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Instrumentos em aço para necropsias, estojo feito em madeira.
Fabricante: Collin (França - década de 1930)
Dimensões do estojo: 44 cm x 26,5 cm x 5 cm

Este conjunto de instrumentos, proveniente do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), foram usados na realização de necropsias em cadáveres humanos e de animais. Eles pertenceram ao médico Carlos Bastos Magarinos Torres, chefe da Divisão de Patologia do IOC entre 1942 e 1962.

As peças desse exemplar do Museu da Vida, que está incompleto, eram utilizadas para os procedimentos de amputação, incisão, trepanação – em que se faz uma abertura nos ossos do crânio – e suturas. Na caixa, foram identificados duas serras móveis, um martelo, um costotomo, um raquitomo, uma agulha de sutura, três pinças, uma sonda canelada e três escalpelos. O estojo continha ainda uma pinça longa, escalpelos especiais, facas de cartilagem, faca para cérebro, tesouras e tubo insuflador.

Até o início da década de 1930, as caixas eram feitas em madeira – de mogno, nogueira ou carvalho – ou em lona. Mais tarde, quando o aço inoxidável foi adotado na fabricação dos instrumentos médico-cirúrgicos, caixas e estojos passaram a ser confeccionados com o novo material.

Nas primeiras décadas de atividade do Instituto Oswaldo Cruz, a necropsia era um procedimento médico importante que permitiu o desenvolvimento de pesquisas sobre patologias humanas e veterinárias e a produção de soros e vacinas - principais atividades da instituição no período.

A caixa foi de grande utilidade nos estudos sobre anatomia humana e experimental, além de anatomia veterinária, realizados pelo médico Carlos Bastos Magarinos Torres, e serviu também para pesquisas relacionadas à doença de Chagas e à febre amarela. Nos diários de Carlos Chagas, trechos mostram que a necropsia esteve presente em sua pesquisa sobre a tripanossomíase americana (doença de Chagas).

O procedimento também foi utilizado por outros médicos da instituição. O médico e sanitarista Henrique da Rocha Lima realizou exames post-mortem no diagnóstico da febre amarela, com destaque para o estudo das lesões hepáticas, e José Gomes de Faria fez uso na produção da vacina veterinária contra a peste da manqueira. O patologista Gaspar Vianna usou a técnica em seus estudos sobre a tuberculose e Figueiredo de Vasconcelos fez uso em estudos sobre a peste bubônica. Em 1918, o médico Ezequiel Dias, designado por Carlos Chagas, então diretor do instituto, realizou necropsias e desenvolveu pesquisas durante uma pandemia de gripe.

As necropsias eram feitas em pacientes do Hospital São Sebastião, no Caju e no pavilhão de necropsias, localizado em uma edificação anexa a Santa Casa de Misericórdia, no centro do Rio de Janeiro. Em 1903, foi criado o Museu de Anatomia Patológica para guardar as peças anatômicas, resultado de necropsias realizadas nas casas de saúde municipais.
Entre as décadas de 1920 e 1950, estudos médicos apoiados em dados obtidos em necropsias realizadas no Hospital Oswaldo Cruz, atual Instituto de Pesquisa Clínica Evandro Chagas, ajudaram a definir protocolos e diagnósticos clínicos de doenças endêmicas, como a doença de Chagas, leishmanioses visceral e tegumentar, a febre amarela, a malária e micoses sistêmicas.

Corte da calota craniana com serra de dorso móvel. Foto: B. Fisher. Curso de Autopsias y Diagnóstico Anatomopatológico. Barcelona: Labor, 1929, p. 34.
Cortes histopatológicos e peças anatômicas - produtos dessas autópsias - podem ser vistos nas Coleções do Museu da Patologia do Instituto Oswaldo Cruz.L. Adolphe Collin (1831-1923), fabricante da peça, foi um grande produtor de instrumentos cirúrgicos na Europa, entre o final do século XIX e início do seguinte. Foi discípulo de Joseph-Benoît Charrière Frédéric (1803-1876), um dos mais notáveis fabricantes de instrumentos médicos de Paris. Fornecedor titular da Escola de Medicina de Paris, Collin desenvolveu seu trabalho em conjunto com cirurgiões no desenho e na confecção das peças.

Para saber mais:

CATALOGUE COLLIN & Cie, Paris, 1935. Disponível em: http://web2.bium.univ-paris5.fr/livanc/?cote=extaphpin006&do=livre Acesso em: dez. 2010.
COURA, José Rodrigues. Carlos Bastos Magarinos Torres. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, vol 79, nº 3, Rio de janeiro, 1984. Disponível em: http://dx.doi.org/10.1590/S0074-02761984000300021
DIAS, Ezequiel. O Instituto Oswaldo Cruz. Resumo histórico (1899-1918). Rio de Janeiro: Manguinhos, 1918.
FISCHER, Bernhard. Curso de autópsias. Barcelona: Labor, 1929.

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