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Informativo do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica do Museu da Vida
Ano XXII - nº. 289. RJ, 6 de julho de 2022.  

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Neste informe: 

Especial Desinformação  

1. Fenômeno complexo, olhares diversos 

Leituras 

2. Impacto das informações de correção  

3. Velocidade máxima!  

4. Ciência, treta e sociedade  

5. Ciência e arte de múltiplas formas  

Ações

6. Memorial Pretos Novos de portas abertas  

7. Webinários discutem lições e desafios da divulgação científica  

Eventos

8. Últimos dias de inscrição no Intercom

Oportunidades

9. Inscrições abertas para cursos de especialização  

10. Curso gratuito sobre desinformação on-line 

 

Especial Desinformação  

1. Fenômeno complexo, olhares diversos – A desinformação em ciência e saúde vem se tornando um grave problema social, com desdobramentos em diversas áreas, como na ciência, medicina, política e cultura. Trata-se de um fenômeno complexo que precisa ser abordado por meio de olhares multidimensionais, mobilizando um conjunto de pontos de vista de diversas disciplinas. Essa é a proposta do dossiê “Perspectivas multidisciplinares sobre desinformação em ciência e saúde”, lançado em julho pela revista RECIIS. Além de editorial e duas notas de conjuntura, o número conta com seis artigos temáticos que tratam, com distintas abordagens, problemas como as notícias falsas; os discursos sobre saúde e cuidado durante a pandemia; a construção de legitimidade e confiança nas instituições modernas; as estratégias e os desafios no combate à desinformação em saúde e ciência; a desconfiança; a construção da verdade e suas formas de legitimação. Dois exemplos são os artigos “Saberes e práticas de cuidado em saúde sobre a covid-19: uma análise baseada em interações de pessoas em comunidade virtual” – que analisa a troca de experiências na comunidade “Eu já tive covid-19” no Facebook – e “Pega na mentira: notas antropológicas sobre tempos inquietantes”, que emprega o método etnográfico e comparativo por contraste, fundado em observação direta, participante e entrevistas no campo no Brasil, na França e nos EUA. Há ainda, a entrevista “Desinformação versus democracia: as relações do jornalismo, da ciência e da saúde na promoção de uma vida democrática”, com o jornalista e pesquisador português João Figueira. Acesse o dossiê gratuitamente em: <https://bit.ly/3NPSUdb>.  

 

Leituras 

2. Impacto das informações de correção – Vários estudos sobre os impactos da prática de desmentir ou corrigir publicamente um boato, uma informação incorreta ou falsa sugerem que a estratégia pode não ser tão eficaz no combate à desinformação.  Segundo o artigo “Impact of correcting misinformation on social disruption”, publicado recentemente na revista PLOS ONE, tanto desinformação quanto informações de correção podem gerar impactos sociais negativos. Os autores analisaram a disseminação da desinformação sobre a escassez de papel higiênico no Japão durante o surto inicial da pandemia de Covid-19 em 2020, utilizando dados de vendas e do Twitter. Os resultados mostram que, no evento investigado, quando a credibilidade da desinformação foi alta, as informações corretivas contribuíram com a redução do excesso de compras. No entanto, a difusão excessiva de informações corretivas promoveu o efeito contrário. Para os pesquisadores, a quantidade adequada de informações de correção depende da quantidade de desinformação divulgada.  Acesse o artigo em inglês em: <https://bit.ly/3yfkB9I>. 

 

3. Velocidade máxima! – Uma análise de como a pandemia do novo coronavírus impactou as condições de trabalho de jornalistas brasileiros que cobrem temas de ciência é o foco do artigo “Excesso e alta velocidade das informações científicas: Impactos da COVID-19 no trabalho de jornalistas”, recém-publicado na revista e-Compós. A análise foi feita com base em um questionário on-line, com perguntas abertas e fechadas, respondido por 26 jornalistas que trabalham na cobertura de ciência e tecnologia nos estados do Paraná, do Rio de Janeiro e de São Paulo. Os autores afirmam que os dados refletem preocupações e incertezas que marcaram a cobertura da Covid-19 e indicam o aumento da carga de trabalho no período, mas mostram que os participantes estão conscientes do seu papel e da sua responsabilidade diante da grave crise sanitária. Os autores ponderam, porém, que uma grande dependência das fontes e uma possível falta de criticidade, a menção frequente ao valor da notícia – que poderia levar a um sensacionalismo – e a não adoção de procedimentos específicos para lidar com artigos pré-print parecem revelar uma limitação em termos de conhecimento dos processos internos da ciência por parte dos jornalistas. O artigo está disponível em: <https://bit.ly/3yLn0KU>. 

 

4. Ciência, treta e sociedade - Não perde uma treta? Independentemente da resposta, vale dar uma lida no texto “Natália Pasternak e a homeopatia”, publicado por Matheus Ichimaru na revista Rosa de maio deste ano. Ichimaru parte de um artigo de Natália Pasternak, publicado no jornal O Globo, em que a bióloga desqualifica a homeopatia. Apesar de falar de treta – definida pelo autor como um debate com pouca reflexão e argumentação rasa, mas acompanhada, paradoxalmente, de uma convicção férrea e de uma defesa apaixonada dos pontos de vista em disputa –, é dela que o autor tenta fugir em seu texto. Ichimaru busca discutir o papel da ciência numa sociedade moderna e democrática, com reverberações na saúde, na atitude positivista científica e médica e até toca na psicanálise. Um dos pontos colocados pelo autor seria que, “ao subestimar a dimensão ritualística da medicina (Pasternak fala em “teatralidade”), não estaria a ciência estreitando, em demasia, sua própria definição de saúde? E, desse modo, privando médicos e pacientes da experiência integral do cuidado, à qual, aparentemente, nossos organismos foram condicionados, por evolução, a responder positivamente (isto é, na direção da saúde)?” Sendo ou não entusiasta da homeopatia, a leitura certamente oferece melhor embasamento para tretar! Leia em: <https://bit.ly/3Riz0uG>. 

