Neste informe:
1. Museus em quarentena: oportunidade para refletir sobre mudanças?
2. A cobertura sobre Covid-19 na Folha de S. Paulo
3. Pesquisas em divulgação científica na América Latina
4. Debatendo o papel de cientistas e jornalistas na pós-normalidade
5. Webinários em divulgação científica disponíveis online
6. Marque na agenda: webinário discutirá reabertura de museus de ciência
7. Da academia para a divulgação científica
8. Chamada pública para podcasts de ciência
9. Curso online de pesquisa aplicada à divulgação científica
10. Conferência online sobre ciência cidadã
11. Fórum discute jornalismo científico
1. Museus em quarentena: oportunidade para refletir sobre mudanças? – Em função das medidas de prevenção à Covid-19, museus ao redor do mundo procuram se manter acessíveis virtualmente enquanto lidam com portas fechadas aos visitantes ou retorno gradual com limitações de público. Em “Reconfiguration of the museumscape”, publicado na revista Spokes, Yves Winkin, pesquisador e ex-diretor do Museu de Artes e Ofícios de Paris, discute como os museus devem atuar nessa nova realidade. O autor parte do pressuposto de que a presença dos visitantes é o que torna os museus instituições culturais “vivas” e lança a provocação: a existência online é suficiente? Para o pesquisador, o momento é oportuno para questionar e refletir sobre a relevância do número de visitantes como um indicador de sucesso de exposições; o desenvolvimento de ambientes de atenção plena; e as formas de avaliação que considerem as experiências individual e coletiva, entre outras questões. Winkin propõe, ainda, imaginar a redistribuição do trabalho entre museus nessa nova realidade de funcionamento, enquanto não há uma vacina ou tratamento eficaz contra a Covid-19, como a existência de museus com foco na experimentação e poucos visitantes; museus dedicados à pesquisa e fechados ao público em intervalos de tempo variados; e museus dedicados ao atendimento dos visitantes. O autor defende o protagonismo das instituições nos processos de reconfiguração do campo, com discussão e preparação prévia, antes que mudanças sejam imputadas por outros fatores, como cortes e limites orçamentários. Acesse o texto, em inglês, em: <https://bit.ly/2ZXvCLV>.
2. A cobertura sobre Covid-19 na Folha de S. Paulo – A interface entre saúde e política nunca esteve tão evidente como no contexto da pandemia de Covid-19, algo que ficou expresso na cobertura jornalística em diversos países com o avanço da doença. No Brasil, em particular, a Folha de S. Paulo, jornal de maior circulação no país, publicou 13,4 mil textos sobre Covid-19 apenas nos primeiros cinco meses de 2020. O dado é do texto “Saúde e política na crise da Covid-19: apontamentos sobre a pandemia na imprensa brasileira”, publicado na última edição da Revista Eletrônica de Comunicação, Informação e Inovação em Saúde-Reciis. Um dos aspectos que chama atenção na cobertura da Folha é que o pico de publicação de textos sobre o assunto ocorreu entre 15 e 28 de março, com queda paulatina e constante nas semanas seguintes – justamente quando a curva de casos da doença começa a crescer rapidamente. Um dos motivos para esse decréscimo, segundo o autor, Luiz Marcelo Robalinho Ferraz, é a crise política suscitada pela pandemia no Brasil, alimentada, entre outros fatores, pela minimização da doença por parte do Presidente da República, Jair Bolsonaro, e as consequentes críticas de políticos e protestos da população, que passaram a ocupar destaque no noticiário. Leia o texto completo no link: <https://bit.ly/3dPS2Dr>. A mesma edição da revista traz também outros artigos e o dossiê “Comunicação e meio ambiente”, com cinco trabalhos temáticos, além de entrevista e artigo de revisão. Acesso gratuito em: <https://bit.ly/3in8puJ>.
