Por Rebecca Gotto
Na coluna de hoje, vou falar sobre a trajetória da Casa Nem, um espaço de acolhimento para pessoas LGBTI. Já são seis anos de existência do projeto.
Indianarae percebeu, no ano seguinte, que muitas pessoas trans que eram alunos do PreparaNem estavam em situação de rua e desmotivados de continuar com as aulas dadas as suas precárias condições de vida. Foi aí que a extinta casa noturna Casa Nuvem cedeu lugar à Casa Nem, que abrigava alunos do curso preparatório. O espaço passou a realizar várias festas temáticas nos fins de semana, arrecadando fundos para as aulas e alimentação. Aos poucos, foi ganhando doadores fiéis que passaram a acreditar de fato na iniciativa.
Logo surgiu o Calendário Nem 2017, proposto por fotógrafos colaboradores que escolheram uma pessoa trans por mês para representar os 365 dias daquele ano. Com o dinheiro das vendas, a Casa Nem pôde comprar mais mantimentos pra casa. Em 2018, diversos projetos surgiram, como o Costura Nem, que revelou a empreendedora Andréa Brazil (idealizadora do curso Capacitrans) e o Atua Nem, que oferecia cursos de teatro. Houve ainda o Lab Nem, laboratório audiovisual da Casa Nem que deu a oportunidade dos alunos produzirem seus próprios curtas-metragens. Eu mesma fui aluna do Lab Nem na época, e produzi o curta “Lábios Negros”, que retratava o auto racismo e esta em processo de edição para ser lançado em 2022.
A Casa Nem passou por algumas mudanças nos últimos anos. Em 2019, perdeu a sede na Lapa e passou a funcionar numa ocupação em Vila Isabel. Posteriormente, passou a ocupar um prédio de sete andares em Copacabana junto com a ONG parceira Transrevolução. Essa temporada durou até setembro de 2020, quando a Prefeitura do Rio cedeu ao projeto um prédio no bairro do Flamengo, onde estão até hoje. A Casa Nem oferece várias atividades culturais, como aulas de muay-thai e capoeira, tendo como carro-chefe o projeto de economia solidária Kuzinha Nem, uma parceria com o restaurante Palco Lapa. Na ação, são produzidos vários pratos veganos, oferecendo a oportunidade de geração de renda a acolhides. A Casa Nem também acolhe o uso da linguagem neutra, que é uma questão de identidade, direcionada principalmente a pessoas não-bináries.
A Casa Nem fez e faz parte da minha vida. Indianarae Siqueira é uma das maiores referências da minha vida.
Beijinhos e até a próxima!
Foto: Bruno Kaiuca
Publicado em 17 de dezembro de 2021