Ir para o conteúdo

O biólogo Miguel de Oliveira, do Serviço de Educação do Museu da Vida, está de volta para responder outras dúvidas de visitantes sobre o novo coronavírus e assuntos relacionados à doença Covid-19!

As primeiras perguntas podem ser lidas neste link

Você tem dúvidas? Envie em nossas redes sociais, pelo canais do Facebook (@museudavida), Twitter (@museudavida) e Instagram (@museudavidafiocruz). 

Vamos lá? Compartilhe o nosso conteúdo por aí! 

Qual é a recomendação sobre o uso de máscaras? (Sidcley Lyra)

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) reitera as recomendações e instruções do Ministério da Saúde sobre confecção e lavagem de máscaras caseiras. Ressaltamos que a recomendação de uso de máscaras caseiras em larga escala tem como base a proteção coletiva, uma vez que muitas pessoas podem estar infectadas e serem assintomáticas. Ou seja, poderiam estar transmitindo a doença sem saberem que estão com o vírus. Do ponto de vista da proteção individual, não há informações suficientes sobre eficácia de máscara caseira no contexto da pandemia da Covid-19. 

As máscaras de produção industrial do tipo N95 devem ser utilizadas pelos profissionais nos serviços de saúde, que lidam com pacientes acometidos pela Covid-19, para proteção individual. É importante ressaltar que o uso de máscaras caseiras pela população em geral pode causar uma falsa sensação de proteção. A Fiocruz recomenda, portanto, que as pessoas façam o uso correto da máscara caseira, não compartilhando-a com familiares, não tocando o rosto depois de colocá-la e fazendo a sua limpeza conforme orientação do MS, e reforça a necessidade de manutenção do isolamento social e das medidas de higiene para o combate à Covid-19.

Já temos remédios contra o coronavírus? (Sidcley Lyra)

Ainda não temos nenhuma comprovação científica de um remédio que seja realmente eficiente para a prevenção ou o controle da infecção pelo coronavírus. Vários compostos estão sendo testados, em ensaios clínicos que são feitos nos hospitais com doentes de COVID-19, no mundo todo e aqui no Brasil, mas ainda vai levar um tempo para descobrirmos algo que funcione.

Quanto tempo deve demorar para produzir uma vacina contra o coronavírus? (Sidcley Lyra)

Essa é a resposta de ouro! Há estimativas de que ela demorará entre 18 meses ou mais, mas ninguém sabe ao certo. Isso envolve não somente fazer uma formulação que possa ser usada com segurança, mas também envolve testes em seres humanos, para saber se a vacina protege de forma eficiente. Não há vacinas, por exemplo, para outros coronavírus humanos até hoje como o vírus da Síndrome respiratória aguda grave (SARS) ou o vírus da Síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS).

Podemos usar qualquer tipo de álcool para higienizar as mãos? (Sidcley Lyra)

Não. Somente álcool hidratado, ou seja, com água entre 60º G.L. e 70º G.L., que é a gradação do álcool. O álcool mais diluído  - como esses de 46º G.L.- não dilui a capa de gordura que tem o coronavírus e um mais forte  - como o de 80º G.L. ou mesmo o etanol 99º G.L. - pode desidratar o vírus sem inativá-lo. É a combinação de água e álcool, na proporção certa, que inativa o vírus de vez. Recomendamos olhar o manual do Instituto Nacional Controle Qualidade em Saúde (INCQS), da Fiocruz, neste link.

Por que os testes demoram tanto para sair o resultado? (Sidcley Lyra)

Realizar os testes envolve muitas etapas. Por exemplo, para os testes com a tecnologia RT-PCR, que identificam a presença do vírus no corpo humano, há a coleta da amostra no paciente suspeito, recepção do material em um laboratório público vinculado ao Sistema Único de Saúde, preparação do material coletado, condução do diagnóstico na máquina de RT-PCR, leitura dos resultados, computação do resultado em um sistema e encaminhamento dos mesmos ao paciente. Neste exame, em específico, há um protocolo sendo seguido na realização do teste e isso requer tempo.

Caros, eu tenho uma dúvida cruel sobre o uso da máscara. Fiz um teste usando máscara comum e outro teste usando um papel toalha. Além disso, um desodorante aerosol. Na comum, é fácil observar que as partículas ultrapassam a máscara. Já, no papel toalha, isso não é observável. Gostaria de saber se esse teste, mostrado no meu vídeo, tem alguma validade. Porque a vontade de adaptar um papel toalha na máscara convencional é muito grande rs. (Joás Ramos)

Para começar a responder essa pergunta, é importante destacar que nenhuma máscara é 100% eficiente. A recomendação do Ministério da Saúde, até o momento, é que as máscaras sejam feitas de um tecido com camada dupla (acesse a Nota Informativa do Ministério da Saúde), podendo ser colocada uma entretela entre elas. As máscaras têm se mostrado como aliadas no controle da pandemia pelo coronavírus, mas somente junto com as outras medidas preconizadas pelas autoridades de saúde, como a higienização das mãos e o isolamento social. Não sei o que você chamou de “máscara comum”, qual é o tipo de tecido dela e se ela tem camada dupla. O papel toalha pode até barrar uma parte das gotículas, mas ele vai molhar logo e ficar contaminado e, aí, quando alguém usando isso inspirar, pode ingerir líquido contaminado com vírus. Sem falar que o papel toalha pode logo se desfazer. Importante dizer também que as máscaras protegem mais uma pessoa contaminada de contaminar os outros do que uma pessoa não contaminada de pegar o vírus. Somente as máscaras tipo N95 e FFP2 protegem a pessoa que está utilizando elas.

