Você sabia que temos, no Brasil, um Dia do Hospital? Sim, isso mesmo! A data é sempre comemorada no 2 de julho. Como ainda estamos no mês dessa efeméride, vamos aproveitar a oportunidade para apresentar um objeto muito comum em diversos hospitais. Olhando a primeira foto deste texto, diga lá: você estranha o formato e os materiais? A maca hospitalar do acervo do Museu da Vida, feita de madeira e palhinha trançada, mais lembra um objeto de decoração!
As macas são extremamente úteis para que os profissionais das equipes médica e de enfermagem possam acomodar o paciente da maneira mais confortável possível. São encontradas nas salas de emergência por serem leves e dobráveis. Com elas, os pacientes podem ser examinados ou levados com facilidade para as salas de procedimentos clínicos, cirúrgicos e até mesmo para ambulâncias.
No início do século XX, o mobiliário hospitalar era feito com materiais diferentes dos usados hoje. Questões importantes, como a assepsia, ainda não tinham os protocolos atuais. Desta forma, era possível caprichar em materiais e elementos estéticos mesmo em ambientes funcionais como os hospitais. Atualmente, o mobiliário hospitalar é pensado para suportar peso e ser facilmente higienizado.
O equipamento pertenceu ao Hospital Oswaldo Cruz, ou Hospital de Manguinhos, construído no campus da Fundação Oswaldo Cruz. O hospital foi construído graças aos anseios de Oswaldo Cruz em modernizar os hospitais de isolamento da Diretoria Geral de Saúde Pública, o que seria equivalente, hoje, ao Ministério da Saúde. Nas primeiras décadas do século passado, diversas doenças faziam parte das preocupações das autoridades sanitárias, como as epidemias urbanas e rurais.
O novo hospital estaria de acordo com os princípios da higiene moderna, com inspiração no Hospital Pasteur de Paris. A ideia era que a assistência ambulatorial, as internações e os cuidados médicos estivessem atrelados às finalidades científicas, como pesquisa e experimentos resultantes das expedições realizadas pelo Instituto Oswaldo Cruz no interior do Brasil.
O hospital dedicou-se ao atendimento de pacientes e às pesquisas de enfermidades, como doença de Chagas, parasitoses intestinais, malária, bouba, sífilis, leishmaniose, tuberculose, febre tifoide, pneumonia e elefantíase. A partir de 1925, o médico Evandro Chagas, filho de Carlos Chagas, sucessor de Oswaldo Cruz na direção do instituto, passou a ser o responsável pelos setores de radiologia e cardiologia do hospital, onde desenvolveu pesquisas clínicas em doença de Chagas e malária, apresentando o resultado desses estudos em congressos nacionais e internacionais com a colaboração de outros cientistas.
Em 1940, com a morte prematura de Evandro Chagas, o Hospital de Manguinhos recebeu o nome de Hospital Evandro Chagas, em homenagem a um dos grandes entusiastas da pesquisa clínica na instituição. Ao longo de sua trajetória, o hospital recebeu várias denominações. Foi chamado de Hospital de Doenças Tropicais, Centro de Pesquisa Clínica Hospital Evandro Chagas, Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas e, desde 2010, chama-se Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI).
O INI mantém a sua tradição de pensar a pesquisa e a clínica das doenças infecciosas e parasitárias de forma sistemática. Esta visão foi necessária para o enfretamento de epidemias do passado e as atuais, como o HIV (Aids) e a pandemia de Covid-19.
Informações técnicas sobre o objeto
Maca fixa usada em atendimento hospitalar
Material: madeira, palhinha e ferro
Local: Brasil
Dimensões: 1,90 x 0,83 x 0,59 m
Outras leituras
1)100 anos do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI) da Fiocruz
2)GUIMARÃES, Maria Regina Cotrim. Fontes para uma história do Hospital de Manguinhos. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.26, n.4, out.-dez. 2019, p.1223-1234.
3)NASCIMENTO, Dilene Raimundo do. Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas: centenário da construção da pesquisa clínica em Manguinhos. Brasiliana Fotográfica, 21 dez. 2018. Disponível em: https://brasilianafotografica.bn.gov.br/?p=13693
Créditos
Objeto em Foco é um produto de divulgação do acervo museológico sob a coordenação de Pedro Paulo Soares e Inês Santos Nogueira
Serviço de Museologia - Museu da Vida
Publicado em 13 de julho de 2021