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Informativo do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica do Museu da Vida 
Ano XXII - nº. 305. RJ, 6 de novembro de 2023.      

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Em outubro, como divulgamos no boletim passado, aconteceu a vigésima edição da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), o maior evento de divulgação científica (DC) do Brasil. Instituída por decreto presidencial em junho de 2004 e realizada desde então em todo o mês de outubro pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, a SNCT representou um marco importante para o desenvolvimento da DC no país. Nesse mês de outubro, vinte anos depois da realização da primeira SNCT, a Presidência da República publicou decreto instituindo o Programa Nacional de Popularização da Ciência, o PopCiência. O programa, que prevê uma série de medidas voltadas à área – práticas, acadêmicas, de formação e de fomento – promete ser um novo marco para o campo da DC brasileira – a ver! Uma ação concreta que nos chamou particular atenção é o "Hackaton contra Desinformação", que deverá ser realizado anualmente no âmbito da SNCT e é uma das frentes do PopCiência no combate à desinformação. Leia mais sobre o programa e sobre o Hackaton na seção “Especial Desinformação” deste boletim. Este número traz também sugestões de leitura sobre a relação entre desinformação e acesso fechado e sobre uma proposta de reenquadramento da questão da confiança na ciência, além de dicas de nova newsletter sobre biodiversidade e de material com princípios e indicadores de qualidade voltados a jornalistas. Confira ainda a seção de eventos e oportunidades deste Ciência & Sociedade, que incluem lançamento de relatório sobre o avanço da inteligência artificial (IA) no Brasil, masterclass sobre IA na divulgação científica, chamada para artigos sobre a interface ciência e pesquisa, entre outros assuntos. Boa leitura! 

 

Especial Desinformação 

Combate à desinformação como política de popularização – O governo Lula, por meio de decreto de 25/10 (Nº 11.754), instituiu o Programa Nacional de Popularização da Ciência (PopCiência). A iniciativa prevê uma séria de medidas voltadas à divulgação científica no Brasil. Entre elas, destacamos o "Hackaton contra Desinformação", que deverá ser realizado anualmente no âmbito da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, de forma simultânea em diversas localidades do país. A ação será coordenada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, em parceria com a Secretaria de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, com a colaboração das entidades científicas, de educação midiática, democratização das mídias e de promoção de direitos nas redes. O Hackaton é uma das frentes de combate à desinformação científica, que, por sua vez, é um dos objetivos do PopCiência. Outros objetivos que merecem destaque são o fomento à pesquisa e à formação qualificada em divulgação científica em todos os níveis educacionais; o incentivo à realização de pesquisas de percepção pública relacionadas a ciência, tecnologia e inovação (CT&I); a promoção de debates e consultas públicas para garantir a participação da sociedade na tomada de decisões sobre CT&I; e a promoção da diversidade, equidade e inclusão no campo da popularização da ciência. O decreto – que substitui o de 28/9/2020 (Nº 10.497) instituindo o Mês Nacional da Ciência, Tecnologia e Inovações – é uma sinalização importante para o campo da divulgação científica, que se viu tão ameaçado e desvalorizado nos últimos anos. Agora cabe à comunidade pressionar o governo e agir para que as medidas saiam do papel. O texto completo do decreto está disponível aqui

 

Leituras 

Desinformação: uma questão de acesso fechado? – Apesar de todo o movimento do acesso aberto, a verdade é que parte importante do conhecimento científico ainda é inacessível a maior parte da sociedade. Para Zal Dholoo, que assina artigo de opinião no veículo canadense The Gauntlet, o custoso acesso à fonte primária de evidências científicas contribui de maneira perversa para o fenômeno da desinformação. Dholoo defende que o questionamento conspiratório compartilha a mesma raiz da ciência, que é uma curiosidade fundamental sobre o mundo. Para ele, muitos teóricos da conspiração o são devido à facilidade de acesso a fontes não científicas. “Se o resultado correto tivesse aparecido em uma busca, com evidências convincentes, linguagem clara e uma bibliografia bem fundamentada, eles poderiam ter continuado a dar à instituição da ciência a importância que ela deveria ter”, sustenta no texto. Será? Uma série de pesquisas vem mostrando que não é exatamente (ou não apenas) a falta de acesso às evidências científicas que está por trás do negacionismo, mas uma combinação de fatores ainda complexa de entender. Mas cabe a nós questionarmos se os resultados dessas pesquisas circulam o suficiente. Lembremos que muitas revistas da área da divulgação científica – inclusive as prestigiosos Public Understanding of Science e Science Communication – também são de acesso pago. Não há dúvida de que o acesso aberto é importante para a democratização do conhecimento, mas resta saber o quanto ele é determinante no caso da disseminação da desinformação científica. Confira o texto completo.

Uma questão de confiança ou confiabilidade? – A confiança é reconhecida em várias áreas como indispensável para a interação social. No contexto da divulgação científica, a falta de confiança é considerada uma séria desvantagem – ou até mesmo uma ameaça - à interação entre ciência, sociedade e políticas públicas. Pesquisas, e a prática, no entanto, mostram como a confiança na ciência pode ser compreendida e expressa de várias maneiras por diferentes membros da sociedade. O texto “The Contextualization Deficit: Reframing Trust in Science for Multilateral Policy”, reconhece a necessidade “de alguma confiança no consenso científico para responder aos desafios globais”, mas defende o foco no estabelecimento da confiabilidade nas instituições científicas. Para os autores, o engajamento com a ciência deve priorizar o diálogo e a colaboração entre cientistas, desenvolvedores de políticas públicas e os públicos. O manuscrito de 73 páginas e seis capítulos, publicado no site da The International Science Council (ISC), apresenta uma revisão do conhecimento sobre confiança na ciência dos últimos 15 anos, repensa abordagens geralmente utilizadas e traça direções para a ação. Leia o texto completo.

