O objetivo do projeto foi formar mediadores surdos para trabalhar com deficientes auditivos em museus e espaços de ciência.
Sentados numa célula gigante no Parque da Ciência, cerca de 20 adolescentes com deficiência auditiva tentam adivinhar alguns componentes celulares. Bruno Baptista e Lorena Assis, mediadores surdos e estudantes do Instituto Nacional de Educação para Surdos (Ines), provocam com perguntas: “Onde vocês acham que estão sentados?” e “O que vocês acham que isso parece?”, questiona Bruno, apontando para uma organela. Aos poucos, os movimentos da Língua Brasileira de Sinais (Libras) vão adentrando o diminuto universo da biologia celular, instigando os alunos pelo conhecimento.
A cena descrita acima aconteceu em 26 de novembro de 2014 e marcou o último encontro do projeto que compõe a parceria entre o MV e o Instituto de Bioquímica Médica (IBqM/UFRJ), cujo intuito é formar mediadores para trabalhar com público deficiente auditivo. O encontro “Os surdos no Museu da Vida” já vinha sendo planejado há cinco meses.
Iniciada em julho, a iniciativa acontecia semanalmente com quatro jovens bolsistas do projeto e profissionais de diferentes setores do museu. Toda quarta-feira, eles se encontravam para conhecer e elaborar um roteiro de três atividades: a visita à célula do Parque da Ciência, a oficina ‘Faça sua célula’ e o passeio ao Castelo Mourisco. Para a mediadora Rafaela Vale, a alegria não poderia ser maior “por ver os alunos tendo descobertas”, assim como ela teve. "A iniciativa amplia o canal de informação para esse público”, disse. Depois das duas experiências com a célula humana, ela e o mediador Deleon Baptista conduziram os alunos pelos séculos XIX e XX, revelando detalhes da história do Castelo e da ciência no Brasil.
Hilda Gomes, coordenadora do Serviço de Educação em Ciências e Saúde (Seducs/MV) e integrante do projeto, aponta alguns dos obstáculos enfrentados: “A Libras é um idioma sem conectivos, só com verbos e substantivos. Não adianta apenas fazer tradução literal, porque muitos termos ainda não têm seus respectivos sinais nessa língua. Também não adianta chamarmos apenas intérpretes porque não resolve o problema. É preciso se comunicar com eles”. Esses e outros desafios são tratados por um grupo de trabalho do MV dedicado, especificamente, a questões de acessibilidade.
Para conhecer o histórico das ações do museu voltadas ao tema, leia “Os museus de ciência e a busca da acessibilidade aos surdos”.
Publicado em 28/11/2014
Sentados numa célula gigante no Parque da Ciência, cerca de 20 adolescentes com deficiência auditiva tentam adivinhar alguns componentes celulares. Bruno Baptista e Lorena Assis, mediadores surdos e estudantes do Instituto Nacional de Educação para Surdos (Ines), provocam com perguntas: “Onde vocês acham que estão sentados?” e “O que vocês acham que isso parece?”, questiona Bruno, apontando para uma organela. Aos poucos, os movimentos da Língua Brasileira de Sinais (Libras) vão adentrando o diminuto universo da biologia celular, instigando os alunos pelo conhecimento.
A cena descrita acima aconteceu em 26 de novembro de 2014 e marcou o último encontro do projeto que compõe a parceria entre o MV e o Instituto de Bioquímica Médica (IBqM/UFRJ), cujo intuito é formar mediadores para trabalhar com público deficiente auditivo. O encontro “Os surdos no Museu da Vida” já vinha sendo planejado há cinco meses.
Iniciada em julho, a iniciativa acontecia semanalmente com quatro jovens bolsistas do projeto e profissionais de diferentes setores do museu. Toda quarta-feira, eles se encontravam para conhecer e elaborar um roteiro de três atividades: a visita à célula do Parque da Ciência, a oficina ‘Faça sua célula’ e o passeio ao Castelo Mourisco. Para a mediadora Rafaela Vale, a alegria não poderia ser maior “por ver os alunos tendo descobertas”, assim como ela teve. "A iniciativa amplia o canal de informação para esse público”, disse. Depois das duas experiências com a célula humana, ela e o mediador Deleon Baptista conduziram os alunos pelos séculos XIX e XX, revelando detalhes da história do Castelo e da ciência no Brasil.
Hilda Gomes, coordenadora do Serviço de Educação em Ciências e Saúde (Seducs/MV) e integrante do projeto, aponta alguns dos obstáculos enfrentados: “A Libras é um idioma sem conectivos, só com verbos e substantivos. Não adianta apenas fazer tradução literal, porque muitos termos ainda não têm seus respectivos sinais nessa língua. Também não adianta chamarmos apenas intérpretes porque não resolve o problema. É preciso se comunicar com eles”. Esses e outros desafios são tratados por um grupo de trabalho do MV dedicado, especificamente, a questões de acessibilidade.
Para conhecer o histórico das ações do museu voltadas ao tema, leia “Os museus de ciência e a busca da acessibilidade aos surdos”.
Publicado em 28/11/2014