Fazer rap a partir de temas científicos. Esta é a proposta do projeto Rap e ciência, iniciativa de divulgação científica e cultural que conta com a parceria do Museu da Vida. Iniciado em outubro de 2018, o projeto é financiado pela Fiocruz por meio do Hackaton da Divulgação Científica em Saúde, realizado na Fundação em junho de 2018. Até outubro de 2019, quatro artistas de rap e uma produtora cultural se encontram todo mês para dialogar sobre temas de ciência. A cada mês, um tema. São eles: saneamento básico e a relação com arboviroses; Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs); saúde mental; e drogas.
Vamos conhecer a equipe?
Acesse, também, o álbum do projeto no Flickr do Museu da Vida.
Coordenação executiva: Bárbara Pires (Instituto D'Or de Pesquisa e Ensino), Mariana Souza (Farmanguinhos - Fiocruz) e Renata Fontanetto (Museu da Vida - Fiocruz)
Coordenação de apoio: Vânia Beatriz Vasconcelos (Embrapa Rondônia)
Apoio na concepção do projeto: Alberto D'Ávila (IOC - Fiocruz)
Helen Nzinga
Me chamo Helen Nzinga, sou rapper e criadora do selo Dagba. Escolhi o rap para expressar ideias e sentimentos de forma simples e direta. O rap representa pra mim uma linguagem que dialoga com qualquer pessoa. O rap não é algo complexo como alguns imaginam, ele é muito simples de ser feito e apreciado, você só precisa estar aberto para compartilhar e receber arte. A troca é a essência. O rap me representa.
Elaiô Vavío
Eu sou Elaiô Vavío, travesti preta e moradora do morro da Dita, em São Gonçalo. Tenho 24 anos. Sou seguidora de religião de matriz africana e uma pessoa espiritual. Trabalho com a cura e com a arte de forma intrínseca. Descobri no rap uma forma de unir meus saberes e vivências com a linguagem do contexto onde estou inserida. O rap me representa porque traduz e abrange todo o espaço que eu ocupo. Ele me dá a potência e possibilidade de expressar tudo aquilo que me atravessa. Sejam as violências cotidianas ou as bençãos ancestrais.
Alexandre Campos - Xandy MC
Sou Xandy MC, um jovem de 23 anos, morador da favela do Jacarezinho. Comecei a frequentar rodas culturais há uns sete anos. Eu participava de rodas de improviso e Batalha de MC's. Fundei o Coletivo Pac'Stão, um coletivo formado por jovens que produzem rap e que moram no complexo de favelas de Manguinhos ou em comunidades próximas. Fundei a gravadora EndolaSom, onde produzo minhas músicas e videoclipes. O rap pra mim é uma ferramenta de transformação social, é o instrumento que eu utilizo para me expressar, para falar o que eu penso, falar o que vejo, relatar injustiças, bem como contar um pouco da história e dos costumes de onde eu venho. O rap é uma excelente forma de mostrar aos da favela que, fazendo arte, é possível, sim, ir aonde ele ou ela quiser. Pode, sim, ter o que quer sem precisar entrar na vida do crime. O rap nos ensina a sonhar e a correr atrás das metas para alcançar nossos objetivos.
Lucas Barbosa - Chaga$
Meu nome é Lucas Barbosa Chagas, conhecido no rap como CHAGA$. Nasci no Rio de Janeiro, tenho 22 anos, sou rapper e compositor, morador do conjunto de favelas do alemão (Complexo do Alemão). O rap/hip-hop, além de ser um estilo musical, é um estilo de vida e está presente há muito tempo no meu dia a dia. Não sei dizer ao certo quando ouvi meu primeiro rap. Desde criança eu já ouvia, mas só a partir de 2014 comecei a fazer rimas e participar de batalhas de rima. No ano de 2018, lancei meu primeiro videoclipe no YouTube, da música "Sobrevivendo". Eu represento o rap e o rap me representa porque é um dos meios mais livres para expressar meus sentimentos, levar uma mensagem a diversos públicos, sem ter uma obrigação de falar sobre uma coisa só. Ele me fez mudar de vida e me deu a oportunidade de não entrar para o crime. O projeto Rap e Ciência é um projeto incrível onde posso aprender sobre coisas que, na maioria das vezes, as pessoas de onde venho não têm acesso. Além disso, misturar conhecimento com o que amo é realmente muito bom. Ter sido escolhido para fazer parte é uma honra, bem como é uma grande responsabilidade repassar meu aprendizado a outras pessoas.
Janina Felix - produtora cultural
Meu nome é Janina, tenho 19 anos, moro atualmente em Manguinhos, mas já passei por tantos becos e vielas... e isso tudo me fez reconhecer o que cada favela da zona norte do Rio de Janeiro tem de produtivo pra nos mostrar. Creio que, pra mim, tudo o que eu faço e tenho de sabedoria veio dessas experiências e passagens. O rap me representa porque é um gênero protestante, onde, na maioria das vezes, fala sobre nosso dia a dia. É um gênero de música que eu escuto e me vejo ali, vejo que já passei por aquilo e que muitos ao meu redor também já passaram. É uma forma de expressar o ódio da repressão que passamos. O rap me representa pois ele é resistência! Eu represento ele porque jovens do rap mostram pras suas favelas a cultura que querem esconder deles. Eu quero continuar ajudando a construir uma roda cultural na minha favela. Atualmente, ajudo a produzir a roda do Pac'Stão, em Manguinhos, mas quero mais. Quero diversos eventos culturais aqui dentro. Isso me faz crer que é isso que eu preciso fazer pelo rap, como agradecimento a todos os MCs que honram a área com seus trabalhos. Eu, como produtora cultural, devo isso a eles e ao rap! Ver o sorriso dos moradores e das nossas crianças, sempre que estão em um evento aqui dentro, é gratificante. Obrigada, RAP!
Atualizado em 18/07/2019