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Por Fernanda Távora e Melissa Cannabrava

Pesquisadores, estudantes, professores e parceiros já podem acessar o e-book 'Quando o museu vai à favela, e quando a favela vai ao museu', um documento histórico que remonta o trabalho das Ações Territorializadas (AT) do Museu da Vida no período de 2015 a 2020. O conteúdo está disponível para download.

O e-book 'Quando o museu vai à favela, e quando a favela vai ao museu' foi desenvolvido pela equipe do projeto. A iniciativa tem como objetivo, além de registrar o histórico da construção do projeto, compartilhar a metodologia de trabalho e homenagear a população dos territórios circunvizinhos à Fiocruz. São seis recortes retratados na publicação. Entre eles, se destacam a relação do Museu da Vida com favelas do entorno (ou não) da Fiocruz, as experiências educativas para popularização da ciência em favelas e periferias, o Expresso da Ciência e as Ações Territorializadas em um contexto de curadoria com participação social, trazendo uma descrição da conexão entre o trabalho e a realização de debate sobre o tema na instituição. A publicação conta com depoimentos em formato de vídeo e recursos de tecnologia assistiva.

Alessandro Batista, educador profissional do MV e um dos idealizadores da linha de ação, aposta no e-book como uma forma de divulgar o trabalho das Ações Territorializadas e fomentar o debate sobre o campo da popularização dos museus de ciência em favelas e territórios de periferia do Rio de Janeiro, Baixada Fluminense e Niterói. "É um trabalho que está perfeitamente alinhado com a perspectiva do que a Fiocruz vem trabalhando e aprofundando sobre pensar saúde na sua relação com esses territórios saudáveis e sustentáveis, correlacionando com a Agenda 2030", ressalta Batista.

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Estabelecer esse diálogo com os territórios vizinhos à Fiocruz – o Complexo da Maré e Manguinhos, na zona norte do Rio – e outras favelas e periferias do Rio é a principal linha de ação da AT. Sobre essa experiência, Priscila Abrantes, educadora profissional das AT, conta que muitas vezes a construção de vínculos ultrapassa a dimensão do trabalho no museu. A troca de experiências e vivências é o ponto mais significativo do projeto para ela. "Eu cito uma experiência com uma escola pública em Nova Iguaçu, aonde levamos uma atividade sobre a importância de mulheres negras na ciência, e uma menina disse que era a primeira vez que ela tinha visto uma mulher negra parecida com ela como cientista".

Já Renata de Oliveira, educadora profissional das AT, conta que fez parte do projeto desde a época da exposição itinerante 'Manguinhos Território em Transe' – iniciativa que deu origem à linha de trabalho da iniciativa. A atividade que mais a marcou durante seus anos de atuação foi justamente a comemoração de um ano de abertura da exposição. O evento, que já tinha passado pelas escolas locais, foi realizado em uma das ruas de Manguinhos. "Ver as crianças que estavam ali na rua chamar os pais e amigos para ver uma exposição que tinha passado na escola”. Renata também destaca a importância da troca com o território. “Quando a gente se coloca no lugar de ir e de ouvir, a gente percebe que temos muito mais a aprender do que a levar para o território".

Elizabeth Campos é coordenadora da Casa Viva da Rede CCAP, projeto criado em Manguinhos em 2003, e relembra que a exposição 'Manguinhos Território em Transe' veio de uma reflexão sobre a história da região após o anúncio de obras que modificariam as favelas. "A criação da exposição aconteceu nas salas da rede CCAP, envolvendo o EJA Manguinhos, professores de história, pesquisadores do Museu da Vida, atores sociais e estudantes da própria comunidade. Foi um momento muito rico de troca, saberes e aprendizados". Ela ressalta a importância dessa parceria com a Fiocruz e as Ações Territorializadas, e celebra a iniciativa do registro da história das ações territorializadas. "Nos dias atuais, eu defendo que tudo deve ser dito e contado para que fique para os próximos que seguirem nessa caminhada".

 

Publicado em 23 de dezembro de 2021.
Atualizado em 02 de fevereiro de 2022.

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