Informativo do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica do Museu da Vida
Ano XX - nº. 277. RJ, 7 de julho de 2021.
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Neste informe:
Destaque
1. Para combater a desinformação científica
Leituras
2. A (des)importância da fonte da informação em textos sobre saúde
3. Credibilidade de conteúdos sobre saúde no Twitter
4. A forma dos artigos científicos pode influenciar a divulgação da pesquisa?
5. Reflexões sobre divulgação científica
Ações
6. Arte e ciência na serra
7. Chamada de artigos para congresso Intercom
8. RedPOP virtual
9. Communicating the Future: Engaging the Public in Basic Science
Oportunidades
10. Curso de introdução ao design de pesquisas
11. Novidade na revista Educação Pública
Destaque
1. Para combater a desinformação científica – A circulação da desinformação e seus impactos é uma questão que tem preocupado e mobilizado diversos atores, em vários países. Para contribuir com o debate informado sobre o tema e a mitigação do problema, a rede de academias europeia Allea lançou o relatório “Fact or Fake? Tackling Science Disinformation”, abordando a desinformação relacionada à ciência. Com enfoque especial em mudanças climáticas, vacinas e pandemias, o documento apresenta as principais características das desinformações na área, suas raízes, disseminação e possíveis soluções. Estas, segundo o documento, envolvem a atuação de cientistas, divulgadores científicos e tomadores de decisão e passam por fatores como práticas mais dialógicas de divulgação científica, foco maior no modus operandi da ciência, manutenção de boas práticas na pesquisa e de altos padrões éticos que garantam sua integridade e confiabilidade e uso de mecanismos de aconselhamento científico responsáveis, honestos, transparentes e eficazes. Sobre ações de combate à desinformação, o relatório recomenda investimento em literacia midiática, numa maior conscientização sobre as vulnerabilidades humanas para aderir a informações falsas, na divulgação das táticas por trás da desinformação e como identificá-las, na aplicação das técnicas de checagem, entre outras. Os autores reforçam a relevância do trabalho meticuloso dos jornalistas: é importante que estejam atentos e se comprometam com o combate à desinformação, visto que um jornalismo duvidoso contribui negativamente para o cenário já complexo da poluição informacional. Leia em: <https://bit.ly/2UvzXXh>.
Leituras
2. A (des)importância da fonte da informação em textos sobre saúde – Um estudo realizado na França utilizando metodologia combinada de rastreamento ocular e questionário investigou a importância dada por 23 jovens leitores ao nome do veículo de publicação ao lerem quatro textos sobre saúde. Dois dos textos foram publicados por jornais tradicionais e os outros dois, em sites menores – estes continham características claras de notícias falsas. A análise das fixações oculares e as respostas aos questionários mostram a pouca importância atribuída ao nome do veículo de publicação e, também, a pouca influência desta informação na decisão de compartilhar os textos. Os dados indicam que a avaliação e o compartilhamento dos textos se dão a partir do tópico abordado e de uma possível utilidade das informações – críveis ou não – para as pessoas no entorno do leitor. Textos pouco confiáveis, como a promessa de cura da pneumonia através de uma pasta de alho, ou a promessa do uso da graviola como a cura do câncer, foram indicados para um possível compartilhamento por mais de 80% e mais de 50% dos leitores, respectivamente – o que indica a fragilidade no julgamento de informações. Leia o artigo e os demais estudos da edição corrente do JCOMM América Latina em: <https://bit.ly/3dRhdbw>.
3. Credibilidade de conteúdos sobre saúde no Twitter – Os danos que notícias falsas sobre saúde podem causar geram ainda mais preocupação durante uma pandemia. Assim, torna-se mais urgente tentar entender que fatores interferem na credibilidade de conteúdos postados nas mídias sociais. Artigo publicado em junho no Journal of Science Communication, por Lars König e Priska Breves, dão algumas pistas nesse sentido. Os autores realizaram um experimento em que dois perfis de Twitter foram criados: num deles a pessoa se dizia um cientista de uma universidade alemã; no outro, a mesma pessoa se dizia ministro de saúde pública de uma localidade da Alemanha. Cada um dos 424 participantes foi exposto a um desses perfis e a um tweet sobre saúde do referido perfil (alguns deles escritos em letras maiúsculas e outros, em minúsculas). Os resultados mostraram que se um tweet é escrito em letras minúsculas, os participantes veem a fonte de informação como mais confiável e mostram-se mais dispostos a ler tais conteúdos e compartilhá-los. Além disso, cientistas foram vistos como possuidores de maior conhecimento do que políticos, embora os políticos tenham sido considerados mais íntegros. Será que esse resultado se repetiria em outros países, como no Brasil? Façam suas apostas! Leia o artigo em: <https://bit.ly/36g7nfh>.
