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Jovens de todo o país e dirigentes da ONU Brasil se reuniram na Fundação Oswaldo Cruz em 15 de agosto de 2016 para celebrar o Dia Internacional da Juventude, comemorado no último dia 12. A Tenda da Ciência, do Museu da Vida, foi palco de uma roda de conversa entre os cerca de 200 jovens – muitos deles representantes de minorias, como deficientes físicos, refugiados, negros, mulheres, índios e transexuais – e membros da diretoria da Fiocruz e da ONU. Na pauta, um grande desafio: construir uma agenda de políticas públicas voltada para os jovens brasileiros. Promovido pelo Sistema das Nações Unidas e a Fiocruz, o encontro teve como mote “Juventudes, Esporte e Desenvolvimento: Rota para 2030”.

Os jovens que participaram das atividades em visita à exposição "O Rio que se queria negar", que reúne fotos do antropólogo Anthony Leeds de favelas cariocas na década de 1960 (Foto: Svap/Museu da Vida)
O grupo que participou das atividades foi recebido pela equipe do Museu da Vida e visitou a exposição “O Rio que se queria negar: as favelas do Rio de Janeiro no acervo de Anthony Leeds”, borboletário, Castelo Mourisco e ainda assistiu à esquete teatral “Conferência Sinistra”.

“O Dia Internacional da Juventude visa incentivar a criação de políticas públicas voltadas para os jovens. Desde sua criação, o Museu atende jovens visitantes e trabalha com a formação de jovens. Acreditamos que o MV converge duas questões que são caras à Fiocruz por meio de suas atividades: fortalecimento e acesso ao SUS e o diálogo com a questão da promoção de políticas com foco na juventude”, esclarece Alessandro Batista, coordenador do Serviço de Visitação e Atendimento ao Público do Museu da Vida.

Depois de visitarem os espaços do Museu na parte da manhã, jovens de diferentes segmentos sociais se reuniram à tarde e participaram de uma roda de conversa para compartilhar experiências e defender pontos de vista. A ativista trans Ayune Bezerra, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), foi a primeira a falar. Ela lembrou que, enquanto as Olimpíadas são um “momento para quebrar recordes”, o Brasil guarda os índices mais altos de outros indicadores: segundo a ONG Transgender Europe, o país é o que mais mata travestis e transexuais no mundo, e a expectativa para pessoas trans é de apenas 35 anos. “Para cumprir a Agenda 2030, os legisladores precisam começar a governar pela população”, defendeu.

Adel Bakkour, que nasceu na Síria e veio como refugiado para o Rio de Janeiro há três anos, também relatou sua história. O jovem contou que, uma vez no Brasil, suas maiores dificuldades de adaptação foram com a língua e ao tentar encontrar moradia; ainda assim, perseverou e se tornou professor de árabe. “Estar em um país como refugiado não significa que deixamos de estar ativos. Sempre vamos ter nossos motivos para continuar nossas carreiras: só precisamos de chances para construir um caminho”, afirmou.

Em outra fala, Jorge Luís, estudante de direito que trabalha no jornal Fala, Manguinhos!, disse que “ser jovem, negro e morador de favela é um sério risco à vida”. Luís definiu a ordem estabelecida no Brasil como “fuzilocêntrica”, e as frequentes operações policiais na comunidade onde vive como “um extermínio”. “Penso em 2030 como um jovem que não sabe se estará vivo amanhã”, constatou.

O encontro também contou com apresentação do grupo Dream Team do Passinho, composto por cinco jovens de favelas cariocas. A música "Mais Direitos, menos zika", lançada em parceria com o fundo da ONU em campanha pelos direitos reprodutivos das mulheres, foi um dos destaques do show. Ao fim do espetáculo, todos os membros do Dream Team receberam certificados da ONU, e Lellêzinha, única integrante mulher do grupo, foi nomeada Amiga do Fundo de População das Nações Unidas Brasil (Unfpa Brasil) para a Juventude.



Para ler outras informações sobre o encontro, acesse “ONU e Fiocruz discutem políticas públicas para a juventude”.

(Com informações da Agência Fiocruz de Notícias)
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