 

Ações 

Notícias sobre biodiversidade – Para os interessados em meio ambiente, foi lançada em outubro The Nature Beat, uma newsletter semanal destinada principalmente a jornalistas que cobrem temas como biodiversidade, conservação, comércio de vida selvagem e restauração ecológica. O boletim é escrito por Mike Shanahan, doutor em ecologia de florestas tropicais e que carrega no currículo experiências acadêmicas e práticas à frente de veículos de comunicação, cobrindo meio ambiente há mais de 25 anos. Cada edição do boletim inclui um resumo dos recentes desenvolvimentos científicos e políticos na área, dicas, ferramentas e recursos para aprimorar reportagens, links para empregos e outras oportunidades, histórias interessantes, além de próximos eventos e conferências. Acesse e assine a newsletter.

Jornalismo e divulgação de qualidade – Em 2021, o projeto “ENgagement and JOurnalism Innovation for Outstanding Open Science Communication” (ENJOI) foi lançado com o apoio da Comissão Europeia.  O objetivo da iniciativa, que envolve Bélgica, Itália, Portugal e Espanha, é aprimorar a divulgação científica (DC), tornando-a mais confiável, transparente e participativa. Por meio da colaboração e do teste de uma combinação de metodologias, levando em conta contextos culturais distintos, a iniciativa compôs um manifesto com um conjunto de padrões, princípios e indicadores de qualidade a fim de apoiar uma DC aberta e de excelência. Em quase dois anos de atuação, um Observatório on-line para compartilhar resultados e ações de formação também está em construção. Apesar do enfoque no jornalismo, os resultados podem interessar a todos os profissionais do campo da DC. Acesse os materiais.  

 

Eventos 

ABC lança recomendações para o avanço da IA no Brasil – A inteligência artificial (IA) está mudando o mundo e impactando vidas. Pensar em como promover seus benefícios e ainda abordar questões de ética e transparência, entre outras, são cruciais para o futuro do país. Para apoiar o debate, a Academia Brasileira de Ciências (ABC) lançará em 9/11, às 11h, o relatório “Recomendações para o avanço da inteligência artificial no Brasil” com uma apresentação sobre o tema. O evento ocorrerá na sede da academia e contará com transmissão pelo YouTube (www.abc.org.br/transmissao). Informações aqui

ChatGPT para comunicar ciência – Gostemos ou não, o ChatGPT e congêneres chegaram para ficar. Na masterclass “Using ChatGPT to Communicate Science”, o jornalista e divulgador da ciência Mohamed Elsonbaty Ramadan promete ensinar, na teoria e na prática, como usar essa tecnologia de inteligência artificial em prol da divulgação científica. A masterclass acontece virtualmente em 13/11, de 10h às 13h (horário de Brasília), e custa 50 euros. Mais informações e inscrições.

Encarando debates difíceis – Nunca foi fácil abordar temas científicos delicados e controversos, mas em tempos de polarização parece que a tarefa se torna cada vez mais desafiadora. Se você está em busca de dicas sobre o tema, confira webinar organizado pela Scicomm Academy que irá tratar da comunicação eficaz de assuntos tão delicados quanto as mudanças climáticas e pesquisas com animais. O evento, gratuito, acontece de forma virtual, no dia 16/11 às 8h no Brasil. Mais informações.

 

Oportunidades 

HIV/AIDS em foco – O programa Emerging Voices da NAM, instituição de caridade britânica que dissemina informações sobre HIV/AIDS, está recrutando, até as 6h (horário de Brasília) de 10/11, novos escritores para redigir, atualizar e editar informações e artigos em seu site aidsmap. Além de receberem treinamento e suporte dos editores, os selecionados são recompensados financeiramente pela elaboração dos textos. O programa prioriza candidatos de regiões e comunidades com altos níveis de infecção por HIV. Mais informações e inscrições.

Chamada de artigos – A revista interdisciplinar Technovation recebe trabalhos até 29/2/24 para a edição especial “The art and fiction of the societal impact of research”. Com o objetivo de estimular reflexões sobre o impacto social da pesquisa e a relação bidirecional entre pesquisa e arte, a chamada busca manuscritos sobre o impacto social da arte nos pesquisadores, da pesquisa através da arte ou da pesquisa em e sobre arte. Leia a chamada.

 

Tem uma sugestão de notinha para a próxima edição do boletim Ciência & Sociedade? Oba! Envie para o e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.


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Ciência & Sociedade é o informativo eletrônico do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica do Museu da Vida (Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz). Editores de Ciência & Sociedade: Carla Almeida e Marina Ramalho. Redatores: Luís Amorim e Rosicler Neves. Projeto gráfico: Barbara Mello. Informações, sugestões, comentários, críticas etc. são bem-vindos pelo endereço eletrônico Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. Para se inscrever ou cancelar sua assinatura do Ciência & Sociedade, envie um e-mail para Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..        

     

* A seção Especial Desinformação é uma iniciativa do projeto “O desafio da desinformação em saúde: compreendendo a recepção para uma melhor divulgação científica”, contemplado pelo Programa Proep 2022, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) e do CNPq.

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