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Informativo do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica do Museu da Vida
Ano XXII - nº. 303. RJ, 8 de setembro de 2023.      

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Começa hoje (8/9), em São Paulo, a segunda edição do Encontro Brasileiro de Divulgadores de Ciência (EBDC). O tema da vez é “Ciência, comunicação e política: motores de mudança na sociedade” e a ideia é discutir como os comunicadores de ciência podem influenciar a implementação de políticas públicas em temas como saúde, meio ambiente, desinformação, preconceito de gênero, entre outros. A mesa de abertura – “O Lugar do normativo na Comunicação de Ciência” – já dá o tom. Nela, Guilherme Terreri (Rita von Hunty), Cinthia Mendonça e Katemari Rosa propõem novas formas de pensar as relações de gênero, raça e sexualidade na divulgação científica (às 17h). Até domingo, serão quatro mesas redondas – com participação de Marina Ramalho, do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica, em uma delas –, conferência com Nina da Hora, grupos de trabalho, sessões de pôsteres e muito networking. As mesas serão transmitidas ao vivo pelo canal do Instituto Principia (https://shorturl.at/qxFKN). Outro evento que pode interessar à comunidade de divulgadores é o Festival piauí de Jornalismo, que acontece, também em São Paulo, nos dias 1 e 2 de dezembro. Em sua oitava edição, o festival tem como tema central "Desinformação, redes e inteligência artificial: na era da verdade sintética" e reunirá nomes de peso do jornalismo nacional e internacional para debatê-lo. Confira o link para mais informações na seção Eventos. Falando em desinformação, destacamos no Especial desta edição do CS o livro Ciências da comunicação contra a desinformação, editado e lançado recentemente pela Intercom, com 13 textos que abordam diferentes aspectos do fenômeno. A edição de setembro do boletim traz também, além de outras dicas de leituras, informações sobre a versão brasileira do portal The Conversation, que acaba de chegar às redes, uma mostra de cinema voltada aos meios de comunicação, oportunidade de bolsa para jornalistas participarem de evento científico internacional, chamada de periódicos para submissão de artigos, entre outras novidades do mundo da divulgação científica. Boa leitura!     

 

Especial Desinformação 

Nuances da desinformação e estratégias de combate – Se as notícias falsas não são novidade, há nuances mais recentes que trazem ainda mais desafios. As “fake news 2.0” – termo usado por Patricia Blanco em seu texto “Existe vacina para a desinformação?” – vão desde conteúdos totalmente fraudulentos, passando pelos discursos de ódio, até informações sutilmente manipuladas, entre outras modalidades. Publicado no livro Ciências da comunicação contra a desinformação, editado e lançado recentemente pela Intercom, o artigo ressalta que não há receita mágica contra a desinformação e que seu combate deve reunir um esforço coletivo das esferas executiva, legislativa e judiciária, bem como de partidos políticos, companhias digitais, plataformas, veículos de comunicação e sociedade civil. O livro – que é fruto do Ciclo de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, do 45° Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – conta com 13 textos, divididos em três seções: Ciências da comunicação e da informação no combate à desinformação; Desinformação plataformizada e violações de direitos humanos; e Existe vacina para a desinformação? A exemplo de outros autores da obra, Blanco destaca a importância da educação midiática, que busca ensinar os indivíduos a ter atitude crítica e reflexiva em relação a toda e qualquer informação, além de incentivar o consumo de uma dieta informacional variada. A autora sublinha, ainda, a necessidade de fortalecimento do jornalismo profissional, com um melhor entendimento de seu funcionamento por parte do público. Leia o livro gratuitamente.  

 

Leituras 

Analisando o terraplanismo no Facebook – A última edição do Caderno Brasileiro de Ensino de Física traz o artigo “O conceito de teorias da conspiração em controvérsias sobre terraplanismo”, de Leonardo Wilezelek Soares de Melo e Moisés Alves de Oliveira. Utilizando a plataforma Crowdtangle para coleta de dados, os autores buscaram pelos termos terraplanismo, terra plana e conspiracionismo, teorias da conspiração, teorias conspiratórias, entre os períodos de 1/1/2020 e 31/12/2021. Assim, chegaram a um corpus de 254 posts, oriundos de 215 grupos do Facebook. Analisando os posts à luz da abordagem de Mapeamento de Controvérsias e dos pressupostos da Teoria Ator-Rede, não surpreendentemente os autores notaram uma relação entre política e negacionismo. Atitudes de depreciação das teses terraplanistas, bem como de sua associação com as teorias da conspiração, decorreram de três agrupamentos principais: grupos de divulgação científica, grupos de apoiadores do ex-juiz Sérgio Moro, então dissidente de Jair Bolsonaro, e grupos progressistas e opositores ao ex-presidente. O artigo traz outras análises e como principal conclusão a problematização de se utilizar o conceito de teoria da conspiração como um rótulo, ou seja, uma utilização pouco crítica de desqualificação de certos grupos em debates sobre temas de ciência. O artigo completo está disponível aqui.

Comentar ou não comentar? Eis a questão – Criado para promover a participação do público em debates sobre questões sociais relevantes e o diálogo entre veículos e leitores, o espaço para comentários parece ter tomado rumo menos nobre. Diversos estudos vêm apontando a influência negativa de comentários de leitores para a credibilidade das notícias, incluindo de ciência e saúde. Uma pesquisa recém-publicada na revista Science Communication reforça as evidências nesse sentido e engrossa o coro de quem defende o fechamento desse espaço. A pesquisa envolveu 426 pessoas, que leram a mesma matéria sobre resistência a antibiótico. Divididos em cinco grupos, leram, junto com a matéria, comentários positivos apoiados em evidências científicas, comentários positivos apoiados em casos anedóticos, comentários negativos apoiados em evidências científicas, comentários negativos apoiados em casos anedóticos e a matéria sem comentários. A matéria com comentários positivos e anedóticos foi classificada como a mais credível entre as que tinham comentários e similarmente à matéria sem comentários. Por outro lado, a matéria com comentários negativos e evidências científicas foi a considerada a de menor credibilidade. Preocupante? Certamente. Sobretudo no contexto de desinformação desenfreada e do crescente uso das redes sociais pelos veículos jornalísticos. Mas será que a solução é realmente silenciar o leitor? O artigo, em inglês, está disponível aqui.

