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Ao falar sobre drogas, o que vem a sua cabeça? Em quais substâncias pensa primeiro? Talvez muitas pessoas logo pensem nas drogas ilícitas, como maconha, crack, cocaína e outras substâncias. Mas álcool, tabaco e medicamentos não prescritos também entram nesse grande guarda-chuva. Não importa o grupo - se drogas lícitas ou ilícitas -, a verdade é que qualquer uso prejudicial deve ser encarado como uma questão de saúde pública. Encerrando o projeto Rap e Ciência, os artistas Helen Nzinga, Elaiô Vavío, Lucas Chagas e Xandy MC apresentam a música "Que droga é essa?", na qual refletem sobre a condição das drogas na sociedade brasileira.

Conheça a letra completa da música. (Faixa etária: 16 anos)

Ouça-a também no SoundCloud do Museu da Vida.

Conheça as outras músicas já produzidas dentro do projeto.

Para além da saúde pública, diversos temas atravessam a música, como o combate equivocado às drogas quando restrito ao olhar da segurança pública, racismo e até mesmo o tratamento de condições raras de doença com substâncias psicoativas. "Foi uma oportunidade incrível participar da conversa com os rappers sobre como a ciência dialoga com as substâncias psicodélicas e demais drogas, para depois ouvir o resultado disso no rap. O potencial terapêutico de substâncias consideradas "nocivas" precisa ser investigado, uma vez que muitos dos remédios existentes hoje não possuem uma alta eficácia e essas substâncias podem ser alternativas relevantes após a comprovação científica", relata Karina Karmirian, biomédica que estuda no mestrado da UFRJ o potencial terapêutico de substâncias psicodélicas em doenças neurodegenerativas.

Segundo a pesquisadora, existe um estigma em torno dessas substâncias e uma banalização do consumo de álcool e tabaco, cujos riscos já foram amplamente discutidos pela ciência. Outra questão abordada na música é a política de redução de danos, a qual Karmirian vê como prioridade. "Reduzir as consequências sociais, econômicas e na saúde causadas por drogas lícitas e ilícitas precisa ser prioridade nas medidas do poder público", opina.

No 3º Levantamento nacional sobre o uso de drogas pela população brasileira, estudo conduzido pela Fiocruz, mais do que as substâncias ilícitas, o álcool é a droga que causa mais preocupação. A pesquisa entrevistou cerca de 17 mil brasileiros com idade entre 12 e 65 anos, em amostra representativa da população. De acordo com o estudo, mais da metade da população brasileira nessa faixa etária declarou ter consumido bebida alcoólica alguma vez na vida. Em comparação com a maconha, por exemplo, substância ilícita mais consumida, o percentual de brasileiros que já fez algum uso na vida é de 7,7%. 

“Outras pesquisas têm mostrado que há um declínio com relação ao uso do cigarro convencional. Por outro lado, têm chamado atenção as formas emergentes de fumo, com a ascensão de aparatos eletrônicos e narguilés”, esclarece Francisco Inácio Bastos, coordenador do levantamento e pesquisador do Icict, da Fiocruz, em reportagem do Portal Fiocruz.

O biomédico José Alexandre Salerno, mestrando do Instituto de Ciências Biomédicas da UFRJ, acredita que o rap aliado à divulgação científica conseguiu abordar as drogas e fomentar arte ao mesmo tempo. "Existe um tabu muito grande para se falar sobre drogas no Brasil, especialmente porque o tema é sempre debatido de forma superficial por pessoas que radicalizam suas opiniões estando tão distantes da realidade da maioria da população, especialmente periférica. Esse rap chama atenção para uma discussão muito importante que é a definição do que é droga e traz a reflexão sobre todo o contexto social, racial e legal que nos faz classificar determinadas substâncias como drogas e outras não", afirma.

Já Leonardo Bueno, pesquisador da Coordenação de Cooperação Social da Fiocruz, enxerga na composição uma forma direta e provocadora pela qual os artistas expuseram reflexões suas acerca da política de drogas no Brasil e seu impacto na saúde da população. Entre elas, o uso abusivo de substâncias lícitas com efeitos prejudiciais maiores do que os de substâncias ilícitas. "É uma obra de jovens que cantam o olhar crítico da periferia com ironia, mas sem perder o foco da necessidade de mudança consciente da política de drogas do país. Com certeza será material pedagógico provocativo das minhas aulas a partir de agora", reforça.

 

Publicado em 25/10/2019

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