Luisa Massarani, do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica, foi a ganhadora na modalidade "Pesquisador e escritor".




A pesquisadora Luisa Massarani, do Núcleo de Estudos da Divulgação Científica do Museu da Vida, foi escolhida pela comissão julgadora do 36º Prêmio José Reis de Divulgação Científica e Tecnológica como a grande vencedora neste ano. A cerimônia de entrega do prêmio aconteceu na 68ª reunião anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na cidade baiana de Porto Seguro, na qual Luisa proferiu a conferência "Divulgação científica – e agora, José?".

Este ano, o objetivo era premiar um "Pesquisador e escritor" na área, levando em conta critérios como a qualidade e a relevância dos trabalhos apresentados, a experiência, trajetória profissional e a contribuição em prol da divulgação da ciência, tecnologia e inovação. Em entrevista ao site do MV, ela comentou os rumos da divulgação científica no Brasil.

"Existe um abismo entre quem realiza atividades práticas em divulgação científica e quem pesquisa no campo em divulgação científica. Na minha trajetória, busquei realizar tanto atividades práticas como acadêmicas neste campo, e o foco do trabalho tem sido dar subsídios para aprimorar a divulgação científica", enfatizou a pesquisadora.

Pesquisadora de produtividade 1C do CNPq e atual coordenadora do mestrado acadêmico em Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde da Casa de Oswaldo Cruz, Luisa tem uma ampla atividade acadêmica, científica e de gestão voltada para a divulgação científica. Ela lidera o Grupo de Pesquisa do CNPq Ciência, Comunicação & Sociedade; coordena o portal SciDev.Net para América Latina e Caribe; é a diretora executiva da Rede de Popularização da Ciência e Tecnologia na América Latina e Caribe (RedPOP) e ainda é membro do comitê científico da rede internacional de Public Communication of Science and Technology (PCST, na sigla em inglês).

Ex-diretora do Museu da Vida de 2009 a 2013, ela se dedica à área da divulgação científica desde 1987, realizando atividades práticas e de pesquisa relacionadas aos aspectos históricos e contemporâneos da área, ciência na mídia e percepção pública da ciência. A entrega do prêmio, diploma e troféu ocorrerá durante a 68ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que acontece entre 3 e 9 de julho, na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), em Porto Seguro (BA)

Confira, abaixo, alguns momentos da marcante trajetória de Luisa.


Guia de Centros e Museus de Ciência da América Latina e do Caribe

Em 2015, Luisa coordenou a organização do Guia de Centros e Museus de Ciência da América Latina e do Caribe. A publicação é uma iniciativa da RedPOP, Museu da Vida e Escritório Regional de Ciência da Unesco e traz uma relação de aproximadamente 470 centros da região. Além de disponível para download gratuito aqui no site, o guia, com versões em português e espanhol, também está acessível no portal da RedPOP. Dez anos antes, em 2005, Luisa se juntou a Ribamar Ferreira, atual presidente da Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciência, e Fátima Brito, da Casa da Ciência da UFRJ, na primeira versão do Centro e Museus de Ciência do Brasil, que mapeou cerca de cem instituições culturais e científicas à época no cenário brasileiro.

Popularização da ciência na América Latina

À frente da direção da RedPOP desde 2014, Luisa esteve envolvida diretamente na produção do livro “RedPOP: 25 años de popularización de la ciencia en América Latina”, lançado em 2015 em homenagem à história de 25 anos da instituição. A publicação foi lançada em parceria com o Museu da Vida e o Escritório Regional de Ciência da Unesco. Além de resgatar fatos históricos da RedPOP e da divulgação científica na América Latina nas últimas décadas, o livro conta com artigos sobre a relação entre museu e escola, a conexão entre popularização da ciência e a cultura popular, jornalismo de ciência e outros temas relevantes.

Acervo do médico José Reis

Desde 2014, Luisa está se dedicando, junto com uma equipe, ao tratamento, estudo e disponibilização da coleção pessoal de José Reis, doada pela família à Casa de Oswaldo Cruz. Reis é um ícone da divulgação científica no país e teve um papel chave na criação e consolidação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Estima-se que a coleção tenha cerca de 9.500 itens, entre acervo documental, museológico e bibliográfico. O acervo arquivístico será digitalizado e disponibilizado pela internet em breve.

Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia

Junto com a pesquisadora Marina Ramalho (Museu da Vida) e outros profissionais de diversos países da América Latina, Luisa conquistou a edição 2014 do prêmio, que teve como tema a popularização da ciência. Com o trabalho “Monitoramento, capacitação e aprimoramento em jornalismo científico em países do Mercosul”, realizado no âmbito da Rede Ibero-Americana de Monitoramento e Capacitação em Jornalismo Científico, a equipe ganhou na categoria “Integração”. Em termos de pesquisa, a rede desenvolveu uma ferramenta para analisar matérias de ciência e tecnologia em telejornais do Brasil e na Colômbia. A partir do diagnóstico observado e da experiência prática da equipe, foram realizadas capacitações em cinco países do Mercosul e em outros da América Central, sempre com foco em jornalistas, cientistas e estudantes interessados em jornalismo científico. Essa colaboração resultou em dois livros: “Jornalismo e ciência: uma perspectiva ibero-americana” e “Monitoramento e capacitação em jornalismo científico: a experiência de uma rede ibero-americana”, ambos disponíveis para download gratuito.