Queria saber sobre a eficácia das máscaras de tecido em relação às máscaras cirúrgicas descartáveis. (Dionisio Almeida)

Novamente: é importante destacar que nenhuma máscara é 100% eficiente. As máscaras de tecido caseiras têm uma eficiência bem menor do que as N95 e as FFP2, aquelas que possuem filtro e que são feitas de materiais que filtram gotículas bem pequenas. Estas devem ser reservadas aos profissionais de saúde, pois sua produção e distribuição no mundo está encontrando problemas. 

Um estudo mostrou que as máscaras cirúrgicas não são capazes de filtrar de forma eficiente gotículas de 0,9, 2 e 3,1µm de diâmetro, ou seja, gotas com esses tamanhos passam pela máscara cirúrgica comum. Outro estudo mostrou que gotículas de 0,04 a 0,2µm também passam pelas máscaras cirúrgicas. Foi estimado em um estudo que as gotículas contendo SARS-CoV, aquele que provocou o surto de SARS entre 2002 e 2004, tinham de 0.04 a 0,14 µm – sendo que 1 µm é igual à milésima parte de um milímetro. Assim, se pensarmos que as gotículas de SARS-CoV-2 podem ter o mesmo tamanho, elas poderiam passar através de uma máscara cirúrgica comum.

Em outro estudo recente feito com quatro pessoas com COVID-19 na Coréia do Sul, foi demonstrado que tanto as máscaras cirúrgicas quanto as de pano não são eficientes em filtrar as gotículas contendo o vírus SARS-CoV-2. As pessoas foram instadas a tossir cinco vezes, com e sem essas máscaras, e o resultado mostrou até que a parte externa das máscaras ficava mais contaminada com o vírus do que a interna.

Não foram feitos estudos com pessoas saudáveis utilizando diversos tipos de máscaras até o momento para saber se elas previnem a infecção pelo coronavírus ou não. No entanto, como pessoas que ainda não apresentam os sintomas são capazes de transmitir o vírus pela saliva, espirros ou tosse, o mais adequado é que elas, quando tiverem necessidade de saírem às ruas, passem a usar máscaras. A conclusão é que é melhor usar uma máscara do que não usar nenhuma, utilizando-se o princípio da precaução, pois elas, se utilizadas em conjunto com outras medidas - como isolamento social e lavagem das mãos com água e sabão -, podem ajudar na prevenção. Mas ainda não sabemos o quão eficientes elas são. Por isso, não devemos achar que basta colocar uma máscara que estaremos protegidos.

Existe alguma ligação do vírus da gripe espanhola de 1918 para o de hoje? É o mesmo que sofreu mutação ou um não tem a ver com o outro? (Cleide Duarte)

A atual pandemia de COVID-19 é causada por um vírus da família Coronaviridae, um coronavírus, o SARS-Cov-2. A gripe espanhola de 1918 foi causada por um vírus da família Orthomyxoviridae, o vírus da Influenza A, do tipo H1N1. Esse mesmo vírus causou um surto de gripe em 2009 também. Esses dois vírus são diferentes em sua composição estrutural e genética, não são os mesmos.

Já existem variações no RNA dos coronavírus encontrados no Brasil? Podemos falar em soro ou vacinas mesmo com estas modificações, se houver? Obrigada! (Maria Iox)

Resposta elaborada pelo biólogo Miguel Oliveira, do Museu da Vida, com colaboração de informações do Instituto Oswaldo Cruz.

Sim. As variações em vírus que têm como material genético RNA, como os coronavírus, são relativamente mais frequentes. Estes vírus, ao entrarem nas células para se replicar, sintetizam seu material genético com uma taxa de “erro”, ou seja, de inserção de novas mutações, relativamente maior. Este processo leva à evolução viral natural. Sendo assim, o vírus, desde sua chegada no Brasil, já apresentou mutações associadas com sua evolução em território brasileiro. Essas mutações, na maioria das vezes, não são tão significativas – são as mutações silenciosas ou neutras – que não mudam a estrutura do vírus de forma que seja reconhecido pelo sistema imunológico de uma maneira diferente. Somente quando essas mutações se acumulam ou são em regiões importantes para seu reconhecimento é que produzem um vírus bastante diferente. Este fenômeno leva a uma diminuição na capacidade de reconhecimento pelo sistema imunológico do hospedeiro que já havia entrado em contato com seu antecessor. Por consequência, são gerados novos sorotipos. Por enquanto, não há mais de um sorotipo de SARS-CoV-2 circulando no mundo. Então, para a produção de vacinas, por enquanto seria somente contra um sorotipo de coronavírus, que é o que circula atualmente.

 

Publicado em 20 de maio de 2020

Link para o site Invivo
link para o site do explorador mirim
link para o site brasiliana

Funcionamento:  de terça a sexta, das 9h às 16h30; sábados, das 10h às 16h.

Fiocruz: Av. Brasil, 4365, Manguinhos, Rio de Janeiro. CEP: 21040-900

Contato: museudavida@fiocruz.br | (21) 3865-2128

Assessoria de imprensa: divulgacao@fiocruz.br

Copyright © Museu da vida | Casa de Oswaldo Cruz | Fiocruz

conheça