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Informativo do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica/Museu da Vida - Ano XIX, n. 255, RJ, 13 de setembro de 2019

Neste informe:

1. Como combater a pseudociência?
2. Para aumentar o diálogo entre ciência e política
3. “Dr. Who” em pesquisa
4. A “pílula do câncer” pela lente de dois programas televisivos
5. Museu Nacional vive
6. Ciência e teatro em debate
7. Mestrado em divulgação da ciência, tecnologia e saúde
8. Vídeo e debate: mulheres na ciência
9. Inscrições para o PCST 2020 terminam em outubro

 

1. Como combater a pseudociência? – Um bom começo é buscando entender por que crenças “esquisitas” são tão populares. É isso que o filósofo da ciência Stefaan Blancke, professor da Universidade Tilburg, nos Países Baixos, tem feito nos últimos anos. Mais especificamente, Blancke busca identificar os fatores e processos que estão por trás da disseminação de ideias pseudocientíficas. Depois de ter apresentado seu trabalho na conferência Ecsite de 2018, em Gênova, para a comunidade de divulgadores da ciência, o filósofo compartilha suas reflexões sobre o tema na edição de agosto da revista SPOKES. Ao mostrar que, na prática, não é tão simples distinguir ciência de pseudociência, ele sai em defesa do diálogo como o melhor método de a divulgação científica lidar com a questão. Blancke vai além e sugere que museus de ciência desenvolvam atividades voltadas a preparar seus visitantes para detectar e descartar fontes não confiáveis de informação, treinando suas habilidades de pensamento crítico. “Confronte-os com problemas e deixei-os descobrir como engajar no diálogo é central para encontrar soluções.” Fica a dica! O texto integral, em inglês, está disponível em: <https://bit.ly/2kezCqh>. 

2. Para aumentar o diálogo entre ciência e política – A importância de se falar sobre ciência para o público não especializado já é algo aceito (e muitas vezes incentivado) dentro da comunidade científica. Mas ainda são poucos os cientistas que arriscam se dirigir a um público específico da sociedade: o de formuladores de políticas públicas. Como em toda iniciativa de divulgação científica, é fundamental conhecer bem o público com o qual se quer dialogar. Assim, o texto “Communicating science to policymakers: six strategies for success”, publicado em agosto na coluna “Career” da revista Nature, oferece seis dicas para que a comunicação entre cientistas, políticos e legisladores seja bem-sucedida. Entre elas, os autores destacam a importância de o cientista selecionar bem seu interlocutor: se o tema científico tem uma aplicação local, é mais indicado buscar políticos que atuem no âmbito dos municípios ou estados, e não na esfera federal. Oferecer recomendações claras também ajuda a chamar a atenção das autoridades, sem perder de vista que tais sugestões devem ser factíveis no que diz respeito ao orçamento e ao calendário parlamentar. Confira o texto completo, em inglês, em: <https://go.nature.com/2kJykUm>.   

3. “Dr. Who” em pesquisa – Vários estudos indicam que a ficção científica repercute em opiniões e atitudes do público em relação à ciência. Muitos desses estudos – alguns realizados em ambientes artificiais de leitura ou visualização – focam o impacto imediato da obra. Já o estudo “How does science fiction television shape fans' relationships to science?”, publicado em setembro no Journal of Science Communication, chama atenção para os impactos de uma obra de ficção científica com a qual o público já está familiarizado por um longo período: a série de televisão britânica “Dr. Who” (1963). Por meio de um questionário on-line divulgado pelo Facebook, os participantes foram encorajados a refletir sobre como a série repercutiu em suas escolhas e opiniões sobre ciência. A autora analisou 575 questionários – 95% dos participantes assistiram ao programa obsessivamente ou regularmente; 5% assistiram de forma irregular. Os resultados mostram que 11% dos participantes afirmam ter sido influenciados em escolhas relacionadas à educação, incluindo inspiração para estudar. Participantes que manifestaram incerteza de terem sido influenciados (12%) também relacionaram a série ao estudo da ciência, como reforço de um interesse prévio ou maior engajamento. Para 9% dos respondentes, “Dr Who” influenciou a escolha de uma carreira científica ou área relacionada, como divulgação científica. Para a autora, o estudo apresenta evidências substanciais de que a ficção científica pode provocar impactos duradouros, embora a natureza de tal impacto seja imprevisível em diferentes públicos em função das diferentes interpretações e contextos pessoais. Acesse o artigo em inglês em: <https://bit.ly/2kJywD5>.

