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logo Abrascão 2018Com milhares de participantes inscritos, o Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva é um dos mais importantes fóruns científicos da área em todo o mundo. Carinhosamente conhecido como Abrascão, o evento acontece a cada três anos e, em 2018, chegou a sua 12ª edição, que foi realizada de 26 a 29 de julho no campus da Fiocruz em Manguinhos, na cidade do Rio de Janeiro. Profissionais do Museu da Vida eram autores ou coautores de seis trabalhos aprovados para o Abrascão 2018. Além dos trabalhos, o chefe do Museu, Alessandro Batista, participou como expositor da mesa redonda "Estratégias para promoção da saúde e gestão territorial democráticas em favelas", que aconteceu no dia 27 de julho.

O Museu também esteve representado em atividades pré-congresso. Nos dias 24 e 25 de julho, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), profissionais do Museu participaram do workshop “Epidemia de zika no Brasil", que reuniu integrantes de movimentos sociais, profissionais da saúde, cientistas e outros membros da academia para debater as lições aprendidas em relação à epidemia e o que ainda precisa ser aprofundado e respondido científica, política e socialmente, visando à produção de um documento de recomendações. Profissionais do Museu participaram ainda, no dia 25 de julho, de uma reunião de trabalho na Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), onde foram debatidos temas como os desafios do desenvolvimento de pesquisas no campo da saúde coletiva em parceria com o público-alvo, no Brasil e no mundo, bem como a disseminação dessas pesquisas para a sociedade e para a avaliação. 

Conheça um pouco das pesquisas e experiências que a equipe do Museu apresentarou durante o evento:  

Ações da Fiocruz por uma política institucional de acessibilidade e inclusão das pessoas com deficiência a partir da criação de um comitê temático
Este trabalho descreve as ações de um comitê que tem como objetivo implementar na Fiocruz, a partir de uma metodologia participativa, a Política de Acessibilidade e Inclusão das Pessoas com Deficiência. Formado por profissionais de diferentes unidades da instituição e com o lema “Nada sobre nós sem nós”, esse Comitê busca, entre outras ações, ampliar os canais de comunicação, escuta e participação da comunidade Fiocruz e da sociedade em geral com organizações e indivíduos que atuam no campo dos direitos das pessoas com deficiência.

Ciência, saúde e teatro: conectados, quebrando tabus
Com o objetivo de contribuir para um melhor entendimento sobre o papel do teatro na divulgação científica, este estudo analisa a recepção da peça “O rapaz da rabeca e a moça Rebeca”, que aborda questões relacionadas ao HIV/Aids. Além do tema sério e, muitas vezes, difícil, as pessoas que assistiram ao espetáculo eram pouco assíduas ao teatro e não o consideravam entre suas preferências de lazer. No entanto, elas avaliaram a experiência como positiva e qualificaram a peça como divertida e educativa. Os resultados mostram que, “para o público, as mensagens que prevaleceram foram da importância da prevenção, da quebra do tabu em torno da doença e da desconstrução do preconceito". De acordo com a pesquisa, “a peça foi capaz de gerar reflexão e debate, além de oferecer espaço para obter informação e tirar dúvida”.

Fosfoetanolamina sintética: a repercussão da “pílula do câncer” no Youtube
Este estudo analisou como a polêmica em torno da fosfoetanolamina sintética foi retratada no Youtube, além de investigar o papel dos usuários na criação de conteúdos. Desde meados da década de 1990, a Universidade de São Paulo (USP) produzia pílulas de fosfoetanolamina sintética, distribuídas a pacientes com câncer. No final de 2015, uma portaria publicada pela Universidade proibiu essa prática, com grande repercussão na mídia nacional e internacional. O assunto teve enorme presença e visibilidade no Youtube, que se mostrou uma ferramenta de impacto sobre um tema controverso. O estudo aponta também a força dos videoblogs, produções de vídeos pessoais para internet – um modelo barato de divulgação científica que alcança milhares de pessoas.
 
Pelos caminhos do SUS: dimensões de uma exposição em saúde sob o olhar de seus visitantes
A exposição Pelos caminhos do SUS surgiu a partir de uma parceria da Fiocruz com o Conselho Nacional de Saúde (CNS) e foi desenvolvida pelo Museu da Vida juntamente com pesquisadores do Observatório História e Saúde, vinculados à Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). Ela esteve em cartaz no Museu durante um ano e, nesse período, realizou-se uma pesquisa para conhecer as impressões dos visitantes, com retorno positivo. Apesar das críticas às dificuldades no atendimento, eles destacaram boas experiências com o SUS. A maioria, porém, não sabia que pode participar da gestão do SUS por meio dos conselhos, o que aponta para a falta de espaços de discussão sobre o sistema de saúde. Os achados da pesquisa reforçam a hipótese de que a exposição é um espaço de promoção da saúde de forma emancipatória.

Pesquisa científica e tecnológica para inovação em educação e comunicação para a prevenção da zika e doenças correlatas nos territórios: território de Manguinhos
Por meio da construção de um modelo de educação ambiental, sanitária e de popularização da ciência, o objetivo deste trabalho é integrar a comunidade escolar e demais instituições de educação, saúde, ciência e tecnologia à rede de mobilização social no território e, assim, enfrentar os determinantes sociais, os riscos e agravos diante da zika. Trata-se de uma pesquisa-ação, desenvolvida em Manguinhos, que inclui fóruns, formação de multiplicadores, exposições, audiovisuais e outras ações que gerem efeitos duráveis de prevenção à zika e outras doenças.

Promoção da saúde e popularização da ciência: um relato de experiência sobre as ações territorializadas do Museu da Vida/Fiocruz
Com metodologia colaborativa, este projeto incluiu o planejamento, a realização e a avaliação de uma atividade educativa no Núcleo de Atenção Interdisciplinar ao Desenvolvimento Infantil (Naidi) de Santa Cruz. Buscou-se envolver trabalhadores e pacientes no debate sobre o conceito ampliado de saúde. Após uma contação de história, foi realizada uma roda de conversa sobre o tema preconceito. Como resultado, criou-se coletivamente um rap, onde os pacientes – protagonistas da ação – expressaram suas visões acerca do debate. Essa atividade, chamada Rap e Consciência, ilustra a importância das trocas dialógicas entre pacientes, trabalhadores do Naidi de Santa Cruz e a equipe de Ações Territorializadas do Musue da Vida. A experiência reforça também que o fortalecimento da saúde pública requer a formação de sujeitos críticos e participativos, e que o direito à saúde abrange também o acesso à educação e à cultura. 

 

Atualizado em 31/07/2018

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