3. Pesquisas em divulgação científica na América Latina – A edição de junho da Jcomm América Latina traz pesquisas dedicadas a experiências variadas envolvendo divulgação científica. Dois artigos – um com abordagem etnográfica e outro, sociológica – se debruçam sobre os processos de produção de matérias jornalísticas de ciência. No primeiro, o estudo de campo se deu na Divisão de Divulgação Científica da Universidade Federal de Uberlândia (MG) e o segundo, na agência de notícias do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia do México. Já os centros e museus de ciência são objetos de estudo de outros dois artigos. Um, mais teórico, aborda o potencial dessas instituições para desenvolver reflexões em torno de controvérsias sociocientíficas. O outro consiste num estudo empírico que pretende compreender a experiência de visitação de idosos a duas exposições no Museu da Vida (RJ). Já o “Pint of Science”, realizado na cidade de Curitiba (PR), é foco de um trabalho que busca identificar e analisar as estratégias de comunicação pública da ciência adotadas pela coordenação local do evento. A revista conta também com uma seção para relatos de atividades. Nessa edição, um texto trata de uma proposta didática de jogo, orientado a dar visibilidade para a vida e obra de mulheres cientistas argentinas. Outro relato se debruça sobre oficinas recreativas de ciência realizadas no México. Acesse a edição gratuitamente em: <https://bit.ly/31Du9Nb>.
4. Debatendo o papel de cientistas e jornalistas na pós-normalidade – O artigo foi escrito antes mesmo da pandemia, mas os apontamentos caem como uma luva no cenário atual: “Post-normal science communication: exploring the blurring boundaries of science and journalism”, publicado recentemente na Journal of Science Communication, aborda relações entre ciência e sociedade num contexto chamado pelos autores de pós-normalidade. Em linhas gerais, tal contexto seria uma situação onde a ciência é confrontada por incertezas e pressões políticas, ao mesmo tempo em que precisa lidar com grandes mudanças na comunicação e com uma imensa polarização da sociedade – características já identificadas pelos autores em circunstâncias anteriores, como nas marchas pela ciência, em 2017. No artigo, eles oferecem um quadro teórico para a análise dos diferentes papéis exercidos por cientistas e jornalistas de ciência: seja como uma espécie de advogado, mas sem necessariamente um posicionamento estrito e sim defendendo valores amplos e importantes, como a liberdade e a própria ciência; ou como curadores de conteúdos – muitas vezes conflitantes –; ou ainda como intérpretes, contextualizando diferentes fatos científicos e não deixando esta tarefa unicamente para bloggers ou para comentários de leitores. O artigo, de acesso livre, pode ser lido em inglês em: <https://bit.ly/2ZFxFUw>.
5. Webinários em divulgação científica disponíveis online – Desde o início da pandemia, várias instituições têm realizado webinários sobre temas de divulgação científica. Alguns desses eventos estão disponíveis gratuitamente online, como “Coronavirus Conversations: Science Communication in the time of Coronavirus” (confira em: <https://bit.ly/2NYnSn8>), realizado pela Universidade de Duke (EUA), em que especialistas em jornalismo científico e pesquisa em divulgação científica debatem a verificação das fontes de pesquisa, os desafios para garantir a disseminação de informações de qualidade para a sociedade e o papel desempenhado pelas mídias sociais durante a crise sanitária. Já no webinário “Misinformation: research, engagement & reflections” (disponível em: <https://bit.ly/38wMn4s>), promovido pela Rede Europeia de Centros e Museus de Ciência (Ecsite), os participantes são convidados a refletir sobre o papel da divulgação científica no combate à desinformação. Pesquisadores e profissionais da área abordam a produção e disseminação de informações erradas ou incompletas nas comunidades online e os impactos na percepção pública da ciência e dos cientistas. Outro webinário interessante é o “Teaching science communication” (acesse em: <https://bit.ly/2YZTLSs>), realizado pela Rede de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (PCST Network). Nele, os palestrantes tratam de experiências de ensino em divulgação científica, desde workshops de treinamento até programas de pós-graduação, a necessidade de ensinar novas habilidades para lidar com as crises mundiais, o papel de avaliadores externos e a qualidade do ensino, entre outros tópicos.