4. A “pílula do câncer” pela lente de dois programas televisivos – Em 2015, uma controvérsia científica chamou a atenção dos meios de comunicação: pacientes com câncer estavam recorrendo à Justiça para ter acesso a uma substância distribuída gratuitamente por cerca de 20 anos pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP). Por não contar com licenças nem registro nos órgãos de vigilância sanitária, a distribuição de tais pílulas havia sido proibida pela universidade em 2014. A disputa judicial entre USP e pacientes gerou comoção nacional e foi coberta pela mídia. No artigo “A ‘cura’ do câncer na TV: A polêmica da fosfoetanolamina sintética em programas televisivos”, publicado na última edição da revista Perspectivas de la Comunicación, as autoras examinaram a cobertura de dois programas dominicais: Fantástico (Rede Globo) e Domingo Espetacular (Rede Record). A partir de uma análise hermenêutica, o trabalho aponta que o Fantástico enfocou os perigos de se utilizar uma substância química sem comprovação científica, enquanto o Domingo Espetacular destacou os relatos dos pacientes e os possíveis benefícios da “pílula do câncer”. Embora traga dados interessantes sobre a diferença na cobertura dos dois canais, o artigo deve ser lido com cautela, pois peca em suas conclusões quando afirma, por exemplo, que os programas televisivos “podem ter prestado um importante serviço público ao tornar visível a possibilidade do acesso praticamente gratuito à cura do câncer”. Dessa forma, as autoras fazem uma afirmação questionável, que ainda nenhum estudo clínico foi capaz de comprovar: que a “pílula do câncer” é eficaz no tratamento da doença. Leia gratuitamente em: <https://bit.ly/2kuIhoR>. 

5. Museu Nacional vive – Em 2 de setembro completou-se um ano do trágico incêndio que destruiu a maior parte do acervo do Museu Nacional (UFRJ), no Rio de Janeiro. Após um ano de adversidades, a instituição dá mostras de sua resistência, com lançamento de exposições e outras atividades, enquanto o prédio principal da instituição passa por um árduo processo de reconstrução. No último dia 2, a revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos publicou em seu blog o post “Um ano depois do incêndio trágico, o Museu Nacional vive”, em que reúne notícias recentes sobre a nova fase de reconstrução da instituição, além de uma compilação de diversos textos sobre o Museu Nacional publicados tanto no blog quanto na revista impressa. Leia gratuitamente em: <https://bit.ly/2kGS4YV>.

6. Ciência e teatro em debate – Embora a divulgação científica incorpore cada vez mais as artes cênicas em suas iniciativas práticas, a produção acadêmica sobre as interações entre ciência e teatro ainda é escassa e fragmentada na área. Ao mesmo tempo, os estudos sobre o tema circulam pouco no meio profissional, de modo que dificilmente estimulam reflexões e mudanças no setor. Com o intuito de ampliar a discussão sobre as interações entre ciência e teatro, o Núcleo de Estudos da Divulgação Científica, do Museu da Vida/Fiocruz, promove o evento “Ciência e teatro: múltiplos olhares”. No dia 16 de setembro, de 9h às 17h, a Tenda da Ciência Virgínia Schall receberá atores, diretores, comediantes e acadêmicos, das áreas do teatro e da divulgação científica, para debater a prática teatral que enxerga na ciência um campo fértil para criação. Haverá tradução simultânea (inglês-português), intérprete de Libras em parte da programação e transmissão ao vivo. O evento é gratuito e conta com o apoio do Mestrado em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz e do INCT de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia. O Museu da Vida fica na avenida Brasil, nº 4.365. Mais informações disponíveis em: < https://bit.ly/2lLFiIU>.

