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Por Teresa Santos e Renata Bohrer

 

No último sábado (02/12), o Museu da Vida Fiocruz abriu suas portas para o ‘Dia D contra Dengue, Zika e Chikungunya’. Realizado em parceria com o Laboratório de Biologia Molecular de Insetos (LABIMI) do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/FIOCRUZ), o evento reuniu pesquisadores, educadores, mediadores e artistas em prol da prevenção e do controle das chamadas arboviroses, doenças causadas por microrganismos transmitidos, principalmente, por mosquitos.

Com uma programação diversificada, os visitantes puderam observar o mosquito Aedes aegypti sob diferentes perspectivas por meio de atividades científicas e artísticas. Em tom de comédia, o espetáculo ‘É o Fim da Picada!’ abordou diversas questões sobre as doenças transmitidas por esse mosquito. Após a apresentação, os espectadores tiveram ainda a oportunidade de esclarecer todas as suas dúvidas em uma roda de conversa com os especialistas do LABIMI Rafaela Bruno, Luciana Araripe e Renata Maia, além do líder de Operações do World Mosquito Program (WMP Brasil) Gabriel Sylvestre.  

 

Especialistas Gabriel Sylvestre, Renata Maia, Luciana Araripe e Rafaela Bruno.

 

Liberação de mosquitos também é estratégia de controle 

O sábado também foi dia de conhecer mais sobre o World Mosquito Program (WMP), iniciativa internacional presente em 14 países, incluindo o Brasil. Durante a roda de conversa realizada na Tenda da Ciência após a sessão de teatro, Gabriel Sylvestre explicou o Método Wolbachia para o público do evento.  

Segundo o pesquisador, Wolbachia é uma bactéria que, quando presente no mosquito Aedes aegypti, faz com que ele não transmita mais os vírus da dengue, Zika e Chikungunya. Assim, o método usado no programa consiste na liberação de mosquitos contendo a bactéria em questão. “Com isso, a Wolbachia passa a ser presente nessa população de mosquitos. Trocamos um grupo de mosquitos que não tem Wolbachia e que transmite doenças por um grupo de mosquitos que tem Wolbachia e que não transmite doença”, destacou no bate-papo, acrescentando que, na Austrália, onde o projeto foi iniciado em 2011, já não há mais registro de casos de dengue há seis anos. Por aqui, Niterói (RJ), uma das cinco cidades brasileiras na qual já houve liberação desses mosquitos, também vem registrando queda acentuada no número de casos da doença.

Para Gabriel, eventos como o ‘Dia D contra Dengue, Zika e Chikungunya’ são estimulantes. “As crianças são os melhores mobilizadores que existem, então, a gente espera que elas consigam levar um pouquinho para casa, falar com os pais. Acho que é importante pensar que cada um tem que fazer a sua parte para tentar melhorar essa situação, que não é fácil”, destacou. 

 

Cordel, expo e lupa em mãos 

Quem visitou a exposição ‘Aedes: Que mosquito é esse?’,  durante o evento foi surpreendido com uma intervenção musical baseada em uma série de cordel sobre arboviroses, do autor Leo Salo. A dinâmica teve a participação da contadora de histórias Ellen Grace. Ambos fazem parte do grupo Experimentalismo Brabo.  

A ideia, segundo Ellen, foi criar um ambiente que permitisse que as pessoas se sentissem à vontade. "Criamos uma brincadeira de roda, na qual passamos uma peneira com vários trechos do cordel do Leo Salo. Quando parávamos com a peneira próximo a um adulto ou criança, ela lia os trechos do cordel. Foi lúdico, trouxemos instrumentos musicais, brincamos com palmas”, contou.  

Segundo Leo Salo, que também integra a equipe do Serviço de Educação do MVF, o cordel é uma ferramenta capaz de aproximar ciência e sociedade a partir de sua linguagem simples, rimada, lúdica e divertida. “É um material de fácil compreensão para o público, que consegue informar da forma mais simples e leve possível”, pontuou. 

Ainda na mostra, o público pôde conferir a bancada ‘MosquitoMania’, do LABIMI. Nela, os visitantes eram levados a investigar aspectos físicos e comportamentais do Aedes aegypti para uma melhor compreensão das ações de controle do vetor. "No laboratório, a gente estuda o comportamento do Aedes. Existem muitos fatores ambientais que influenciam na população do mosquito. Um deles é a poluição luminosa", explicou Luciana Araripe.  

Durante a atividade, os visitantes puderam observar mosquitos vivos em suas diferentes fases biológicas com o auxílio de lupas e sob a orientação de bolsistas e pesquisadoras do LABIMI. 

A pesquisadora Renata Maia destacou que, com essa primeira ação colaborativa entre o LABIMI e o Museu da Vida Fiocruz, foi possível associar o conhecimento científico produzido no laboratório com ações de divulgação científica. "O público pôde ver na lupa a larva, a pupa e o mosquito vivos. Observaram ainda que, quando tiramos as larvas da água, elas morrem em pouco tempo. O público experenciou a informação, e isso dá sentido a ela", destacou.   

Este evento, que teve como objetivo sensibilizar os visitantes sobre a importância do controle do mosquito transmissor de arboviroses, é fruto da visita dos mediadores da exposição Aedes ao LABIMI no dia 6 de novembro. A chefe do Museu da Vida Fiocruz Ana Carolina Gonzalez comemora a realização: “Foi um verdadeiro encontro entre quem produz conhecimento científico todos os dias e quem atua para popularizá-lo. São perspectivas igualmente importantes quando consideramos o papel social da ciência. Todo esse contexto aproximou as equipes e deu origem ao evento”.   

Segundo a pesquisadora Rafaela Bruno, a sensibilização é algo de grande relevância em ações educativas e de conscientização. “Eu não consigo te convencer a fazer nada se você não se apropriar minimamente daquela ideia. A nossa proposta é, através de experiências e materiais lúdicos, de vivências, fazer com que a população entenda aquela questão e, aí, sim, nos ajude a controlá-la”, afirmou, ressaltando que, nesse contexto, vale lançar mão de estratégias diversas, incluindo arte, jogos, entre outras. 

E tudo indica que a mensagem foi ouvida e será propagada! Mônica Venâncio, diretora da Escola Municipal Barro Branco, localizada no 3° Distrito do município de Duque de Caxias (RJ) levou a turma do 3° ano do Ensino Fundamental para o evento. Ela contou que essa foi a primeira vez dos alunos no Museu da Vida Fiocruz e que eles ficaram encantados. “A peça foi muito boa, passou a mensagem que ela tinha que passar e as atividades no Castelo fizeram um link com a peça", explicou, acrescentando que, com certeza, as crianças levarão a mensagem adiante: "Isso vai render muita conversa na sala e em casa também". 

A exposição ‘Aedes: Que Mosquito É Esse?’ segue em cartaz no Castelo Mourisco e é uma iniciativa do Museu da Vida Fiocruz, Casa de Oswaldo Cruz e Fundação Oswaldo Cruz, com a gestão cultural da Associação Amigos do Museu da Vida Fiocruz e apoio da Rede Dengue, Zika e Chikungunya da Fiocruz, e o patrocínio da SC Johnson.  

Estudantes participaram de diversas atividades sobre as arboviroses.

 

Fotos: Renata Bohrer 

Publicado em 7 de dezembro de 2023. 

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