Por Tatiane Lima, Julianne Gouveia, Deborah Araújo, Melissa Cannabrava, Teresa Santos, Claudia Marapodi e Ana Emília Goulart Lemos
Bate-papo, oficinas, peças e exposições agitaram a programação do terceiro dia de atividades da 21ª SNCT na Fiocruz no campus Manguinhos. O evento recebeu quase mil visitantes, entre alunos de escolas públicas, estudantes universitários, pesquisadores e professores, que deixaram a sede da Avenida Brasil inspirados pelo tema da SNCT 2024, ‘Biomas do Brasil: Biodiversidade, Saberes e Tecnologias Sociais. A Vice-Presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz Cristiani Vieira Machado e o superintendente do Ministério da Saúde no Mato Grosso do Sul Ronaldo de Sousa Costa também marcaram presença.
Quem passou pelo evento gostou do que viu. “É uma experiência enriquecedora e ter contato com esse mundo das ciências, ao qual eles não têm acesso. A reação dos alunos é incrível, eles ficam maravilhados com as atividades”, vibra Gabriel Thomaz, professor de Ciências da Escola Municipal Coronel Antônio Benigno Ribeiro, em Nilópolis (RJ).
Exposições e desinformação
Voltada para todas as famílias, a SNCT 2024 na Fiocruz conta com uma programação bastante diversificada. Na atividade ‘Histórias de empoderar!’, promovida pelo Museu da Vida Fiocruz na Tenda da Ciência Virgínia Schall, crianças de 8 a 10 anos ficaram bem à vontade em um grande tapete para ouvir “Histórias de ninar para garotas rebeldes: 100 brasileiras extraordinárias”. A obra coletiva, publicada em 2023 pela editora Outro Planeta, apresenta a biografia de personalidades femininas importantes, que vão da ginasta e campeã mundial Daiane dos Santos à escritora Conceição Evaristo. A atividade contou com recursos de acessibilidade, intérprete de Libras e audiodescrição.
A Tenda da Ciência recebeu ainda a peça ‘Zia: Missão do Mundo Invisível’, uma produção da Companhia Coletivo e Misturado. De forma lúdica, o espetáculo conta a história de Zia, uma menina que vive no futuro e que viaja no tempo para salvar a população da Terra de uma pandemia. A grande ‘arma’ é a vacinação. Criada por pesquisadores do Laboratório de Pesquisa Clínica em IST, HIV/Aids (LapClin Aids) do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), a peça foi encenada pela primeira vez na SNCT na Fiocruz de 2019. “A vacina dentro da dramaturgia está em diálogo com os personagens, eles só existem por conta desse conflito da vacina”, lembrou o ator Francisco Pita. Personagens como um vendedor ambulante, um mototaxista e a Avenida Brasil como cenário são alguns elementos que aproximam ainda mais o espectador da história.
Pela manhã, a ‘Oficina de combate à desinformação: Ferramentas para desafiar fake news e outras mentiras sobre saúde e ciência’ abriu as atividades do dia no Salão de Conferências do Centro de Documentação em História da Saúde (Casa de Oswaldo Cruz). Na atividade, o proponente Eric Andriolo, comunicador da Agenda Jovem Fiocruz, conversou com uma plateia animada, estimulando os estudantes a formularem hipóteses científicas e a conhecerem mais sobre o método científico.
Do outro lado do campus, a 4ª edição da Feira de Ciências da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV), da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), movimentou alunos e professores com uma série de atividades simultâneas, em várias salas de aula e nas tendas da escola. As atividades trouxeram projetos criativos que abordaram diferentes disciplinas e temas de interesse dos próprios estudantes, com o apoio dos professores. Um dos destaques da Feira foi a sala dedicada a jogos interativos, com foco em saúde e formação técnica. Os trabalhos expostos trouxeram uma diversidade de assuntos, como um projeto sobre mini ecoponto, que ensinava a fazer adubo caseiro e um sistema de irrigação muito simples, além de explicações detalhadas sobre o sistema digestório e o ciclo menstrual. A ‘Sinfonia da Ciência’, um karaokê científico que fez sucesso entre os participantes.
A exposição científica itinerante ‘Rastos Evolutivos’, do Sesc Rio, está ocupando o Foyer do Museu da Vida Fiocruz ao longo da SNCT 2024. Em um bate-papo interativo, é possível conhecer mais sobre a história evolutiva da espécie humana – o público tem contato com modelos de hominídeos em tamanho natural, réplicas de crânios e fósseis humanos. Na manhã desta quinta, um grupo animado de estudantes até vestiu roupas características de diferentes regiões e culturas. “Nós lembramos que um dia vamos deixar restos aqui na Terra também. E então questionamos o que esses restos vão dizer da gente”, reflete Alexandre Lobato, analista de educação do Sesc.
