Para celebrar os 150 anos de Oswaldo Cruz, vamos conhecer um objeto que fez parte tanto do seu cotidiano pessoal como no seu trabalho: o visor estereoscópico. Apaixonado pela arte e técnicas fotográficas, até foi apelidado por seus alunos como “Dr. Fotógrafo”, por estar sempre munido de um aparelho estereosfotográfico. Ele registrou centenas de imagens caseiras e exposições científicas.
Oswaldo Cruz, ou o Dr. Fotógrafo
A fotografia foi um importante recurso tecnológico no início do século XX, quando as primeiras instituições de pesquisa brasileiras foram criadas. Oswaldo Cruz foi um dos introdutores da fotografia científica. O cientista, ou “Dr. Fotógrafo” para seus alunos, carregava sempre uma câmera fotográfica a tiracolo.
Muito atraído pela fotografia, Oswaldo Cruz foi mais um que aderiu a febre da estereoscopia na época. Com sua câmera, registrou centenas de imagens caseiras, viagens e exposições científicas. Para a biblioteca do Instituto Oswaldo Cruz, selecionou livros e periódicos dedicados à técnica da fotografia e aos seus usos nos campos médico e científico.
Nos primeiros anos em que trabalhou em Manguinhos, era o próprio o responsável por fotografar as atividades do Instituto. Anos mais tarde, destinou espaço no Castelo Mourisco, edifício sede da Fundação Oswaldo Cruz, para instalar um gabinete fotográfico e cinematográfico. Neste gabinete, desenhistas, fotógrafos e cartógrafos produziram centenas de trabalhos de macro e microfotografia que ilustravam as pesquisas da nova instituição.
O Dr. Fotógrafo multiplicou-se em milhares de cientistas-fotógrafos. Atualmente, a fotografia está incorporada aos currículos de pós-graduação em biologia. Disciplinas sobre fotomicrografia, iluminação, princípios de óptica eletrônica, resolução, formação de imagem com o uso de elétrons, interpretação de imagens e outras técnicas são frequentes em muitos outros cursos.
Mas o que é estereoscopia?
O visor estereoscópico é um aparato inventado pelo físico escocês Davis Brewster em 1849. Foi criado inicialmente com o objetivo científico no campo da fisiologia para comprovar a visão subjetiva e percepção do espaço. O visor proporciona um jogo ótico que permite visualizar uma fotografia em três dimensões.
Esta invenção rapidamente caiu no gosto dos amantes da recém-criada fotografia. O visor estereoscópico permite criar o efeito de profundidade e perspectiva a partir de duas fotografias produzidas em dois ângulos ligeiramente diferentes. Trata-se de uma caixa fechada, composta por lentes que, graças à distância entre elas e à placa que separa o campo visual, mostra uma imagem tridimensional.
A percepção de profundidade é realizada com a utilização simultânea dos dois olhos. Isso acontece porque cada olho enxerga o objeto de um ângulo ligeiramente diferente. Ao processar as informações recebidas, o cérebro consegue fazer com que tenhamos a noção de profundidade.
Observe como funciona o visor estereoscópico:
Informações técnicas do Objeto
Materiais: madeira, metal, vidro
Dimensões: 15x7x10 cm
Fabricante: Richard
Origem: França
Data: [1909]
Procedência: Família Oswaldo Cruz
Outras leituras:
GUERRA, Sales, Osvaldo Cruz. Rio de Janeiro: Vicchio, 1940.
PERES, Michael. Focal Encyclopedia Of Photography. Amsterdam; Boston: Elsevier/Focal Press, 2007.
SANTOS, Maria Isabela Mendonça dos. A estereoscopia e o olhar da modernidade. Brasiliana Fotográfica, 29 de maio de 2019. Disponível em: https://brasilianafotografica.bn.gov.br/?p=14719
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Créditos:
Objeto em Foco é um produto de divulgação do acervo museológico sob a coordenação de Inês Santos Nogueira e Pedro Paulo Soares
Serviço de Museologia - Museu da Vida Fiocruz
Atualizado em 30 de agosto de 2022.