6. Marque na agenda: webinário discutirá reabertura de museus de ciência – O Comitê Internacional de Museus e Coleções de Ciência e Tecnologia (CIMUSET), em parceria com o museu de ciência Ingenium (Canadá), irá realizar o webinário “Reopening Science and Technology Museums”, no dia 9 de julho, às 16h (horário de Brasília), por meio da ferramenta de conferência remota Zoom. Desde a caracterização da Covid-19 como uma pandemia pela Organização Mundial de Saúde, em 11 de março, centros e museus de ciência do mundo estão com suas portas fechadas aos visitantes, medida de contenção do novo coronavírus. Com a atual baixa nas taxas de infecção e mortalidade da doença em algumas cidades do mundo, vários espaços científico-culturais vêm anunciando datas de reabertura. O webinário contará com representantes do Museu de Ciência e Tecnologia (China), do Museu Nacional de Ciência e Tecnologia Leonardo da Vinci (Itália) e do Museu de Ciência e Tecnologia do Canadá, que irão compartilhar experiências e desafios enfrentados. Sem medicamento ou terapia comprovados contra a Covid-19, é fundamental adotar as medidas de proteção orientadas pelas autoridades do local durante a visita, o que promoverá experiências totalmente diferentes. Para assistir ao webinário, acesse: <https://bit.ly/
7. Da academia para a divulgação científica – O “Nature careers”, canal de podcasts da revista Nature, lançou uma série com seis programas sobre os segredos da divulgação científica de qualidade. O terceiro episódio conta com a participação de cientistas que deixaram a carreira acadêmica para trabalhar como divulgadores da ciência. Os entrevistados compartilham experiências e recomendações sobre os principais desafios e o que é preciso saber antes de se decidir pela mudança. A decisão vem, geralmente, acompanhada de muitos obstáculos, entre eles a falta de entendimento e apoio de familiares, amigos e professores. Para Gareth Mitchell, apresentador do programa Digital Planet da BBC, ter que lidar com a incompreensão e o questionamento dos pais foi o maior desafio. Azeen Ghorayshi, cientista e filha de imigrantes iranianos, também enfrentou grande pressão dos pais, que percebiam a carreira de jornalismo como insegura. Ghorayshi também comenta sobre a sua jornada de formação e a importância de cursos e estágios na área para desenvolver competências relevantes: cientistas possuem formação acadêmica, experiência em pesquisa e, na maioria das vezes, em gerenciamento de projetos – habilidades muito úteis, mas não fundamentais para um divulgador científico. Buscar recursos na internet e investigar cursos oferecidos por instituições com tradição na área fazem a diferença. Por fim, Ferris Jabr, escritor de livros científicos, comenta sobre o seu mais recente livro e como desenvolve suas histórias. Para conferir o podcast, em inglês, acesse: <https://go.nature.
8. Chamada pública para podcasts de ciência – Termina em 10 de julho o prazo de submissão de propostas para o edital do Camp Serrapilheira 2020 que vai selecionar podcasts com histórias nas quais a ciência e o método científico estejam presentes. Até oito propostas serão selecionadas e receberão até R$ 50 mil, cada, para desenvolvimento dos projetos. Os contemplados também participarão de um programa de treinamento, seguido de três sessões de mentoria com a PRX, empresa norte-americana especializada em narrativas e jornalismo por áudio. São aceitas propostas dos mais diversos formatos, mas serão priorizados projetos que apresentem boas estruturas de roteiro, tanto de podcasts que ainda estejam em fase de concepção (pré-lançamento) quanto de projetos já em execução que desejem incluir ou aprimorar a presença da ciência em seus programas. São encorajadas propostas de pessoas negras, independentemente do conteúdo do podcast abordar a questão racial. Propostas de organizações pequenas ou produtores independentes serão igualmente analisadas, desde que possam demonstrar experiência prévia e condições de realizar o projeto. Proponentes que já possuam financiamento do Camp Serrapilheira no momento desta chamada não poderão concorrer. Para mais informações sobre critérios de seleção das propostas, etapas do processo, treinamento, prazos, cronogramas e inscrições, acesse: <https://bit.ly/2VHKLj0>.
