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Por Melissa Cannabrava

Quem mora em Manguinhos, Zona Norte do Rio de Janeiro, já conhece algumas iniciativas que atuam no território. Com a pandemia, as ações foram intensificadas na busca de melhor orientar quem vive no local. O Manguinhos Solidário atua há 5 anos no auxílio aos moradores da favela em demandas emergenciais, como, por exemplo, as enchentes. Desde o início de 2020, a iniciativa está no combate à Covid-19, reunindo coletivos, ONGs e instituições de diversas frentes de luta. 

Paloma participa de ações do Manguinhos Solidário. Crédito: reprodução

O foco principal do coletivo é colaborar com a sobrevivência da população favelada de Manguinhos. O projeto não conta com o apoio de igrejas, prefeituras, governo ou qualquer outro órgão, apenas doadores - muitos são amigos da favela. O Manguinhos Solitário também segue de pé com o trabalho pesado de voluntários como Paloma da Silva Gomes, professora municipal no território e militante. Ela acompanha tudo bem de perto desde o início, ressaltando a participação de voluntários como Kadu Ferraz, Rogério Araújo, Patrícia Evangelista e Leo Bueno.

A mais recente batalha dos participantes do projeto e de toda a comunidade é contra o fechamento da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Manguinhos, que encerrou suas atividades na última quarta (06) devido ao fim dos contratos dos profissionais da saúde. "A UPA foi fechada de um dia para o outro, depois fomos entender que foi por questão de contratação. Ainda está uma confusão de informações. Nos organizamos enquanto coletivo e fomos para a frente da UPA para exigir a reabertura. Estamos em uma segunda onda da pandemia e uma UPA fechada só mostra mais uma vez o descaso com a  população e a falta de garantia de direitos - direito à vida, inclusive”. 

Saiba mais sobre o projeto Manguinhos Solidário na entrevista do Museu da Vida com a professora e ativista Paloma Gomes. 

 

Como o Manguinhos Solidário foi criado? A partir de quais situações surgiu a necessidade de criar o coletivo? 
O Manguinhos Solidário foi criado após uma junção de coletivos para resolver questões do território. A necessidade era de grande emergência, pessoas em vulnerabilidade total por causa das enchentes que assolam (o território) no início de todos os anos. É um problema antigo que não conseguíamos mais deixar passar, o poder público nunca chegava. 

Quem são os integrantes do Manguinhos Solidário atualmente? A participação é voluntária? Pode compartilhar um pouco com o Museu da Vida sobre o dia a dia da equipe? 
São pessoas que atuam no território de alguma forma: moradores, trabalhadores, participantes de coletivos, projetos, movimentos, entre outros. Pessoas que são de Manguinhos ou que se envolvem com o território de alguma forma, somando numa luta de todos. É claro que, em determinados momentos uns tomam a frente mais que outros, porque o trabalho é completamente voluntário, então, depende da disponibilidade dos membros. O trabalho é pesado, não só pela questão física, porque demanda força braçal. Muitas vezes é necessário carregar doações pesadas, como colchões, móveis, cestas básicas, enfim, muito trabalho. Há também a questão psicológica. Mexe muito com a nossa cabeça ver esse descaso com nosso povo, a falta de garantia de nossos direitos. 

Qual foi o maior desafio ao trabalhar na comunicação durante os primeiros meses de pandemia? Como os moradores reagiram às primeiras notícias sobre o vírus? O coletivo realiza ações pontuais? 
O maior desafio foi passar, através de textos, relatos, lives e outras maneiras, a conscientização sobre a gravidade de uma pandemia mundial, sendo que o problema se torna quase abstrato para alguns, por não poderem visualizar o vírus. Colocamos a seguinte reflexão: se, até os dias atuais, conseguimos driblar tantas dificuldades (violência, falta de água, luz, as enchentes), esse seria mais um. Foi bem difícil, mas estamos passando por isso, apesar de toda as situações, de maneira bem surpreendente. No início, alguns pensavam que seríamos todos mortos. Mas o problema maior, além de enfrentar essa doença, é lidar com a invisibilidade que já temos há anos. Até que a solidariedade cresceu, porém, não quanto esperávamos. Ainda é difícil o diálogo, é um trabalho de formiga. A falta de informação e de preparo é muito grande, mas, passo a passo, vamos avançando. 

O Manguinhos Solidário não recebe apoio de órgãos do governo e nem de outras instituições. Como funciona a logística de doações? 
Fazemos tudo de forma bem independente. Recebemos doações de pessoas físicas de diversos lugares, em sua maioria, amigos próximos, lutadores e lutadoras que nos acompanham, além da ajuda de ONGs locais, como a Origem. Pessoas ligadas a partidos também, mas tudo vem delas enquanto pessoas físicas, nada direto das unidades em questão.

Acesse a Vakinha online do Manguinhos Solidário e colabore. 

Publicado em 08 de janeiro de 2020
 

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