Rede de Comunicação Pública da Ciência e Tecnologia

Luisa é membro do comitê científico do PCST (Public Communication of Science and Technology, em inglês), uma rede que reúne profissionais de divulgação científica a nível mundial. A cada dois anos é realizada a conferência do PCST em um determinado país e, em 2014, Luisa e o Núcleo de Estudos da Divulgação Científica estiveram à frente da organização do evento, que foi realizado em Salvador, na Bahia. As memórias do encontro estão disponíveis para consulta.

Dinossauros no Brasil

O livro explica uma porção de curiosidades sobre 16 espécies que habitaram nosso país, como nome científico, idade, tamanho, preferência de comida e outros detalhes. Em uma verdadeira viagem pré-histórica, Luisa revela, para o público infanto-juvenil, como pesquisadores conseguem ir atrás de fósseis para conseguir entender a era dos dinossauros.

A ciência no Jornal do Commercio

Em 2011, junto com Claudia Jurberg e Leopoldo de Meis, Luisa se dedicou ao livro “Um gesto ameno para acordar o país – a ciência no Jornal do Commercio”, que conta a trajetória pouca conhecida da seção dominical de ciência do Jornal do Commercio, diário carioca criado em 1958. Leopoldo, inclusive, fez parte dessa iniciativa que marcou a história da divulgação científica no Brasil. Leia a publicação aqui.

Uma aventura por cheiros e cores da flora brasileira

Para instigar a descoberta do olfato e do cheiro de plantas brasileiras junto a crianças de 8 a 12 anos, Luisa coordenou a criação de um livro-jogo, “Cheiro de quê?”, em que a história se passa na cidade de Narizópolis. O leitor é convidado a sentir cheiros descritos pelos personagens em potes que trazem essências das plantas citadas na trama, além de ter que se aventurar em atividades propostas por cartas presentes no jogo.

Curso on-line de jornalismo científico

Em 2009, Luisa coordenou a versão brasileira desta publicação, que foi lançada em 2008 pela Federação Mundial dos Jornalistas Científicos (WFSJ, na sigla em inglês) e pela Rede de Ciência e Desenvolvimento (SciDev.Net). Jornalistas de várias partes do mundo colaboraram com dicas e experiências sobre como cobrir temas científicos. A versão on-line está disponível aqui.

Ciência para pequenos curiosos

Sempre preocupada com a divulgação científica para o público infantil, Luisa coordenou a pesquisa “Pequenos curiosos - um espaço de ciência para crianças”, de 2009 a 2011, que acabou resultando em duas exposições do Museu da Vida para o público de seis a oito anos: “ Floresta do Sentidos” e “ Aventura pelo corpo humano”. Além disso, ela foi editora da revista Ciência Hoje das Crianças, de 1994 a 1999, e já colaborou como colunista no suplemento infantil do jornal Folha de S. Paulo, a Folhinha. Os textos publicados nesta coluna serão lançados em livro ainda em 2016.

Divulgação da ciência de forma acessível

Em mais uma coordenação, Luisa participou ativamente da construção do site “Brasiliana”, do Museu da Vida, montado com o intuito de divulgar informações sobre a divulgação científica no Brasil. O site tem um conteúdo precioso para quem estuda o tema, revelando diferentes trabalhos já realizados em jornais, TV, literatura, músicas, festas populares, trabalhos acadêmicos e outros meios.

SciDev.net

No âmbito da América do Sul, Luisa se mantém como editora da América Latina e Caribe para o SciDev.net, um portal de notícias jornalísticas sobre ciência, com base na Inglaterra, que tem ramificação em diferentes continentes. Já escreveu inúmeras notícias para o site, como “Why do people choose to live in disaster areas?” e “Científicos brasileños se oponen a la reducción de fondos”, bem como edita textos de outros jornalistas.

Terra incógnita: caminhos da divulgação científica no Brasil e no mundo

Em 2002, ao lado de Ildeu de Castro Moreira e Fátima Brito, Luisa lançou o primeiro livro da série Terra Incógnita, “Ciência e Público – caminhos da divulgação científica no Brasil”. Além desse, a série conta com dois outros livros que trazem artigos e contribuições de grandes nomes da divulgação científica para estimular a reflexão sobre o significado da área, diferentes práticas e conceitos, sempre lembrando de vincular a ciência à sociedade. Os outros dois, ambos de 2005, são: “Terra incógnita: a interface entre ciência e público” e “O pequeno cientista amador: a divulgação científica e o público infantil”.



Atualizado em 31 de maio de 2016
Imprimir