Desenho do entomólogo Ângelo Moreira da Costa Lima
Autora: Annita Gutermann Tabacow
Material: Papel, crayon, vidro, madeira
Local: Brasil - 1964
Dimensões: 67,5 x 52,0 x 2,3 cm (com moldura); 59,3 x 44,5 cm (obra)
Feito por meio da técnica lápis carvão, o desenho retrata o entomólogo Ângelo Moreira da Costa Lima (1887-1964), considerado patrono dos estudos sobre insetos no Brasil. O desenho foi feito no ano de seu falecimento - uma homenagem inspirada em uma fotografia original, que faz parte do acervo fotográfico da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz).
As duas obras são bem parecidas. A principal diferença entre elas é que, na fotografia original (ao lado), Costa Lima está usando paletó e gravata, porém, no desenho, ele está de jaleco. O quadro foi doado pelo pesquisador José Jurberg e foi desenhado por sua cunhada, que assina como A. G. Tabacow. A imagem era mantida no laboratório do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) que estuda a ordem de insetos Diptera, à qual pertencem insetos como mosquitos, pernilongos e moscas.
Para melhor entender o vínculo de Costa Lima com a instituição e a sua importância para a entomologia brasileira, é necessário voltar ao início do século XX. Foi nessa época que o jovem Costa Lima estudou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e trabalhou como auxiliar acadêmico no Serviço de Profilaxia da Febre Amarela, criado por Oswaldo Cruz, cuja principal finalidade era o combate ao mosquito Aedes aegypti.
No ano de 1910, após finalizar seus estudos, Costa Lima trabalhou no combate à febre amarela no Pará, onde investigou detalhadamente os culicídeos, mosquitos encontrados na região, por serem transmissores da doença. Uma das maneiras encontradas pelo entomólogo para exterminar as larvas do mosquito foi a utilização de peixes e larvas carnívoras para devorá-las.
Apesar de ter contribuído para a entomologia médica - que estuda a relação entre insetos e a saúde humana -, Costa Lima se destacou, especialmente, na entomologia agrícola. Ele foi indicado por Oswaldo Cruz para a cadeira de Entomologia Agrícola da Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária do Rio de Janeiro, atual Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), e contribuiu para inovações na lavoura brasileira, como, por exemplo, as pesquisas sobre a lagarta rósea, que destruía as plantações de algodão, e a broca-do-café, que atacava os cafezais.
Entre 1938 e 1962, o entomólogo produziu sua mais importante obra: Insetos do Brasil. A coleção possui grande parte das espécies de insetos pesquisadas por Costa Lima, sendo até hoje material de estudo de entomólogos, além de um belíssimo trabalho de divulgação científica. No último volume, Costa Lima se desculpa por não poder concretizar seus trabalhos por conta de problemas de saúde: finaliza a obra com a pequena frase em latim “Non Sum Qualis Eram”, que, em português, é traduzida como “não sou mais o que costumava ser”.
Além do desenho aqui apresentado, a Fiocruz preserva a extensa coleção entomológica de Costa Lima, que contém cerca de 35 mil espécimes de várias ordens de insetos, dos quais 90% foram identificados. Parte dessa coleção está localizada na Sala de Exposição Entomológica Costa Lima do IOC, aberta ao público. A Sala fica no segundo andar do Castelo Mourisco e integra o circuito de visitação do Museu da Vida.
Para saber mais:
BLOCH, Pedro. Vida e obra de Ângelo Moreira da Costa Lima: Vulto da Ciência Brasileira. Rio de Janeiro, Conselho Nacional de Pesquisa, 1968.
FIOCRUZ. Instituto Oswaldo Cruz. Sala de Exposição Costa Lima. Disponível em:
<http://www.fiocruz.br/ioc/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=133> Acesso: jun. 2019
RANGEL, Marcio Ferreira. Um entomólogo chamado Costa Lima: A consolidação de um saber e a construção de um patrimônio científico. Rio de Janeiro. Casa se Oswaldo Cruz, 2006.
Para conhecer outros objetos da Reserva Téncnica do Museu da Vida, acesse a seção Objeto em Foco.
Publicado em 02/08/2019.