4. A forma dos artigos científicos pode influenciar a divulgação da pesquisa? – Notícias sobre pesquisas em saúde com omissão de informações ou uso de linguagem exagerada não são incomuns, como matérias sobre a doença de Alzheimer (DA) com manchetes que omitem que as descobertas médicas são baseadas em estudos com camundongos. Essa é uma crítica comum ao jornalismo científico. Porém, o artigo “What’s not in the news headlines or titles of Alzheimer disease articles? #InMice”, publicado em junho na revista PLOS Biology, mostra que os divulgadores científicos são influenciados pelos títulos dos artigos científicos. No estudo, os autores identificaram 623 artigos de acesso aberto, indexados no PubMed em 2018 e 2019, que usaram camundongos como modelo ou como fonte biológica para pesquisas experimentais da DA. Com o uso da plataforma Altmetric Explorer e análises estatísticas, os autores coletaram e analisaram os títulos das notícias geradas pelos artigos. Os resultados indicam que divulgadores de notícias tendem a seguir os autores dos artigos. Já os artigos que omitem os camundongos nos títulos geram mais notícias e mais tweets. Acesse o artigo completo em: <https://bit.ly/3wrRg94>.
5. Reflexões sobre divulgação científica – Nos debates sobre divulgação científica (DC), é muito comum definir essa prática como uma reformulação do discurso científico, na busca por traduzir ou simplificar a linguagem da ciência para o público leigo. Outra interpretação aponta a DC como um gênero discursivo próprio, por possuir estruturas, unidades temáticas e estilos característicos. As duas abordagens são analisadas criticamente no artigo “Da reformulação discursiva a uma práxis da cultura científica: reflexões sobre a divulgação científica”, da edição corrente de História, Ciências, Saúde-Manguinhos. Para os autores, a prática de divulgar ciência é realizada por meio de atividades desenvolvidas na interação de esferas de criação ideológicas e não somente como um processo comunicativo que visa transmitir informações. “Nesse sentido, a interpretação exclusivamente por meio das características linguísticas e discursivas deve ser superada para que a área se atente a outros elementos da prática de divulgar a cultura científica e compreenda criticamente o vasto campo da DC”. O mesmo número da revista traz uma resenha dos livros José Reis: caixeiro-viajante da Ciência e José Reis: reflexões sobre a divulgação científica; quatro artigos da nova seção da revista “Testemunhos Covid-19”, entre outros trabalhos. Leia em: <https://bit.ly/3hjc7ag>.
Ações
6. Arte e ciência na serra – Embora residências artístico-científicas sejam cada vez mais comuns na Europa e nos Estados Unidos, essa moda ainda não pegou no Brasil. Existem poucas instituições investindo seriamente no encontro da ciência e da arte no país e, mesmo dentro desse círculo restrito, as residências são pouco comuns. Assim, chama atenção a proposta da Silo - Arte e Latitude Rural de reunir artistas, curadores e cientistas por dez dias em sua sede na Área de Proteção Ambiental da Serrinha do Alambari, no estado do Rio. Desde 2017 produzindo a Resiliência: Residência Artística, a Silo decidiu ampliar a experiência, oferecendo um ambiente instigante para a troca de saberes entre artistas e cientistas. A residência está aberta a artistas, cientistas e curadores de qualquer nacionalidade. Saiba mais em: <https://bit.ly/2TLLu4X>.
Eventos
7. Chamada de artigos para congresso Intercom – O grupo de pesquisa Divulgação Científica, Saúde e Meio Ambiente, da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, convida para submissão de artigos – até 12 de agosto – ao congresso nacional da Intercom (virtual), que ocorre de 4 a 9 de outubro, com o tema "Comunicação e resistência: práticas de liberdade para a cidadania". Leia mais em: <https://bit.ly/3wls0RV>.
8. RedPOP virtual – Pela primeira vez, o Congresso da Rede de Popularização da Ciência e da Tecnologia na América Latina e no Caribe (RedPOP) acontecerá virtualmente. O encontro, que ocorreria em 2020, no Uruguai, foi transferido para as redes e será nos dias 24 e 25 de novembro, com o tema oportuno “Recalculando...”. A chamada para submissão de trabalhos está aberta até 16 de agosto. Mais informações em: <https://bit.ly/3xo545L>.
9. Conferência discute o engajamento público com a ciência básica – Em 27 e 28 de julho a Fundação Kavli e o Departamento de Energia Americano realizam a conferência online “Communicating the Future: Engaging the Public in Basic Science”. O evento visa discutir a relação do público com a ciência básica, sua importância, como melhor compreendê-la e aprimorá-la na prática. Para se inscrever gratuitamente e conferir a programação, acesse: <https://scipep.org/>.
Oportunidades
10. Curso de introdução ao design de pesquisas – Com foco nas etapas práticas necessárias para fazer pesquisas, a próxima turma do curso online "Introduction to Survey Design" começa em 21 de julho, oferecido pelo Institute for Methods Innovation. O programa conta com aulas ao vivo em pequenos grupos e outras individualizadas. O custo varia entre 89 e 199 euros. Saiba mais em: <https://bit.ly/3jO6wud>.
11. Novidade na revista Educação Pública – A revista Educação Pública da Fundação Cecierj acaba de lançar a seção "Científica e Ensino de Ciências". De caráter multidisciplinar e acesso aberto, receberá textos em fluxo contínuo sem cobrança de taxa. Manuscritos nas modalidades relato de experiência, artigo científico ou de revisão podem ser submetidos em português, espanhol ou inglês. Mais informações em: <https://bit.ly/2SRxcz9>.
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