Há 100 anos, começava a ser constituído o acervo museológico da Fiocruz, que reúne, atualmente, cerca de 2.500 objetos relacionados à história da ciência e tecnologia nos campos da saúde, biologia, medicina e suas disciplinas. Para celebrar esse centenário, o Museu da Vida realizou uma mostra com peças do acervo e também apresentou as instalações renovadas da Reserva Técnica Museológica. O evento aconteceu no dia 12 de dezembro, no edifício da reserva técnica do Museu da Vida, localizado no campus Manguinhos da Fiocruz.
Nos últimos anos, esse edifício passou por obras de expansão e requalificação. O espaço foi ampliado em cerca de 750 m², distribuídos por três andares, conectando-se ao prédio original por meio de uma rampa. As obras incluíram, ainda, a instalação de sistemas de proteção e vigilância para uma gestão de riscos mais eficiente. Com recursos do Programa de Preservação de Acervos do BNDES, foram adquiridos equipamentos fotográficos, utilizados em estratégias de disseminação do acervo, e novos conjuntos de mobiliário, destacando-se os armários deslizantes para a guarda das coleções museológicas.
O Vice-Diretor de Patrimônio Cultural e Divulgação Científica disse que a COC coordena duas ações com grande potencial de aprimoramento das diversas atividades de preservação e gestão dos seus acervos, ampliando o seu acesso pela sociedade, e que tem na Reserva Técnica Museológica um dos componentes estratégicos em suas implantações. São eles o Preservo e o Plano de Requalificação do NAHM. Para Marcos José de Araújo Pinheiro, as iniciativas “trouxeram e trarão oportunidades e desafios aos profissionais que se dedicam aos acervos museológicos da Fiocruz.”
COC coordena ações para aprimorar a preservação e a gestão dos acervos
Unidade da Fiocruz à qual o Museu da Vida está vinculado, a Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz) coordena duas ações que visam aprimorar as atividades de preservação e gestão dos acervos que estão sob sua guarda, bem como a ampliar seu acesso pela sociedade, aponta o vice-diretor de Patrimônio Cultural e Divulgação Científica da COC, Marcos José de Araújo Pinheiro. “O Preservo e o Plano de Requalificação do Núcleo Arquitetônico Histórico de Manguinhos, iniciativas cuja implementação tem na Reserva Técnica Museológica um dos seus componentes estratégicos, trazem oportunidades e desafios aos profissionais que se dedicam aos acervos museológicos da Fiocruz”, avalia.
As duas ações contam com recursos captados junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Esses investimentos captados e da própria Fiocruz somam-se às iniciativas institucionais para desenvolvimento de planos de gestão de riscos e de conservação preventiva, acrescentou Marcos José. “Com a melhoria das infraestruturas de guarda e no aprimoramento da qualificação de nossos profissionais, esperamos poder dar o tratamento e a visibilidade merecida e necessária a esse acervo museológico”, concluiu.
Coordenado pela COC, o Preservo: Complexo de Acervos da Fiocruz vai prover infraestrutura moderna e tecnologias mais avançadas para a guarda e o acesso público ao extenso patrimônio da instituição. Após a aprovação pelo Conselho Deliberativo Fiocruz da Política de Preservação dos Acervos Científicos e Culturais, o Preservo passou a ser integrado por todas as unidades da fundação que guardam, conservam ou possuem alguma relação direta ou indireta com os acervos da instituição.
“Investimentos em infraestrutura para o acondicionamento adequado dos objetos fazem parte das diretrizes museológicas para conservação preventiva. As ações para manter a integridade física desse importante acervo possibilitam que as gerações atuais e futuras possam conhecê-lo e pesquisá-lo”, afirma a coordenadora do Serviço de Museologia do Museu da Vida, Juliana Albuquerque.
As medidas que vêm sendo tomadas asseguram a ampliação e o tratamento técnico do acervo. Favorecem também a valorização do acervo e sua divulgação para diferentes públicos, entre os quais os não especializados. Quem participar do evento no próximo dia 12 terá a oportunidade de conhecer objetos pessoais de Oswaldo Cruz e Carlos Chagas, além de soros, vacinas e medicamentos produzidos pela Fiocruz em décadas passadas.
Equipe interdisciplinar se dedica ao acervo museológico
O acervo museológico da Fiocruz reúne, prioritariamente, equipamentos usados em laboratórios e na fabricação de medicamentos e vacinas, instrumentos médicos e científicos, mobiliário laboratorial e hospitalar, indumentárias, medalhas e moedas, objetos pessoais de cientistas e uma pinacoteca. Alguns desses objetos podem ser encontrados em exposições. Os itens expostos, porém, representam apenas uma pequena parte dos acervos dos museus. As peças, em sua maioria, ficam guardadas na reserva técnica.
A reserva técnica é o espaço onde se preserva e gerencia o acervo museológico por meio de vários processos de trabalho com princípios, métodos e técnicas específicos. Esses processos envolvem uma equipe interdisciplinar, que atua não só para garantir a integridade física do acervo, como também para identificar e sistematizar as informações relacionadas a cada objeto.
O trabalho de preservar e divulgar esses objetos, porém, é muito anterior ao Museu da Vida, inaugurado em 1999, e também precedeu à criação da COC, em 1986. A sala de trabalho de Oswaldo Cruz, no Castelo da Fiocruz, foi mantida intacta e aberta a visitas especiais pouco depois de sua morte, em 1917. Começava a se formar, assim, uma primeira coleção museológica com objetos pessoais e de trabalho do cientista.
Nos anos 1970, o então chamado Museu Oswaldo Cruz passou a ocupar três salas do Castelo e receber visitantes com maior frequência. Ainda nessa mesma década, iniciava-se a sistematização da prática museológica de identificar, selecionar, captar e documentar instrumentos e equipamentos antigos, substituídos por outros mais modernos nas unidades da Fiocruz. A coleção histórica, assim ampliada, tornava-se representativa das atividades desenvolvidas na instituição ao longo de sua trajetória.
Publicado em 07/12/2018.