 

Ações 

The Conversation Brasil – Após cinco anos de gestação, está no ar a edição brasileira do portal de divulgação científica The Conversation, criado em 2011, na Austrália, com a missão de unir o rigor da academia com o estilo do jornalismo para produzir conteúdo de qualidade sobre ciência para um público amplo. O Brasil é o nono país a abrigar uma filial do portal, gratuito e com conteúdo publicado sob a licença Creative Commons – ou seja, que pode ser reproduzido livremente, desde que com os devidos créditos. A ideia é que os pesquisadores brasileiros proponham textos relacionados ao seu trabalho e contem, para a sua elaboração, com a curadoria e o suporte editorial de uma equipe de jornalistas profissionais – formada por Daniel Stycer, Paulo Mussoi, Iasmim Amiden, Cesar Baima, Luciana Julião e Eliabe Figueiredo. Confira.    

De Gutenberg a Zuckerberg – Até 22/10, quem estiver em São Paulo poderá participar da mostra CinEma: De Gutenberg a Zuckerberg, com filmes que abordam a influência de variados meios de comunicação na história e na vida social. Idealizada pela Casa Museu Ema Klabin em parceria com o Museu Lasar Segall, a mostra procura ampliar a reflexão proposta pela exposição A palavra impressa, 1492 – 1671: Livros raros da Biblioteca Ema Klabin, que exibe exemplares produzidos nos primeiros tempos da prensa de tipos móveis aprimorada por Johannes Gutenberg, ressaltando o impacto que essas obras tiveram na nossa forma de compreender o mundo e as consequências que o livro impresso teve na história. Confira a programação.

Livro infantil enfoca o pensamento científico – O livro Bel, a experimentadora, lançado em 24/8 pela editora Moah!, conta a história de Bel, uma menina curiosa e engajada em desvendar o porquê das coisas. Na busca por informações, ela brinca de experimentar com o apoio de Galileu Galilei, seu gato assistente. Escrito por Bruno Gualano, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), a obra trata do pensamento científico a partir das aventuras de sua protagonista. Nesta primeira edição, com o apoio da USP e de algumas empresas parceiras, mais de 80% da tiragem será destinada à doação para atender hospitais infantis. Interessados em colaborar ou propor parcerias, devem entrar em contato pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. ou Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo. (editora). A publicação pode ser adquirida por R$ 42, aqui.

 

Eventos 

Jornalismo e verdade sintética – Nos dias 2 e 3/12, acontece na Cinemateca Brasileira, em São Paulo, a oitava edição do Festival piauí de Jornalismo, reunindo jornalistas brasileiros e estrangeiros de diversos países para debater o tema "Desinformação, redes e inteligência artificial: na era da verdade sintética". Em se tratando de piauí, a qualidade dos debates, que tem curadoria de José Roberto de Toledo, está garantida. A dificuldade é o acesso: o passaporte para os dois dias, no momento, custa R$ 800 ou R$ 400 meia entrada e R$ 750 para assinantes piauí. Informações aqui.

 

Oportunidades 

Bolsa para jornalistas de ciência – O EurekAlert! vai financiar a participação de dois jornalistas iniciantes (com menos de cinco anos de experiência) na reunião anual da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS), que acontecerá entre 15 e 17 de fevereiro de 2024, em Denver, Colorado. Interessados tem até 5/10 para se candidatar. Informações aqui.

(Des)confiança pública na ciência em mídias digitais – Esse é o tema da chamada de artigos lançada pelo periódico Journal of Science Communication, que recebe propostas de resumos (500 palavras) até 30/9. São encorajadas submissões de diferentes perspectivas (culturais, teóricas, metodológicas etc.) para enriquecer a discussão sobre desafios e oportunidades relativos à confiança do público na ciência no cenário digital. Leia a chamada.

Revista recebe artigos – A revista Kairos, de acesso aberto e revisada por pares, recebe propostas de artigos até 30/10 para integrar a edição especial Science Communication: Multimodal Challenges and Opportunities. O dossiê visa abordar como as tecnologias digitais e multimodais transformaram a divulgação científica na última década. As propostas aceitas para publicação serão divulgadas em novembro e os textos completos deverão ser submetidos até 1/5/24. Saiba mais


Tem uma sugestão de notinha para a próxima edição do boletim Ciência & Sociedade? Oba! Envie para o e-mail <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>. 

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Ciência & Sociedade é o informativo eletrônico do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica do Museu da Vida (Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz). Editores de Ciência & Sociedade: Carla Almeida e Marina Ramalho. Redatores: Luís Amorim e Rosicler Neves. Projeto gráfico: Barbara Mello. Informações, sugestões, comentários, críticas etc. são bem-vindos pelo endereço eletrônico <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>. Para se inscrever ou cancelar sua assinatura do Ciência & Sociedade, envie um e-mail para <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>.        

     

* A seção Especial Desinformação é uma iniciativa do projeto “O desafio da desinformação em saúde: compreendendo a recepção para uma melhor divulgação científica”, contemplado pelo Programa Proep 2022, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) e do CNPq.

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