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Perfurador de vísceras.
Material: fundição e montagem em aço.
Fabricante: Serviço de Febre Amarela (Brasil)
Dimensões: 33,5 x 3,5 x 2,0 cm

Este instrumento metálico em formato de calha, composto por uma lâmina móvel e ponta cortante, fez parte de um importante capítulo do combate à febre amarela no Brasil. Criado por médicos norte-americanos após a epidemia que assolou o Rio de Janeiro e o Nordeste do país no final da década de 1920, o viscerótomo permitiu a simplificação dos procedimentos de coleta de fragmentos do fígado de pessoas que morreram com fortes sintomas da doença.

Desenvolvido para uso específico no Serviço da Febre Amarela, o instrumento - fabricado em grande escala e amplamente utilizado no Brasil e em países da América do Sul - contribuiu para a epidemiologia de outras patologias, como a leishmaniose visceral.

A técnica da viscerotomia era realizada por meio de uma simples punção, sem mutilar ou mesmo tocar no corpo da vítima. Com um breve treinamento, qualquer pessoa podia realizar as punções hepáticas. O agente de saúde inseria o instrumento na parede abdominal, região popularmente conhecida como “boca do estômago”, e o direcionava até o fígado. Ao atingir o órgão, o viscerótomo era empurrado para frente, acomodando, dentro da calha, uma pequena parte do órgão. Em seguida, o agente empurrava a lâmina móvel até a ponta do aparelho, com a qual cortava e mantia as partes de tecido em seu interior. Ao retirar o instrumento, o material coletado era imediatamente transferido para um frasco com formol, que, uma vez rotulado, seguia para análise.

Até a criação desse instrumento o diagnóstico laboratorial da febre amarela era feito por necropsia, procedimento mais complexo, que exigia instalações adequadas e pessoal médico treinado.

Combate à febre amarela

As campanhas contra a doença ganharam dimensão nacional a partir da década de 1930, com a criação do Serviço de Febre Amarela (SFA) e com os acordos de cooperação entre o governo brasileiro e a Fundação Rockefeller – instituição médico científica norte-americana. A parceria com a Fundação previa a erradicação da febre amarela, o controle da malária e ancilostomose, além de iniciativas para formação de médicos. A instalação de postos de viscerotomia em diversos estados brasileiros foi uma das ações oriundas da cooperação.

Procedimento de punção com o uso do viscerótomo. As amostras eram encaminhadas para a Seção de Viscerotomia da Fundação Rockefeller em Manguinhos. Foto: Serviço de Febre Amarela, 1937.
Em 1937, no início da vacinação contra a doença no país, foi criado o laboratório do Serviço Especial de Profilaxia da Febre Amarela, instalado no Instituto Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, e responsável pela produção da nova vacina. Com o fim do acordo de cooperação, em 1939, o laboratório foi transferido para o Serviço Nacional de Febre Amarela, onde funcionou até 1950, quando foi incorporado à Seção de Vírus, do Instituto Oswaldo Cruz.

O instrumento em destaque é parte do acervo institucional sobre a história da febre amarela. O acervo museológico e documental encontra-se organizado na Casa de Oswaldo Cruz, e a coleção histopatológica é mantida pelo Instituto Oswaldo Cruz.


Para saber mais:
BENCHIMOL, Jaime L. Febre Amarela: a doença e a vacina, uma história inacabada. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2001.
FRANCO, Odair. História da Febre Amarela no Brasil. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde/Departamento Nacional de Endemias Rurais, DNER, 1969. Disponível em: http://www.fef.com.br/biblioteca/arquivos/data/0110historia_febre.pdf
SERVIÇO DE FEBRE AMARELA. Instruções para Representantes do Serviço de Febre Amarela em Postos de Viscerotomia. Manual de Instruções, vol.2, Viscerotomia. Brasil: Ministério da Saúde, 1937. Disponível em: http://profiles.nlm.nih.gov/VV/B/B/K/Q/>
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