7. Mestrado em divulgação da ciência, tecnologia e saúde – Terminam em 18 de outubro as inscrições para a turma de 2020 do mestrado acadêmico em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz). Com 15 vagas disponíveis (uma destinada a pessoas com deficiência e três dirigidas a negros ou indígenas), o programa tem como objetivo a formação de pesquisadores qualificados para a produção de novos conhecimentos que visam incrementar o diálogo entre saúde, ciência, tecnologia e sociedade e capazes de induzir o desenvolvimento de novas ações e estratégias para o campo da divulgação científica. O curso conta com três linhas de pesquisa: Cultura científica e sociedade; Educação, comunicação e mediação; e Estudos de público/audiência. O processo seletivo inclui análise de documentação, prova escrita (a ser realizada em 29 de outubro), avaliação de pré-projeto, entrevista, avaliação de currículo e prova de inglês. Com taxa de R$ 70, a inscrição é on-line e pode ser feita até 18 de outubro (data limite também para a entrega dos documentos necessários). Mas, fique atento: para envio da documentação pelos Correios, o prazo final de postagem é 4 de outubro. Leia no edital a documentação exigida e as condições de isenção de taxa: <https://bit.ly/2kK7taX>. Para se inscrever, acesse: <http://www.sigass.fiocruz.br>.

8. Vídeo e debate: mulheres na ciência – Mesmo sendo maioria nos cursos de mestrado e doutorado no Brasil, as mulheres são minoria nos cargos de liderança da comunidade científica e demoram mais tempo do que seus colegas homens para chegar ao topo da carreia. Que desafios enfrentados pelas mulheres cientistas contribuem para esse cenário? Um deles é a maternidade e a consequente sobrecarga no cuidado com os filhos. Já para mulheres negras, ao machismo institucional se soma o racismo. Em 2 de outubro, às 13h, no auditório do Centro de Documentação e História da Saúde (CDHS/Fiocruz) esses aspectos serão debatidos a partir da exibição de dois documentários de curta-metragem: “Fator F” e “Potência N”, ambos da diretora e roteirista Maria Lutterbach, que realizou as obras com apoio do Instituto Serrapilheira e participará de debate após a exibição dos vídeos. O evento é uma realização do Núcleo de Estudos sobre Audiovisual e Saúde (Neavs/VideoSaúde), do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Icict/Fiocruz), em parceira com o Instituto Nacional de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia. O auditório do CDHS fica no campus da Fiocruz na avenida Brasil, 4365, Manguinhos, Rio de Janeiro. As vagas são limitadas, com inscrições pelo site <https://bit.ly/2kx8fYV>.

9. Inscrições para o PCST 2020 terminam em outubro – Faltam poucas semanas para o encerramento do prazo de submissão de trabalhos para a Conferência Internacional sobre Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia (PSCT). O evento será realizado de 26 a 28 de maio de 2020 na Universidade de Aberdeen, na Escócia (Reino Unido). Voltada para envolvidos e interessados em pesquisa, práticas e políticas de divulgação científica e formação continuada na área, a 16ª edição da conferência visa ser um espaço de discussão, reflexão e troca de ideias sobre o tema “Tempo, Tecnologia e Transformação”. Prática e estudos da divulgação científica no passado, presente e futuro, aplicações das mídias sociais e avanços das tecnologias de comunicação e seus impactos sociais são exemplos de abordagens a serem exploradas. A conferência, uma das mais importantes do campo, possibilita a apresentação de estudos e práticas em diferentes formatos e níveis de desenvolvimento. Os interessados devem submeter uma proposta com até 300 palavras em inglês, idioma oficial do evento, até o dia 12 de outubro (17h, GMT) – cada participante poderá apresentar até dois trabalhos na conferência, mas não há limite para coautoria. Após apresentação na conferência, os participantes terão a oportunidade de incluir seus trabalhos em uma edição especial da revista Research for all. Submissão de propostas e mais informações sobre o PCST 2020 na página: <https://www.pcst.co/>.

 

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Ciência & Sociedade é o informativo eletrônico do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica do Museu da Vida (Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz). Editores de Ciência & Sociedade: Marina Ramalho e Carla Almeida. Redatores: Luís Amorim e Rosicler Neves. Projeto gráfico: Luis Cláudio Calvert. Informações, sugestões, comentários, críticas etc. são bem-vindos pelo endereço eletrônico <Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.>. 

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