Logo ali pertinho, no Salão de Exposições Temporárias, está a mostra ‘DiverSaúde: saberes e fazeres em sua diversidade’. Os visitantes são convidados a conhecer a trajetórias de 14 profissionais e ativistas ligados à saúde. A mostra fica aberta ao público até esta sexta-feira (18/10).
Biomas do Brasil na Feira da Ciência
Em mais um dia, o espaço da Feira da Ciência apresentou algumas atividades que relacionam pesquisas da Fiocruz com o tema da SNCT 2024. Os estandes trataram de espécies vegetais e animais, vetores de doenças, entre outros. No fim da manhã, as crianças da Creche Fiocruz encantaram a todos ao visitarem a Feira de Ciências.
A Vice-Presidente de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz Cristiani Vieira Machado e o superintendente do Ministério da Saúde no Mato Grosso do Sul Ronaldo de Sousa Costa marcaram presença no evento nesta quinta-feira (17/10). “Acho que o tema deste ano está mobilizando muitas pessoas. Acho que o evento vai ser bem interessante não só pela quantidade de pessoas participando, mas pela própria temática, que vai nos trazer novas reflexões e desafios a serem enfrentados”, opina Machado. Costa visitou a Feira da Ciência ao lado da vice-presidente. “Estou gostando muito . Quando você visita uma feira dessas, você aprende, conhece, se identifica. Isso pode definir toda a vida de um futuro profissional da saúde”, declara.
No estande ‘Sabores e lendas: uma viagem ao folclore e alimentação brasileira’, os visitantes participaram de atividades interativas em que aprenderam sobre os alimentos típicos de cada uma das cinco regiões brasileiras. A atividade tinha como proposta associar os personagens do folclore brasileiro com os alimentos. “O Saci Pererê é conhecido como um personagem agitado. Então, o Açaí, cuscuz e arroz são alimentos que podem ser associados à ele por serem alimentos que dão mais energia”, explicou Cristiane Almeida, chefe do Serviço de Nutrição do INI/Fiocruz (SENUT/INI).
No estande ‘A relação entre a vigilância sanitária e os biomas do Brasil’, o público pôde conhecer um pouco da atuação da vigilância sanitária, em seus aspectos químicos, sobre os biomas do Brasil. Os pesquisadores do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS/Fiocruz) trouxeram exemplos de chás encontrados no país. “É um produto que a população consome e que vem da nossa terra”, destacou a proponente Júlia Martinez. Na atividade, o grupo explicou como o INCQS atua, verificando se produtos estão dentro da legislação. Para fechar, uma degustação especial: um chá de erva-doce quentinho!
Estudantes da rede pública participaram do bate-papo ‘Autoteste para HCV: uma nova forma de você fazer o seu próprio teste para Hepatite C’. A atividade foi realizada no auditório do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) pelo médico-hepatologista Hugo Perazzo. O autoteste vem sendo desenvolvido por pesquisadores da Fiocruz. A ideia é que ele seja disponibilizado gratuitamente nos postos de saúde.
Outra atividade que tratou do controle e prevenção de doença foi o estande ‘PreventHIVo: um jogo sobre HIV e aids’. Participante de diversas edições da SNCT na Fiocruz, a atividade deste ano focou na transmissão e dos cuidados da prevenção do vírus, que segue no foco das autoridades de saúde. “Tivemos perguntas sobre o caso que saiu na imprensa, sobre as seis pessoas que contraíram HIV por transplante de órgãos. Nós aqui acabamos desenvolvendo um papel de tranquilizar as pessoas sobre a segurança do sistema para que elas possam sentir credibilidade. Temos o papel de esclarecer que os exames são feitos de forma segura”, informou Sylvia Teixeira, imunologista do LabAids (IOC).
O Instituto de Ciência e Tecnologia em Biomodelos (ICTB) apresentou três atividades na Feira da Ciência. Para ‘Biomas na Saúde única: Zoonoses e agentes etiológicos em animais’, o instituto trouxe informações sobre doenças na relação entre seres humanos e animais, além de apresentar os tipos de alimentos ingeridos pelos macacos e curiosidades sobre seu comportamento. No estande ao lado, ‘Micromundos brasileiros: revelando a vida subterrânea’ mostrou como que a interação entre fungos e árvores geram um processo de benefício mútuo entre essas espécies. Já ‘Atividades interativas: o papel dos roedores nos Biomas’ mostrou a importância de roedores e pequenos mamíferos que compõe ordem dos lagomorfos, como coelhos e lebres.
Luisa Vieira, estudante de enfermagem da Universidade Federal Fluminense (UFF) passou pela Feira da Ciência e se empolgou: “Essa é a minha segunda vez na SNCT. As oficinas são muito bacanas, porque nos apresentam conceitos científicos de uma forma muito lúdica”, resume.
Publicado em 18 de outubro de 2024.