Por Melissa Cannabrava
Nos primeiros dias do mês de agosto, é celebrado o Dia Nacional da Saúde. Resultado de um equilíbrio orgânico, mental e físico de nosso corpo, a saúde é uma conquista diária a partir de diversos fatores, como uma alimentação equilibrada, uma boa noite de descanso, momentos de lazer e atividade física.
A data é marcada como uma referência ao aniversário do médico sanitarista Oswaldo Cruz, que conduziu campanhas para a erradicação de diversas doenças, como a peste bubônica, a varíola e a febre amarela no início do século XX. A preocupação do cientista no combate às doenças e o cuidado com a saúde pública deixou um legado e fez com que, em 1967, a data fosse instituída nacionalmente. O propósito deste dia é elevar o nível de hábitos saudáveis a partir da divulgação de conteúdos para a sociedade e de reflexões, buscando estimular comportamentos que possam resultar numa melhor qualidade de vida.
O conceito de saúde foi deliberado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que a descreve como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afeções e enfermidades”. Este mesmo conceito é encontrado na Constituição Brasileira de 1988 e é abordado sob as perspectivas política, social e econômica. Com isso, assegurou-se o direito do cidadão à saúde por meio da responsabilidade do Estado, como é possível encontrar no artigo 196: "A saúde é um direito de todos e dever do estado, garantido mediante medidas políticas, sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a sua promoção, proteção e recuperação".
No atual momento de pandemia, é pertinente resgatarmos a origem da saúde como um direito humano, atentando para a importância do cuidado à saúde e para a responsabilidade de órgãos governamentais. Considerando a natureza do novo coronavírus e as incertezas que giram em torno da doença Covid-19, hábitos saudáveis e responsáveis, saneamento ambiental e educação sanitária se tornam ainda mais essenciais.
Doenças mais comuns nos brasileiros
De acordo com a Pesquisa Nacional de Saúde 2015 (PNS), realizada pelo Ministério da Saúde em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o infarto agudo do miocárdio é uma doença preocupante que já atingiu cerca de 300 mil pessoas no país e causa mais de 80 mil mortes por ano. Além desta doença, cerca de 9 milhões de brasileiros são diagnosticados com o diabetes, enfermidade crônica caracterizada pela produção insuficiente do hormônio insulina ou por sua má absorção pelo corpo.
Outro hábito comum entre os brasileiros que aumenta o fator de risco para o desenvolvimento de uma série de doenças crônicas é o tabagismo, podendo causar câncer, doenças pulmonares e cardiovasculares. De acordo com dados da pesquisa brasileira Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), o uso do tabaco continua sendo líder global entre as causas de mortes evitáveis.
A pesquisa apontou que a frequência de adultos fumantes foi de 9,3%, sendo quase duas vezes maior no sexo masculino (12,1%) do que no feminino (6,9%). Na amostra da pesquisa, a frequência de fumantes tendeu a ser menor entre os adultos jovens menores de 25 anos e entre aqueles com 65 anos ou mais. A frequência do hábito de fumar diminui com o aumento da escolaridade e foi particularmente alta entre homens com até oito anos de estudo (17%).
No mesmo estudo, o excesso de peso - fator de risco para quem contrai o novo coronavírus - também foi computador entre os entrevistados. Nas 27 cidades em que a pesquisa foi realizada, a frequência de excesso de peso foi de 55,7%, sendo ligeiramente maior entre homens (57,8%) do que entre mulheres (53,9%). Nos homens, a frequência dessa condição aumentou até os 44 anos e foi maior entre as pessoas com alto índice de escolaridade. Já entre as mulheres, a frequência aumenta até os 64 anos e diminui consideravelmente com o aumento da escolaridade.
Para além do Brasil, a saúde precisa ser pensada a nível global. E existe uma data para isso: o 7 de abril, Dia Mundial da Saúde, instituído em 1948 junto com a criação da Organização Mundial da Saúde (OMS). Este ano, ambas as ocasiões - o 7 de abril e o 5 de agosto - ganham ainda mais importância diante da pandemia de uma doença nova que desafia a ciência, as autoridades de saúde, governos e, principalmente, os sistemas de saúde. Resta-nos aprender com as vulnerabilidades e desigualdades expostas para continuar construindo a saúde coletiva a nível nacional e também global.
Publicado em 5 de agosto de 2020