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Medalha da Exposição de Higiene do XIV Congresso Internacional de Higiene e Demografia
Local: Berlim
Ano: 1907
Material: ouro
Autores: Uhlmann SC. e G. Loos D. Kruger F.
Dimensões: 5,8 cm de diâmetro

O ano de 1907 representou um importante marco para a história do Instituto Soroterápico Federal: a instituição, então dirigida por Oswaldo Cruz, conquistou a Medalha de Ouro relativa ao prêmio pelo primeiro lugar na Exposição de Higiene. A exposição foi realizada no XIV Congresso Internacional de Higiene e Demografia, organizado na cidade de Berlim, na Alemanha.

A medalha foi entregue a Oswaldo Cruz pela imperatriz da Alemanha, Augusta Vitória de Schleswig-Holstein (1858-1921). A premiação ocorreu em reconhecimento à excelente apresentação da produção científica brasileira, resultado dos relevantes trabalhos desenvolvidos pelos jovens pesquisadores de Manguinhos e pela campanha contra a febre amarela no Rio de Janeiro.

Na Exposição de Higiene de Berlim, a seção brasileira apresentou resultados de trabalhos originais, amostras de soros e vacinas produzidas em Manguinhos, fotos e maquetes de novas edificações em construção no Instituto, entre outros objetos. Além disso, foram exibidos materiais sobre as campanhas sanitárias na capital federal, conduzidas pela Diretoria Geral de Saúde Pública, incluindo modelos para isolamento de doentes, técnicas de expurgo de casas e galerias pluviais, imagens e estatísticas demográfico-sanitárias do saneamento do Rio de Janeiro.

Segundo registros de época, o público visitante se interessou especialmente pelos materiais relativos às doenças tropicais, como exemplares da fauna entomológica e desenhos científicos dos insetos transmissores de doenças, além de peças de anatomia patológica registrando lesões provocadas pela febre amarela e pela peste bubônica.

O Brasil foi o único país da América do Sul a se inscrever no evento. A participação brasileira deveu-se, em parte, aos vínculos de cooperação estabelecidos por Oswaldo Cruz e Henrique da Rocha Lima com importantes institutos europeus de medicina experimental. A familiaridade de Rocha Lima com os organizadores do Congresso favoreceu a obtenção de um espaço nobre na exposição, no qual o numeroso material representativo da ciência nacional foi distribuído por três amplas salas, organizadas por Luiz de Moraes, arquiteto construtor de Manguinhos.

Entre os trabalhos científicos do Instituto Soroterápico Federal, apresentados no congresso, repercutiu o de Henrique Aragão, “Ciclo evolutivo do halterídio do pombo”, considerada uma importante contribuição para a compreensão do modo como a malária e outras doenças evoluíam no organismo humano.

Após o término da exposição, Oswaldo Cruz doou parte dos materiais exibidos a instituições científicas europeias. Um armário foi presenteado ao Dr. Hoffmann, descobridor do micróbio da sífilis, outro à Academia de Medicina Frederico Guilherme, responsável pela organização da exposição. O material sobre a febre amarela foi para o Instituto de Higiene de Ficker e Rubner, ao passo que outros seguiram para a Escola de Medicina Tropical de Hamburgo, para a Escola de Medicina Tropical de Londres e para Heidelberg.

“Assim é que a Pátria recebe os filhos que a honram e amam; coroando-os e abençoando-os”. Charge de Kalixto alusiva à recepção apoteótica dada a Oswaldo Cruz, em seu retorno ao Brasil. Revista Fon-Fon, 11 de janeiro de 1908, em Oswaldo Cruz. Monumenta histórica, v.VI, tomo I. Acervo Biblioteca de História das Ciências e da Saúde – COC/Fiocruz.
O prêmio da Exposição de Berlim, conquistado por avaliação de um júri de reconhecida competência, causou viva repercussão no Brasil. Tal reconhecimento por autoridades da comunidade científica internacional contribuiu para legitimar o projeto e as ações de saneamento da capital e demais cidades do país, conduzidos por Oswaldo Cruz e pelos serviços sanitários regionais. O prestígio político e o atestado de valor científico obtidos em Berlim alimentaram o discurso patriótico de segmentos das elites nacionais, convertendo a imagem de Oswaldo Cruz, de “general mata-mosquitos” autoritário a herói nacional. O projeto de lei que transformaria o Instituto Soroterápico em Instituto de Patologia Experimental e que tramitava há algum tempo no Congresso foi rapidamente aprovado. Meses após sua aprovação, em março de 1908, a instituição foi renomeada como Instituto Oswaldo Cruz.

Para saber mais:
BENCHIMOL, Jaime Larry. Manguinhos do Sonho a Vida: a ciência na Belle Époque. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1990.
GUERRA, Egydio Salles. Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro: Vecchi, 1940.

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