 

5. Ciência e arte de múltiplas formas – Como a dança pode incorporar a ciência? Como a ciência pode integrar a dança? E a divulgação científica, como pode explorar a integração entre esses dois campos? Estas questões instigaram artistas, cientistas, professores e divulgadores a criarem em 2020 o LAB Ciência e Dança, um coletivo que se propõe a investigar as interações entre ciência e dança na perspectiva da divulgação científica. O primeiro trabalho do grupo, que inclui a performance corpo-gravidade, acaba de ser publicado no segundo volume do dossiê “Arte e Ciência”, da Revista Educação Pública. O dossiê reúne 13 textos que exploram o intercâmbio entre múltiplos saberes e linguagens e incluem artigos científicos, relatos de experiências, nota de pesquisa, entrevista, poema e um samba dedicado ao filósofo Bruno Latour. Teatro, grafite, marchas de carnaval, fotografia e literatura, além da dança, são alguns dos temas abordados. O lançamento do volume, que inaugura a seção "Divulgação Científica e Ensino de Ciências" da revista, foi marcado por webinário sobre ciência e dança. Acesse o volume 2 do dossiê em: <https://bit.ly/3P67VZI>. Assista ao vídeo de lançamento do volume aqui: <https://bit.ly/3NGMsW0>. 

 

Ações 

6. Memorial Pretos Novos de portas abertas – Após um período fechado em decorrência da pandemia, o Museu Memorial Pretos Novos reabre ao público. Repaginada, a exposição permanente, por meio de dados coletados em pesquisas no local e artefatos recolhidos durante escavações, resgata a história das civilizações africanas escravizadas no Brasil e as tentativas de apagamento dessa memória. Os visitantes também poderão conferir o sítio arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos e acompanhar as escavações arqueológicas que voltaram a ser realizadas. Nessa área, entre 1772 e 1830, foram enterrados cerca de 60 mil negros mortos após a entrada dos navios negreiros na Baía de Guanabara ou após o desembarque no Rio de Janeiro. Em função da pandemia, o museu está funcionando apenas com visitas agendadas e aquisição antecipada de ingressos. Mais informações em: <https://bit.ly/3P9MkiK>. 

  

7. Webinários discutem lições e desafios da divulgação científica – O que as instituições de pesquisa precisam para praticar uma divulgação científica progressista e efetiva no contexto global atual? Para ajudar a responder à pergunta-provocação, o Conselho Científico Internacional, em parceria com a iniciativa Falling Walls Ano Internacional do Engajamento na Ciência, promoveu uma série de cinco webinários reunindo professionais e pesquisadores do campo da divulgação científica e áreas afins. Entre as temáticas abordadas, destacam-se concepções e equívocos comuns sobre públicos e audiências; engajamento digital, particularmente no combate à desinformação; e lições da prática e da pesquisa em comunicação climática. Todos os webinários foram gravados e estão disponíveis gratuitamente em <https://bit.ly/3ykfk0G>.  

 

 

Eventos 

8. Últimos dias de inscrição no Intercom – A Universidade Federal da Paraíba sedia entre 5 e 9 de setembro o 45º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Intercom 2022, com o tema central "Ciências da Comunicação contra a Desinformação". A submissão de trabalhos está aberta até 11/07 e a inscrição para ouvintes segue até 12/08. Mais informações em: <https://bit.ly/3IgioQ2>. 

 

Oportunidades 

9. Inscrições abertas para cursos de especialização – Seguem abertas, até 14 de agosto, as inscrições para os cursos de especialização promovidos pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRJ) para o ano letivo de 2023. São 27 cursos gratuitos – incluindo o de Divulgação Científica –, com prazo de conclusão de 18 meses, oferecidos em 12 campus nas modalidades presencial, à distância ou híbrida. A taxa de inscrição é R$ 80,00. Confira o edital em: <https://bit.ly/3utYafM>.  

 

10. Curso gratuito sobre desinformação on-line – Interessados podem se inscrever no curso on-line em inglês “How to Spot Misinformation Online”, oferecido pelo MediaWise for Seniors (https://bit.ly/2DX2jOt). As aulas ensinam a buscar fontes confiáveis e a identificar o que é verdadeiro e falso na internet, analisando exemplos de desinformação em política, saúde, viagens e clima. O curso é autodirigido e pode ser iniciado a qualquer momento. Acesse em: <https://bit.ly/3us0Drg>. 

 

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Ciência & Sociedade é o informativo eletrônico do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica do Museu da Vida (Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz). Editores de Ciência & Sociedade: Marina Ramalho e Carla Almeida. Redatores: Luís Amorim e Rosicler Neves. Projeto gráfico: Barbara Mello. Informações, sugestões, comentários, críticas etc. são bem-vindos pelo endereço eletrônico <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>. Para se inscrever ou cancelar sua assinatura do Ciência & Sociedade, envie um e-mail para <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>.     

  

* A seção Especial Desinformação é uma iniciativa do projeto “O desafio da desinformação em saúde: compreendendo a recepção para uma melhor divulgação científica”, contemplado pelo Programa Proep 2022, da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) e do CNPq.  

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