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Por Pedro Paulo Soares
Serviço de Museologia do Museu da Vida
 

No cartaz, era possível ler: "A TUBERCULOSE é a doença mais grave do Rio de Janeiro. É a que mais mata gente, e quando não mata enfraquece, atormenta, deforma, torna a vida cheia de achaques. Mas a TUBERCULOSE é seguramente evitável. Aprende, ensine, ajude a evitá-la.”

"Luctemos contra Tuberculose. Apaguemos do Brasil essa mancha de morte"
Cartaz de propaganda sanitária
Autor: Serviço de Profilaxia da Tuberculose - Departamento Nacional de Saúde Pública
Artista: Leopoldo Gotuzzo
Ano: 1922
Técnica: desenho, composição mecânica, cromolitografia
Dimensões: 37,5cm x 27,5cm
Material: papel

Antes da descoberta dos antibióticos e dos atuais esquemas terapêuticos que garantem a cura da tuberculose, palavras de alerta e incentivo à prevenção, acompanhadas de imagens didáticas ou impactantes como as do cartaz em foco, foram frequentemente utilizadas como peças de informação nas estratégias e ações de educação higiênica e propaganda sanitária conduzidas pela Inspetoria de Profilaxia da Tuberculose.

Para que alcançassem grande parte da população, os cartazes eram distribuídos em estabelecimentos comerciais, escolas, docas portuárias e seus armazéns, fábricas, estações de transporte público - incluindo trens, barcas e bondes -, repartições governamentais, instalações militares e delegacias policiais.

Esse exemplar de cartaz foi doado à Casa de Oswaldo Cruz pelo médico e historiador da medicina Lourival Ribeiro, para uso na exposição "Imagens da Peste Branca: Memória da tuberculose". Lourival Ribeiro da Silva (1907 -1992) formou-se médico em 1936 e atuou como tisiologista, radiologista, professor e memorialista. Na década de 1940, trabalhou na Divisão Nacional de Tuberculose do Ministério da Educação e Saúde. Durante a Segunda Guerra Mundial, seguiu para a Itália com a patente de tenente médico da Força Expedicionária Brasileira. No pós-guerra, organizou e chefiou o Dispensário Escola do Serviço Nacional de Tuberculose. Na década de 1950, dirigiu o Conjunto Sanatorial de Curicica, depois chamado Conjunto Sanatorial Raphael de Paula Souza, no Rio de Janeiro. Foi presidente da Sociedade Brasileira de Tuberculose e diretor do Serviço Nacional de Tuberculose.

Organizada em cinco módulos temáticos e composta por objetos tridimensionais, cartazes, fotografias, documentos originais e filmes de época, a exposição "Imagens da Peste Branca: Memória da tuberculose" foi inaugurada no Rio de Janeiro em 1993, no Museu Histórico Nacional, e depois viajou por inúmeras cidades do país. Ela foi um produto do projeto de pesquisa Memória da Tuberculose no Brasil, desenvolvido pela Casa de Oswaldo Cruz, pelo Centro de Referência Professor Hélio Fraga e pela Coordenação Nacional de Pneumologia Sanitária do Ministério da Saúde.

Agente sanitária, da Inspetoria de Profilaxia da Tuberculose, em consulta domiciliar na cidade do Rio de Janeiro, década de 1920. Acervo: Departamento de Arquivo e Documentação/COC

A Inspetoria de Profilaxia da Tuberculose

A criação da Inspetoria de Profilaxia da Tuberculose em 1920, subordinada ao Departamento Nacional de Saúde Pública (DNSP), marca o início das ações do Estado no combate à tuberculose no Brasil. Entre as atribuições da Inspetoria estavam a identificação e registro dos casos de tuberculose no Rio de Janeiro, exame bacteriológico gratuito de escarro para diagnóstico da doença, visitas de educação profilática, proteção higiênica aos tuberculosos, instrução higiênica da população, isolamento hospitalar ou domiciliar dos doentes, desinfecção de casas e objetos contaminados, criação e manutenção de dispensários, além de visita e inspeção a estabelecimentos hospitalares, fábricas e escolas.

O autor do cartaz

O pintor e desenhista Leopoldo Gotuzzo (Pelotas, 1887 - Rio de Janeiro, 1983) iniciou sua formação artística em sua cidade natal, no Rio Grande do Sul. Viveu na Europa, primeiramente em Roma, de 1909 a 1915, quando estudou pintura com Joseph Nöel, e depois em Madri, de onde enviou seus primeiros trabalhos para o Salão Nacional de Belas Artes (SNBA) do Rio de Janeiro.

De volta ao Brasil em 1919, instalou-se no Rio de Janeiro durante o auge da belle époque carioca. Participante habitual do Salão Nacional de Belas Artes, foi premiado em 1916 com medalha de bronze, em 1917 e 1919 com medalhas de prata e, em 1922, com medalha de ouro. É de 1922 o cartaz que fez para a Inspetoria de Profilaxia da Tuberculose.

Após sua morte, em 1983, a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) recebeu sua coleção de quadros e desenhos e, em 1986, o Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo (Malg) foi inaugurado na Universidade.

Para saber mais

Tania Maria Dias Fernandes; Dilene Raimundo do Nascimento; Anna Beatriz de Sá Almeida. Memória da tuberculose: acervo de depoimentos. Rio de Janeiro, Fiocruz, 1993

Tania Maria Dias Fernandes; Dilene Raimundo do Nascimento; Anna Beatriz de Sá Almeida; Pedro Paulo Soares. Imagens da Peste Branca: memória da Tuberculose. Exposição temporária. Casa de Oswaldo Cruz, Centro de Referência Prof. Hélio Fraga, Museu Histórico Nacional, Rio de Janeiro, 1993

Miguel Aiub Hijjar; Germano Gerhardt; Gilmário M Teixeira; Maria José Procópio. Retrospecto do controle da tuberculose no Brasil. Revista de Saúde Pública, vol.41, supl.1, São Paulo, Set. 2007

Claudio Bertolli Filho. Antropologia da doença e do doente: percepções e estratégias de vida dos tuberculosos. HCS-Manguinhos, Fev 2000, vol.6, no.3

Pedro Paulo Soares. A dama branca e suas faces: a representação iconográfica da tuberculose. HCS-Manguinhos, Out 1994, vol.1, no.1

 

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