9. Curso online de pesquisa aplicada à divulgação científica – Projetos que parecem incríveis no papel podem não ser bem-sucedidos na prática. Como saber, com alguma segurança, se aquela atividade de divulgação científica (DC) atingiu de fato os objetivos que propunha? A Unidade de Divulgação Científica da University of the West of England (Bristol/Reino Unido) está oferecendo um curso online de desenvolvimento profissional focado em métodos de pesquisa e avaliação em DC, que inclui conhecimentos e habilidades necessárias para projetar, realizar e analisar criticamente pesquisas em DC. As técnicas ensinadas são relevantes para quem deseja realizar pesquisas sociais usando métodos quantitativos e qualitativos, bem como para aqueles interessados em avaliar iniciativas de engajamento público. As aulas incluem tópicos como metodologias de pesquisa, como desenhar um projeto de pesquisa, criticidade na investigação, ética e como compartilhar a pesquisa de maneira eficaz. Entre os métodos de pesquisa abordados, estão questionários, análise de conteúdo e discurso, observações, entrevistas, grupos focais e análises de mídias sociais. O curso vai de 7 de setembro de 2020 a 25 de janeiro de 2021, o que inclui 20 semanas de conteúdo online. O preço, bastante salgado, é de 1.170 libras esterlinas (cerca de 7,7 mil reais). Mais informações pelo email: <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo..
10. Conferência online sobre ciência cidadã – Prevista originalmente para ocorrer na cidade italiana de Trieste, a conferência “Encounters in Citizen Science” será realizada de 6 a 10 de setembro, em formato online este ano devido à pandemia de Covid-19. O lado positivo do encontro virtual é o valor mais baixo de inscrição (a partir de 50 euros) e a possibilidade de atrair um público mais diversificado, que não poderia arcar com os custos de transporte do evento original. A ciência cidadã é uma das fronteiras mais promissoras do engajamento público com a ciência e tem amplo potencial a ser explorado para alcançar o tão desejado diálogo entre ciência e sociedade. Nos últimos anos, os projetos de ciência cidadã se espalharam pelo mundo graças à acentuada evolução das tecnologias digitais e ao aumento da conexão à internet. Em uma digitalização tão massiva do mundo, a ciência cidadã está reinventando a maneira como o conhecimento é produzido, distribuído e acionado, e está avançando em direção à ciência aberta e aos dados abertos. A conferência busca atrair cientistas, professores, educadores, mediadores de museus, administradores locais e quem mais estiver interessado em conectar ciência e sociedade. As inscrições terminam em 31 de julho. Acesse o programa completo e inscreva-se em: <https://www.ecsa-conference.
11. Fórum discute jornalismo científico – De 24 a 26 de agosto de 2020, será realizado de forma inteiramente virtual o Science Journalism Forum. Trata-se de um evento global onde jornalistas, escritores, editores, cientistas, estudantes e pesquisadores podem compartilhar e debater ideias, atividades e experiências sobre jornalismo científico. O objetivo é capacitar todas as partes interessadas com novas ferramentas que as ajudem a melhor se comunicar, interagir e/ou aprender sobre ciência e comunicação. Buscando fortalecer a identidade global e plural do Fórum, haverá palestrantes de todo o mundo, que poderão fazer suas palestras em seu próprio idioma. O tema principal do evento será “Roteiro para o futuro”, com um olhar para conteúdos de mídia, engajamento, modelos de negócio, construção de capacidades, Ciência e Tecnologia e, por fim, pandemia. As inscrições custam 29 dólares para estudantes e 49 dólares para demais interessados. Mais informações estão disponíveis em: <www.sciencejf.com>.