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Créditos: Flavia Braga

Quem imaginaria que uma câmera fotográfica instantânea poderia ser usada para estudar bactérias? Sim, alguns equipamentos que utilizamos no nosso cotidiano também podem ser usados como instrumentos científicos!

Vamos conhecer neste artigo da série Objeto em Foco a Polaroid Gel Cam. Ela é usada na eletroforese, etapa importante na investigação de diferentes espécies bacterianas.


Câmera instantânea

A câmera fotográfica instantânea é um equipamento que revela a imagem na hora. Criada nos anos 1940, popularizou-se com o nome de um dos seus principais fabricantes, a Polaroid Corporation.

O sistema utilizado na revelação instantânea de filmes Polaroid consistia em uma bolsa de fluidos químicos, que, quando passavam pelos cilindros metálicos do equipamento, estouravam, espalhando o fluido pela moldura plástica do filme.

Esta tecnologia foi utilizada durante os anos 1980 e 1990 na ciência, em alguns processos como o da eletroforese. A Polaroid Gel Cam foi utilizada na Fundação Oswaldo Cruz para agilizar a análise de amostras. Fazia registros fotográficos do gel utilizado no processo com o objetivo de oferecer um resultado mais rápido.


O que é eletroforese?

A eletroforese é uma técnica de separação de moléculas, principalmente de proteínas e ácidos nucleicos. O método se baseia no princípio de migração de íons. As moléculas são submetidas à processos de agitação por meio de um campo elétrico na qual migram para um polo positivo ou negativo de acordo com a sua carga. A migração das moléculas, por meio de corrente elétrica, permite a análise e diferentes interpretações do seu comportamento.

Processo de eletroforese em gel de agarose. Esta técnica permite a separação e distinção dos fragmentos de proteínas. Elas são atraídas pelo campo elétrico, o gel funciona como uma barreira. Proteínas menores migram rapidamente e as maiores, lentamente. Imagem: SYNBIO Brasil

A eletroforese é uma importante técnica laboratorial porque permite a separação analítica de moléculas sintéticas e orgânicas, podendo separar moléculas muito semelhantes. Elas vão se separar conforme sua carga elétrica, tamanho e formato. Esta técnica é muito utilizada em processos de biologia molecular, como ciência forense, genética, microbiologia e bioquímica.

A utilização da eletroforese para separação de proteínas foi descrita pela primeira vez em 1937, pelo bioquímico Arne Tiselius. Mas, no princípio, este método era utilizado inteiramente em solução líquida, o que poderia gerar a mistura de proteínas em migração. Mais tarde, suportes sólidos como filtro de papel e celulose passaram a ser utilizados na técnica. Isto permite a separação mais adequada das moléculas.

Até os anos 1990, esta técnica era realizada de forma analógica, separando as partículas em gel. O uso da câmera Polaroid agilizava o resultado do processo. Atualmente a eletroforese é desenvolvida com equipamentos digitais.    

 

Laboratório de Pesquisa em Infecção Hospitalar

A Polaroid Gel Cam foi doada em 2018 ao acervo do Museu da Vida Fiocruz pela pesquisadora Marise Dutra Asensi, do Laboratório de Pesquisa em Infecção Hospitalar do Instituto Oswaldo Cruz (IOC-Fiocruz). Este laboratório dedica-se ao estudo de microrganismos multirresistentes e colabora no desenvolvimento de protocolos clínicos para padrões de uso de novos antimicrobianos.

No laboratório, o equipamento foi utilizado para realização da eletroforese nas etapas de pesquisa e desenvolvimento tecnológico relacionados à identificação de bactérias envolvidas em processos de infecções associadas aos serviços de saúde.

A partir da análise do comportamento das moléculas pela eletroforese, e com o auxílio da câmera de fotografia instantânea, dentre outras técnicas, era possível colaborar com o diagnóstico no combate à proliferação de bactérias em pacientes e nas instalações dos serviços de saúde. Também era possível identificar bactérias resistentes aos antibióticos e analisar amostras ambientais provenientes de superfícies, ar e esgoto.  

 

Informações técnicas do objeto:

Materiais: plástico / metal/ vidro / papel
Fabricante: Polaroid
Origem: Brasil
Data: [1980-1990]
Procedência: Instituto Oswaldo Cruz


Fontes:

AVEDISSIAN, Marcelo. Regulação dos genes groES e groEL em Caulobacter crescentus.  Tese de doutoramento apresentada ao Departamento de Bioquímica, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo. SP: 1996. Disponível em: https://teses.usp.br/teses/disponiveis/46/46131/tde-03022014-162407/publico/MarceloAvedissian_D.pdf

HERINGER, Otto; SIRATUTI, Viviane. Como ver se nossos plasmídeos incorporaram os pedacinhos de DNA? SYNBIO BRASIL, publicado em 21 de março de 2014. Disponível em: https://www.blogs.unicamp.br/synbiobrasil/tag/eletroforese/

NAOUM, Paulo Cesar. Eletroforeses. São Paulo: Livraria Santos, 2010. Disponível em:  https://www.ciencianews.com.br/arquivos/ACET/IMAGENS/livros/acesso_gratuito/Livro_completo%20-%20Eletroforese.pdf

 

Créditos:
Objeto em Foco é um produto de divulgação do acervo museológico sob a coordenação de Inês Santos Nogueira e Pedro Paulo Soares
Serviço de Museologia - Museu da Vida Fiocruz

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