos de DC. Apesar de diversas, as abordagens também têm semelhanças, como possibilitar aos alunos oportunidades de aprender usando projetos reais por meio de parcerias com organizações; usar abordagens de ensino dialógicas e participativas para construir comunidades de aprendizagem e prática; incentivar a reflexão e a humildade epistêmica; e, por fim, discutir sobre a importância de integrar pesquisa e atividades práticas de forma culturalmente relevante. Leia o artigo completo em: <https://shorturl.at/irDYZ>

 

Ações

Mostra conecta geociência e arte – As rochas podem guardar muitas histórias de milhões ou até bilhões de anos sobre o nosso planeta. A mostra Quartzoteka, da escultora Denise Milan, conta fragmentos dessa história por meio de minerais e cristais. Cerca de 30 peças abordam a vida geológica da Terra e um mundo desconhecido, em seu interior. Livros de quartzo propõem um ponto de convergência entre os povos de todos os continentes, reintegrando os seres humanos ao mundo natural. Trabalhos de outras séries completam a mostra, como a instalação Útero Magmático na qual os visitantes, através de um olho mágico, têm a oportunidade de observar um cristal formado há 130 milhões de anos, cuja forma faz alusão a um útero. A mostra fica em cartaz até 17/5, de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin da USP. A entrada é gratuita. Mais informações aqui.

Novo podcast de divulgação científica – O projeto COALESCE (https://coalesceproject.eu) lançou o podcast SciComm Conversations. A primeira temporada vai abordar o tema da DC na era da inteligência artificial (IA). No primeiro episódio, Achintya Rao, diretor de comunicação e engajamento do projeto, conversa com Mike Schäfer, da Universidade de Zurique, sobre os desafios e oportunidades que a IA generativa apresenta à área. Mais para otimista, Schäfer enxerga no uso dessa tecnologia um grande potencial para a DC, por exemplo, na capacidade de resumir tópicos científicos relevantes e de gerar ideias criativas para o desenvolvimento de conteúdo no campo. Ele aponta, por outro lado, o problema na precisão das respostas: “tal como um papagaio, repetem algo que não compreendem totalmente com base em medidas e padrões estatísticos que observam”. Como pesquisador, Schäfer está particularmente interessado na comunicação entre humanos e IA, no que temos a aprender um com o outro. Ouça o podcast em: <https://shorturl.at/enBQU>

 

Eventos

Seminário debate a história da divulgação científica – Nos dias 18 e 19/4, acontece na Fiocruz, no Rio de Janeiro, o seminário internacional “Divulgação científica na Ibero-América: práticas, públicos e transformações técnicas - séculos 19 a 21”, que reunirá estudiosos de Brasil, Argentina, Chile, México e Portugal. O encontro visa contribuir com o aprofundamento do conhecimento sobre a história da DC no Brasil e na Ibero-América. Transmissão pelo canal @casadeoswaldocruz no YouTube. Confira a programação aqui.

76ª Reunião Anual da SBPC em Belém – A edição de 2024 do evento será realizada no Campus Guamá da UFPA, de 7 a 13/7, com tema “Ciência para um futuro sustentável e inclusivo: por um novo contrato social com a natureza”. Serão realizadas várias ações, entre conferências, mesas-redondas, painéis, minicursos, sessão de pôsteres, atividades culturais e exposições. O evento é aberto ao público e gratuito, com exceção dos minicursos e da apresentação de trabalhos. Confira prazos e modalidades de inscrição.

Performando o Antropoceno – A primeira nota da seção ‘Leituras’ deste boletim aborda estratégias de comunicação das mudanças climáticas, que, em geral, têm sido pouco efetivas. E se deixarmos um pouco os dados de lado e nos concentrarmos nas sensibilidades do corpo? É o que propõe a palestra-performance aTERRAr. A performance, cujo objetivo é convocar o público ao pensamento crítico e a necessidade de agir, será apresentada em 18/4, às 17h, no Auditório Rodolpho Paulo Rocco da UFRJ na Ilha do Fundão, encerrando o XIII Simpósio de Educação Física e Dança da UFRJ. O evento será aberto ao público. Mais informações aqui

 

Oportunidades

Fundação Cecierj seleciona bolsistas – A Fundação Cecierj irá selecionar 46 bolsistas de nível superior para atuar em seus programas de divulgação científica. A vigência da bolsa, 20h ou 40h semanais, é de 12 meses, podendo ser renovada por até quatro vezes. Candidatos aprovados, mas não selecionados para início imediato, irão compor o cadastro de reserva com validade inicial de 24 meses. Interessados têm até 30/4 para se inscrever. Confira o edital

Oportunidades no jornalismo ambiental – Até 14/4, jornalistas podem se inscrever para concorrer a uma bolsa voltada à elaboração de reportagem sobre a relação entre a conservação do oceano e a prática de esportes aquáticos, náuticos ou diretamente influenciados pela região costeira. Mais informações em: <https://shorturl.at/ghCS7>. Outra oportunidade, com inscrições até 28/4, visa a capacitação de dez jornalistas de Brasil, Chile e Colômbia na cobertura de temas relacionados ao clima. Um dos participantes será escolhido para cobrir a COP29 em novembro, em Baku, Azerbaijão. Mais informações aqui

Concurso de ciência e poesia – A publicação de divulgação científica The Brilliant acaba de lançar o concurso “Brilliant Poetry”, com o objetivo de explorar criativamente a interface ciência-poesia. Além de ter sua poesia divulgada nessa plataforma internacional, os vencedores receberão recompensas atrativas: £1000 para o primeiro colocado, £500 para o segundo e £250 para o terceiro. Inscrições até 21/6 (horário britânico). Mais informações aqui

 

 

Tem uma sugestão de notinha para a próxima edição do boletim Ciência & Sociedade? Oba! Envie para o e-mail <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>. 


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Ciência & Sociedade é o informativo eletrônico do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica do Museu da Vida (Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz). Editores de Ciência & Sociedade: Carla Almeida e Marina Ramalho. Redatores: Luís Amorim e Rosicler Neves. Projeto gráfico: Barbara Mello. Informações, sugestões, comentários, críticas etc. são bem-vindos pelo endereço eletrônico <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>. Para se inscrever ou cancelar sua assinatura do Ciência & Sociedade, envie um e-mail para <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>.        

     

* A seção Especial Desinformação é uma iniciativa do projeto “O desafio da desinformação em saúde: compreendendo a recepção para uma melhor divulgação científica”, contemplado pelo Programa Proep 2022, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) e do CNPq.

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